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Canal Resistentes

Como vota a esquerda brasileira? Um debate

Um debate entre Rui Costa Pimenta e Nildo Ouriques, muito útil tanto no campo das divergências, quanto nas concordâncias, sobre a atual conjuntura.

Rui e Nildo

O Canal Resistentes promoveu nessa sexta-feira, 5 de agosto, outro debate entre Rui Costa Pimenta e Nildo Ouriques.

No programa foram tratados temas de conjuntura nacional e internacional. Cada um tentou fazer sua caracterização e traçar a conexão entre o cenário internacional da atual crise do imperialismo e estabelecer em que isso influi na política brasileira.

Dentre os temas que geraram alguma divergência, foi o do apoio à candidatura Lula. Para Nildo Ouriques, não se deve apoiar o ex-presidente porque não existe nada de progressista em sua campanha. Porém, conforme rebateu Rui, a questão não é decidir se há algo de progressista nessa candidatura, o crucial é que em torno dela se acumulam mais de 40% de apoio, e todo esse setor está lutando contra os patrões, contra o bolsonarismo e contra a direita de um modo geral. Pode-se concordar que exista, em certa medida, uma ilusão com relação a um possível governo Lula, mas é preciso considerar que o apoio popular acaba empurrando todo o quadro político para a esquerda.

A situação que se coloca, resumidamente, sobre a direitização que toma conta da campanha presidencial petista, seria: denunciar sem participar, ou denunciar participando? Na opinião do PCO, a melhor medida a ser tomada por qualquer partido de esquerda é o de, junto aos trabalhadores, participar criticando, pois estar na luta produz uma situação mais favorável. É importante fazer as críticas sendo, ao mesmo tempo, um elemento ativo que defende a candidatura Lula contra as candidaturas burguesas.

A atual conjuntura política é muito desfavorável para a esquerda e o terreno eleitoral se transforma em um meio de se opor os trabalhadores à burguesia, pois os trabalhadores acreditam que a candidatura Lula é a também a candidatura deles. Não tem problema nenhum votar no Lula, mesmo sendo muito crítico. Não temos de nos preocupar de, caso Lula vença e faça uma gestão ruim, que sejamos identificados com seu governo. Nós, na verdade, não somos responsáveis pelo Lula, mas por nós mesmos.

Segundo Rui, precisamos nos engajar em uma luta para eleger Lula com uma parcela da militância petista, sindical, ou de populares que estejam mais à esquerda. A crítica de quem participa do processo acaba sendo favorecida, pois ela parte de dentro do próprio movimento. Esse é um problema de política.

A objeção que foi levantada contra isso, é que não é o caso de acompanhar os trabalhadores porque não há um movimento de massas. De fato, não existe um movimento de massas organizado, estruturado, mas há uma massa muito grande de trabalhadores que apoiam o Lula. Temos que considerar que a candidatura de Lula é uma expressão da democracia para os trabalhadores. Trata-se de uma luta pela democracia.

Há um exemplo histórico que mostra a que um erro como esse pode conduzir: em 1950, Getúlio Vargas foi eleito presidente da República. Vargas é uma figura muito complexa da política brasileira. De 1937 a 1945, pode-se dizer que havia sido o Adolf Hitler brasileiro, o chefe do governo fascista nacional. Em 1945, tentou fazer uma guinada democrática e sofreu um golpe do imperialismo. Foi eleito novamente em 1950. O Partido Comunista adotou uma política com relação a Getúlio: de que seria ele o principal agente do imperialismo no Brasil, e ficava citando passagens da colaboração de Vargas com o imperialismo, só não perceberam que Vargas estava em uma contradição enorme com o imperialismo. Obviamente, tentava chegar a um termo comum, a um acordo, mas nunca conseguiu. Quando foi derrubado, as massas, que não estavam organizadas, se revoltaram e o PC sofreu um baque enorme porque foi identificado como estando ao lado do imperialismo contra Vargas.

Caso Lula seja derrotado nas eleições, queremos que fique claro que lutamos o tempo todo para que ele vencesse. Caso vença e faça um governo ruim, e não está claro que essa seja uma tendência, estaremos lá levando uma política crítica junto com os trabalhadores, acompanhando o ritmo de desenvolvimento da classe trabalhadora, pois não adianta estar ‘certo’ e simultaneamente se colocar em uma posição de isolamento. Se colocar em uma posição de ‘verdade’, distante do movimento das massas, acaba sendo inócuo.

Embora haja muito desânimo com as tomadas de decisão de Lula, é preciso separar o Lula em campanha eleitoral do Lula presidente. Caso venha a governar, seguramente será colocado uma posição de forte contradição contra a burguesia.

Vale destacar que, apesar de algumas divergências, Rui considerou que as concordâncias eram muito mais importantes. Podemos citar a crítica feita por Nildo Ouriques às organizações de esquerda que foram aos EUA pedir que intervenham nas nossas eleições. Ou, em outras palavras, pedir a bênção justamente para o maior fomentador de golpes pelo mundo todo.

Também foi feita pelos companheiros uma caracterização do fechamento do regime que vem ocorrendo no Brasil, especialmente pela intervenção autoritária do Supremo Tribunal Federal. Foi destacado o processo absurdo e a censura que o Partido da Causa Operária vem sofrendo por parte do ministro Alexandre de Moraes, que monocraticamente, e sem o amparo da Lei, mandou bloquear as redes do Partido.

Conhecer os pontos convergentes é importante porque abre uma ótima oportunidade de se trabalhar conjuntamente. Isso só fará fortalecer as posições da esquerda que, como bem sabemos, carece de coerência para que se forme justamente esse movimento organizado dos trabalhadores, que será crucial para a próxima etapa política.

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