O jornalista Breno Altman, fundador do site Ópera Mundi, chamou a atenção da esquerda quanto ao fato de ela estar “dormindo” com o inimigo nessa transição de governo. Os inimigos a quem Altman se refere foram os autores do Golpe de 2016 que nos levou ao fundo do poço com tamanha crise social, política e econômica. Segundo ele, “o cenário político tenso da transição para o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva não autoriza concluir que os setores liberais, agora aliados ao PT, abandonarão o golpismo que tem sido sua marca ao longo da história brasileira”.
“É aconselhável lidar com os liberais com um olho no gato e outro no peixe. Acolhidos na frente ampla, a esquerda deve ter juízo e saber que está dormindo com o inimigo”, afirmou Altman em seu programa 20 Minutos análise, no dia 23 de novembro.
A análise de Altman corrobora com a visão que o Partido da Causa Operária(PCO) vem alertando há muito tempo desde a tentativa de incluir o PSDB nas manifestações contra o governo Bolsonaro. Os partidos golpistas como MDB, PSDB, DEM (hoje União Brasil), dentre outros, foram os pais do Bolsonaro, ao contrário do que eles pregam por aí ao dizer que o PT fora o responsável pelo Bolsonarismo. Mas não. O PT, a despeito dos seus erros quando esteve no governo, foi vítima daquela articulação golpista da burguesia. Foi o alvo porque conseguiu, apesar de suas modestas reformas sociais e econômicas, ser ainda o melhor governo para o povo brasileiro, que só viveu algo parecido no período democrático do varguismo. A burguesia ainda quis passar a falsa ideia de que a Frente Ampla proposta por ela seria necessária assim como fora no movimento das Diretas Já. A verdade, porém, é que esse tipo de aliança com a direita levou o principal objetivo das Diretas, que era a aprovação da emenda parlamentar para que o povo brasileiro pudesse votar para presidente, ao fracasso.
Luiz Inácio Lula da Silva, eleito pela terceira vez com a força do povo brasileiro contra a burguesia, irá enfrentar diversas sabotagens internas e externas da direita para evitar a imobilização da proposta de governo em prol dos trabalhadores. Para Altman, “o mercado, a imprensa e o Parlamento farão da vida de Lula um inferno se ele não ceder às pressões liberais. Não é preciso estar muito atento para identificar nesse comportamento o tradicional vírus do golpismo, tão próprio ao liberalismo brasileiro, avesso à soberania popular quando ela lhe vira as costas”.
É preciso que o governo Lula, que está sinalizando para ser mais à esquerda e anti-imperialista do que os anteriores, não tem que ceder a essa pressão neoliberal, do contrário o fracasso do seu terceiro mandato pode ser retumbante e aí o bolsonarismo poderá voltar. Lula fora eleito para enfrentar esses setores reacionários que abocanham metade do orçamento público, um assalto à nação! Esses novos aliados de plantão, se limpando dos estragos bolsonaristas apoiados por eles mesmos em mais de 80% de seus projetos no Congresso, podem reeditar a qualquer momento novos ataques golpistas contra Lula e seu governo. Ao povo, restam as ruas e a mobilização popular para que influencie esse terceiro mandato de Lula a fim de que ele se volte para as classes trabalhadoras, derrotando os parasitas e oportunistas da chamada terceira via neoliberal, a cartilha capitalista inimiga do povo.