Começou a Copa do Catar. A seleção anfitriã inaugurou a mais popular e importante competição esportiva do planeta contra os equatorianos. Não se deram bem: 2 a 0 para os sulamericanos.
Observando a cobertura dos monopólios da imprensa capitalista, nota-se que o ataque contra o Catar é a bola da vez. No SporTV, canal esportivo do Grupo Globo na TV a cabo, um comentarista afirmou que o jogo entre Catar e Equador nem parecia jogo de Copa de Mundo, mas jogo de Mundial Sub-20 ou Copa das Confederações, tamanha a frieza do ambiente que, segundo ele, imperava no estádio.
O sempre presente Juca Kfouri, no jornal golpista Folha de São Paulo, também teceu “elogios” aos cataris. Mestre do pensamento dialético, o jornalista da Folha considerou a festa de abertura “Original porque fria”. E como não poderia deixar de ser, lançou tinta sobre os organizadores do evento, afirmando que “Certamente esta é a Copa mais perdulária da história”. E fala do “lustre no teto” no centro de imprensa de Doha. E menciona “os não menos luxuosos estádios”, fadados a “se transformar em elefantes dourados, a menos que os trilionários xeques resolvam montar pelo menos cinco bons times para ocupá-lo.” Qualquer semelhança com as críticas dessa mesma imprensa quando da Copa no Brasil não é mera coincidência. Kfouri vocifera tanto contra os xeques cataris que chega a sugerir que a dinheirama gasta na Copa não conseguiu evitar a ausência de grandes jogadores, como o francês Karim Benzema e o senegalês Sadio Mané, coisa que diminuiria o brilho do evento. Como são fracos esses cataris!
Presenciamos às vésperas do início da Copa uma campanha suja da imprensa dominante nacional e internacional contra o Catar. Uma campanha que se esconde detrás de bandeiras “nobres” – a luta contra a opressão da mulher, da população LGBT, a luta contra a exploração dos pobres, contra os gastos perdulários dos ricos e poderosos – mas que na verdade não sobrevive à primeira análise um pouco mais crítica e detida. Tenhamos claro: por trás de argumentos esquerdistas, temos a boa e velha propaganda imperialista contra os países atrasados. Mais uma vez aqui estamos diante daquelas lições fundamentais que os grandes marxistas da história sempre enfatizaram: não se trata da luta entre democracia e ditadura, mas da luta entre classes sociais, no caso em questão, entre as classes dominantes dos imperialistas e as maiorias nacionais oprimidas dos países atrasados.
Porta-voz dos interesses imperialistas, a imprensa nacional é um dos melhores índices para acompanhar esse movimento. Se o Catar, por ser a sede da Copa, é um dos alvos preferenciais da artilharia imperialista, o que dizer de um outro país oprimido, dono de cinco Copas do Mundo, celeiro dos maiores jogadores da história, reinventor, na forma de arte, do próprio futebol, detentor do melhor elenco da atual competição e favorito a ganhá-la?
Sim, Brasil e Catar, nesse sentido, jogam no mesmo time e enfrentam o mesmo adversário. A Copa começou, e o Brasil estreia na quinta-feira contra a Sérvia. Vem mais luta de classes por aí.