O presidente Pedro Castillo foi preso hoje no Peru, como parte de um golpe de Estado organizado pelo imperialismo. No início do dia, ele havia dissolvido o Congresso peruano, declarado toque de recolher, convocado uma nova Constituinte e chamando novas eleições presidenciais, em virtude do acirramento das tensões internas e da possibilidade de um novo impeachment.
Ocorreu que, como resposta, o Congresso não aceitou a dissolução e depôs o presidente Castillo, que foi preso horas depois. O líder peruano, apesar das confusões políticas, foi vítima de um golpe de Estado promovido pelo imperialismo, que busca controlar o país.
É importante ressaltar que a dissolução do Congresso é uma medida prevista na Constituição do Peru, que pode ser evocada pelo presidente da República – como foi em 2019 pelo então presidente Martín Vizcarra. A prisão de Castillo por usar um mecanismo constitucional é um atropelo dos direitos democráticos do povo e mais um ataque contra um governo de esquerda na América Latina; nesta mesma semana, a vice-presidenta da Argentina foi alvo de uma condenação completamente irregular.
No entanto, a sua prisão é um golpe contra o povo peruano, que elegeu o presidente e que estava sendo vítima de um movimento da burguesia dentro do parlamento para derrubá-lo através de um golpe. O Peru enfrenta uma grave instabilidade política há anos, tendo tido mais de 5 presidentes nos últimos 4 anos.
É comum que os presidentes peruanos sejam derrubados pela medida extremamente antidemocrática de “incapacidade moral para governar”. Na prática, cassa-se o presidente por não estar de acordo com a política geral do imperialismo.
O Peru vive uma crise política permanente, de maneira que a burguesia tem aplicado de maneira constante esses tipos de golpe contra os governos de esquerda que ascenderam ao poder no país. Nas últimas eleições, Castillo derrotou a filha do ex-ditador Alberto Fujimori por uma margem muito pequena, indicando o nível de divisão política pelo qual passam os andinos.
Com uma situação tensa, o governo estava tendo de resistir à forte pressão do imperialismo. A derrubada de Castillo foi um novo golpe de Estado no país que passou por diversos golpes nos últimos 6 anos – em parte, a Lava Jato brasileira, que foi uma operação administrada pela CIA e pelo Departamento de Estado dos EUA, também foi utilizada para justificar a deposição de presidentes do Peru, com seus desdobramentos internacionais.
Diante do avanço do imperialismo na região, é dever da esquerda se opor ao golpe contra Castillo. Ao evocar o mecanismo constitucional de dissolução do Congresso – que já tinha sido evocado em 2019 –, o presidente não estava organizando nenhum golpe, mas estava tentando enfrentar o julgamento criminoso de “incapacidade moral” pelo qual seria vítima pela terceira vez no parlamento. É preciso se opor a prisão de Castillo, bem como à sua ilegal deposição.