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Ric Jones

Médico homeopata e obstetra. Escritor, palestrante da temática da Humanização do Nascimento no Brasil e no exterior.

O Adeus de Pablo Milanés

Adiós, Pablo

Morre o compositor cubano criador do movimento da "Nova Trova"

Mais do que um cantor cubano de músicas românticas e com sonoridades magníficas, Pablo Milanés era um artista de raro talento e múltiplas facetas. Pablo nasceu em 24 de fevereiro de 1943 em Bayamo, capital da província de Granma, uma das maiores cidades da região de Oriente da ilha. Pablo era filho de um soldado chamado Ángel Milanés e sua mãe era uma costureira na cidade, e se chamava Conchita Arias.

Diz-se que sua mãe exigiu que a família se mudasse para Havana para que Pablo tivesse mais oportunidade de estudo, e a partir daí passou a frequentar o conservatório de música. A década de 1950 do século passado foi considerada por muitos como a fase de ouro da música cubana, com grandes músicos despontando inclusive na cena artística dos Estados Unidos. Nesta sua ida para Havana ele aprendeu piano com os grandes artistas da época, explorando harmonias e tonalidades que marcaram seu estilo musical.

Com a chegada dos grupos rebeldes, liderados por Fidel Castro, e com a subsequente queda do ditador Fulgêncio Batista em 1959, um movimento cultural e nacionalista floresceu, calcado nas ideias do nascente socialismo que se enraizava no povo cubano. Surge aí o movimento “Nova Trova“, junto com baluartes da música cubana como Silvio Rodriguez e Noel Nicola. Pablo foi casado cinco vezes e foi em homenagem para sua segunda esposa, Yolanda Benet, a música mais famosa que compôs e que rodou o mundo em inúmeras versões. Também dedicou “Cuando tú no estás” à sua última esposa, a espanhola Nancy Pérez, com quem vivia na Espanha desde 2004.

A reputação de Pablo Milanés cresceu como um dos pioneiros desta novo movimento artístico, uma corrente profundamente associada à crescente onda de libertação na América Latina. Uma das marcas deste movimento era sua temática anti-imperialista, que criticava a política dos Estados Unidos em relação à América Latina.

Teve um desacerto com seu amigo Silvio Rodriguez (foto) em especial por declarações que Silvio considerou “grosseiras e implacáveis”, e “sem o menor compromisso com o afeto”, isso no ano de 2011, quando Pablo já estava vivendo fora de Cuba.

Hoje, 22 de novembro de 2022 – o dia do músico – morreu Pablo Milanés devido a problemas hematológicos que tinha há muitos anos. Desde 2017 mudou-se para Madri na Espanha para poder tratar melhor de sua doença. Hoje, aqui no Brasil, muitos dos que acompanhavam sua carreira estão cantarolando mentalmente a belíssima canção “Yolanda” para homenageá-lo. Eu, entretanto, só consigo pensar em “Canción por la Unidad Latinoamericana“, que aparece na voz de Milton e Chico Buarque no espetacular disco de Milton Nascimento “Clube da Esquina 2”. Esta é a música que nos mostra um Pablo Milanés entusiasmado com a paixão anti-imperialista que buscava a unificação de todos os países da América Central, Sul e Caribe.

Na juventude eu costumava declamar os versos dessa música só para me exibir, pois ela nos conclama para algo que as esquerdas sempre levaram como bandeira: a unidade dos povos da América para se contrapor ao imperialismo brutal, cruel, desumano e destrutivo aplicado a todos nós pelas nações do norte. É uma música que canta a esperança de um porvir de solidariedade entre os povos, exaltando a mensagem da proximidade cultural que nos conecta – na religião, na cor, na música, nos costumes, no passado de lutas e exploração – e deixando claro que nossas diferenças são artificiais, construídas pelos colonizadores que exploram nossos povos.

Naquela época nós cantávamos a versão de Chico Buarque, que não tinha na letra os heróis da libertação que constam na versão original de Pablo Milanés, provavelmente porque a ditadura militar jamais permitiria a inclusão de personagens tão odiados pelas classes burguesas, cuja memória e sua evocação trazem medo a todos os opressores. Deixo aqui, então, a letra que ele escreveu com a homenagem merecida a Bolívar, Martí y Fidel, grandes heróis da luta pela unidade das Américas, na busca pela liberdade, pela autonomia e em direção ao socialismo.

“…Lo pagará la unidad
De los pueblos en cuestión
Y al que niegue esa razón
La Historia condenará
La historia lleva su carro
y a muchos los montará
Por encima pasará
De aquel que quiera negarlo
Bolívar lanzó una estrella
que junto a Martí brilló
Fidel la dignificó
Para andar por estas tierras
Bolívar lanzó una estrella
que junto a Martí brilló
Fidel la dignificó
Para andar por estas tierras.”

Gracias Pablito, por tus sueños, tu alegria, tu passion e tu verdad!!!

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*As opiniões dos colunistas não expressam, necessariamente, as deste Diário.

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