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Já ganhou?

As eleições na Colômbia devem servir de lição para a esquerda

A esquerda está entrando em um clima de já ganhou no Brasil, mas deveria prestar atenção no que está acontecendo na Colômbia e tirar lições.

Eleições

Na Colômbia aconteceu um fenômeno que pode parecer inesperado: um candidato ‘azarão’ passou para o segundo turno e pode vencer aquele que muitos propagandeavam como possível vencedor ainda no primeiro turno.

Gustavo Petro, o candidato mais à esquerda, liderava com uma certa folga as pesquisas de intenção de voto, o que alimentou, pelo menos na imprensa independente brasileira, um clima de ‘já ganhou’, o mesmo comportamento que muito repetem com a candidatura Lula.

A direita lançou diversos candidatos, mas dois apareceram com chances: Federico Gutiérrez, conhecido como Fico e Rodolfo Hernándes. Fico tinha a candidatura oficial e sua imagem estava fortemente ligada ao governo de Iván Duque, com uma alta taxa de rejeição. Hernández é um empresário, multimilionário, que fez uma campanha totalmente despolitizada, embora a de Fico também o fosse. Enquanto o candidato do governo afirmava que não tinha partidos, que seus únicos chefes seriam as pessoas, Rodolfo Hernández se concentrou em criar memes e vídeos nas redes sociais e apareceu na campanha como um outsider.

A estratégia da direita foi bem-sucedida porque Federico Gutierrez concentrou em sua candidatura toda a rejeição popular contra o governo. Enquanto isso, as críticas a Hernández se restringiram basicamente a discutir banalidades, o que serviu para sua estratégia de lançar-se como alguém de fora da política, embora já tenha sido prefeito da cidade de Buramanga, Nordeste do país.

Uma outra estratégia da direita foi a de lançar vários candidatos, que atraíram uma parcela do eleitorado que rejeitavam um candidato do governo e ao mesmo tempo não queria votar na esquerda, o que impediu que esses votos migrassem para Gustavo Petro. Essa drenagem garantiu que Petro não vencesse no primeiro turno. Correndo por fora apareceu Rodolfo Hernández que, ao passar para o segundo turno, recebeu imediato apoio do candidato derrotado do governo, Federico Gutierrez. A soma dos votos supera Petro e pode derrotá-lo, ainda que as coisas não estejam totalmente definidas, pois neste momento há uma pesquisa que indica “empate técnico” (46,1% contra 43,3%) com margem de erro de 2,5%

O Brasil e a terceira via

Temos visto aqui no País uma tendência muito forte na imprensa dizendo que Lula pode vencer ainda no primeiro turno. Esse tipo de campanha pode, por um lado, acomodar a esquerda, que entra no clima do ‘já ganhou’; e, por outro, forçar os votos da extrema-direita e o apoio da burguesia passarem para o (a) candidato (a) da terceira via.

A dita terceira via é, de fato, a via preferencial, a candidatura que a burguesia quer ver eleita. No caso de não ser viável, a burguesia jogará todo o peso no ‘segundo’ elemento. Em 2018, Geraldo Alckmin era o candidato da situação, no entanto, seu desempenho nas urnas foi pífio, o que fez com que a burguesia se concentrasse em Bolsonaro. Não sem antes o STF golpista colocar na cadeia e cassar os direitos políticos, tudo ilegalmente, do ex-presidente Lula.

Assim como na Colômbia, temos candidatos para tirar votos de Lula à direita, como o já esperado Ciro Gomes, que canaliza aqueles que não votariam em Bolsonaro mas não têm tanta firmeza em votar no petista. E surgem também as candidaturas de esquerda, como PCB e UP, que tirarão votos daqueles que são críticos das alianças feitas na chapa lulista.

Terceira via já morreu?

Na imprensa independente há aqueles que dizem cabalmente que a terceira via, representada por Simone Tebet, é inviável, que não vai a lugar nenhum com seus 3% de intenção de voto. Ocorre que, fazendo uma comparação, Hernández tinha apenas 4% em janeiro, o que não o impediu de passar para o segundo turno.

Simone Tebet tem 3%, mas outro dia era apenas 1%. Ou seja, embora os percentuais sejam baixos, a candidata que acaba de receber apoio do PSDB e de um grande número de setores da grande imprensa e do capital financeiro, triplicou seu percentual.

Embora a candidata não apareça muito, essa pode ser exatamente a estratégia da burguesia, deixá-la de lado, de fora da polarização, como fizeram com Rodolfo Hernández. Desse modo, sua figura fica preservada enquanto as campanhas na imprensa tratam de desgastar Lula e Bolsonaro.

Há bastante tempo para as eleições, e muita margem de manobra. A terceira via, ao contrário do que dizem, está bastante ativa e vai tratar de tentar consolidar uma candidatura que, até o momento, parece ser mesmo Tebet. Uma de suas vantagens é o fato de ser mulher, o que é um ótimo atributo nesses tempos em que o identitarismo tem sido usado promover esse tipo de perfil.

O resumo da ópera

Lula e o PT precisam abrir os olhos e tentar aprender com o que está ocorrendo no país vizinho. Apesar de haver muita vantagem, existem inúmeros métodos e artifícios que a burguesia pode lançar mão para reverter o quadro. Quem garante que a grande imprensa não comece uma grande campanha contra Lula? Isso nem seria uma novidade, os ataques são diários, basta ler os editoriais do PIG.

O que mantém Lula na ponta é a polarização, um discurso morno tirará o ímpeto das massas que estão querendo soluções contra os ataques brutais que vêm sofrendo desde o golpe. Na Colômbia, Gustavo Petro centrou sua campanha na ‘combate à corrupção’, como fizeram Fico e Rodolfo Hernández. A defesa do meio ambiente parece não ter empolgado muito o eleitorado.

Se o PT optar por um discurso paz e amor, isso só vai favorecer seus adversários. Com o aumento da inflação, desemprego, preços abusivos dos combustíveis e das contas de energia, a população está mais radicalizada. Cabe à candidatura Lula canalizar esse descontentamento e fazer deslanchar a campanha. A vitória não está garantida, aliás, está muito ameaçada, por isso é preciso ir com tudo para cima e derrotar os golpistas.

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