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Jogando com os números

A imprensa independente caiu no conto das pesquisas

A imprensa de esquerda se tornou refém dos institutos de pesquisa e, com isso, convenceu boa parte do eleitorado que os dados apresentados são confiáveis.

falsidade

Foram divulgados, ontem, 20 de outubro, resultados de outro instituto e os dados sobre as intenções de voto de Lula para Bolsonarno são praticamente idênticos aos demais. Quando o passado, recente, inclusive, nos diz que devemos duvidar das pesquisas eleitorais, ouvimos os seguintes tipos de comentários na imprensa de esquerda:

Uma pesquisa muito importante. Hoje, todas as pesquisas têm o seu valor, a gente vê que o resultado é o mesmo, ou seja, está tudo convergindo para um quadro que numericamente o Lula está em vantagem. Mas, politicamente, é possível falar que está cada vez mais próximo de um empate técnico (…)”.

Um empate técnico que, na verdade, tem cara de avanço de Bolsonaro contra uma estagnação dos índices de Lula. A coisa está sendo feita de tal maneira, que ninguém ficará surpreso se o petista for derrotado.

Qual é o truque? Os números são parecidos, exatamente isso.

A ‘coincidência’ não se deve ao fato de os métodos dos institutos serem supostamente científicos, como uma experiência de laboratório, em que pessoas diferentes chegarão ao mesmo resultado se determinados passos forem seguidos.

Não queremos dizer que as pesquisas de opinião não possam ser uma espécie de ciência, com algum tipo de rigor. O problema é que não existe ciência neutra, e os resultados representam, no caso dessas disputas eleitorais, o posicionamento de uma classe social, a burguesia, que tem seus próprios interesses e pelos quais luta.

Quem nunca ouviu dizer que donos de padaria de um bairro combinavam os preços? Eles tentavam ganhar a clientela do outro modo que não fosse uma guerra comercial, ou ambos perderiam. Essa prática, claro, não se restringe aos pequenos negócios. A cartelização é antiquíssima.

Na época do Mensalão, da Lava Jato, quando tentávamos alertar algumas pessoas de que se tratava de mentiras, de perseguição política, inúmeras vezes escutávamos “mas a Globo; a Bandeirantes; a Record; os jornais, estão todos mentindo? Todos os tribunais estão combinados? Não pode ser…”. Sim estavam. A coincidência serviu exatamente para ludibriar a manipulação.

Classe média é refém da burguesia

O fato é que os institutos de pesquisa capturaram a imprensa alternativa. O tempo todo se debate como se os números apresentados fossem mesmo idôneos. Ocorre que houve uma grande discrepância contra Bolsonaro no primeiro turno. Ou seja, o resultado das eleições colocou em xeque os números que vinham sendo apresentados. Pelo menos uma luz amarela deveria ter sido acesa.

Ninguém nunca parou para pensar que, por exemplo, um DataFolha é do mesmo grupo que persegue Lula e os petistas? Uma empresa que apoiou/participou do golpe de 2016? Será que já se esqueceram das manipulações contra Luiza Erundina, contra Fernando Haddad? Para ficarmos em apenas dois exemplos.

O único candidato que contestou o que vinha sendo divulgado é Jair Bolsonaro, de quem não se espera nada. No entanto, a esquerda, que se opõe automaticamente a tudo o que ele diga, interpretou sua contestação como manobra política. A conclusão ‘óbvia’ para a esquerda, dava conta de que Bolsonaro só reclamava porque sabia que estava muito atrás e preparava um golpe.

Durante meses se discutiu que, já que aparecia muito à frente nas pesquisas, Lula deveria ficar em casa, evitar um suposto atentado; não participar de manifestações porque o TSE poderia interpretar como campanha antecipada e cassar a candidatura etc.

Durante meses se discutiu que Bolsonaro atacava as urnas, contestava as pesquisas porque era um terraplanista, negacionista, ente demoníaco, e coisa muito pior. A diferença, é que Bolsonaro fez campanha antecipada, foi atrás de voto, comprou votos com ajuda da oposição de esquerda.

Um dado curioso, para dizermos o mínimo, é que, mesmo depois de despejar bilhões em auxílio e sabe-se lá quanto mais em ‘orçamento secreto’, os resultados das pesquisas não se mexeram nem um milésimo a seu favor. Ou melhor se moveram, mas os institutos omitiram essa verdade, o resultado das urnas prova que foi assim.

Apenas agora, aos 45 minutos do segundo tempo, um ou outro comentarista, que debochava de Bolsonaro por ter “falhado em sua tentativa de comprar votos’, vem a público dizer que Lula está lutando, não contra um candidato, e, sim, contra uma máquina.

Como um derrame de dinheiro não faria diferença em uma eleição? Isso seria inédito na história. O pior, para os iludidos defensores do STF, é que esse tribunal não cumpriu sua atribuição, a de barrar a PEC da Bondade por se tratar de uma inconstitucionalidade. “Tudo bem, pra que reclamar, não faz diferença, Lula está muito à frente”. Enquanto, no mundo real, o Supremo joga a favor do candidato governista, a esquerda fica implorando que essa instituição puna o Bolsonaro.

Ânimo!

Apesar de que o moral da esquerda passou da euforia para o desânimo, não podemos aceitar essa situação. Faltam nove dias, tempo suficiente para reverter esse jogo.

Como vínhamos dizendo, desde o começo, essas eleições seriam uma verdadeira guerra, e é o que a realidade comprova. A burguesia declarou guerra à classe trabalhadora, e temos que responder a altura. Muita gente não foi votar e temos que ir atrás desses votos, bater de porta em porta para conversar com a cada pessoa e mostrar a importância de derrotarmos a direita, que planeja piorar ainda mais as nossas condições de vida.

Nada está ganho. Mas, ao mesmo tempo, nada está perdido. Não podemos baixar a cabeça, temos que ir para cima. Que fique a lição para que não se repitam esses tipos de erros. Acreditar na burguesia, nas suas empresas de jornalismo, nos seus institutos de pesquisa é cair em uma armadilha.

A classe trabalhadora só pode confiar em si mesma para a luta. E é na luta que vai derrotar seus inimigos. É importante ir para as ruas e não sair de lá até as eleições. É o único jeito e é possível virar o jogo.

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