Reino Unido

100 mil trabalhadores da Saúde vão à greve

Diante da maior alta inflacionária das ultimas quatro décadas enfermeiras se soma aos ferroviários e trabalhadores dos correios no que deve ser a maior onda de greve em 50 anos

Cerca de 100 mil funcionários do Royal College of Nursing  (Colégio Real de Enfermagem), do Reino Unido, anunciaram que realizarão dois dias de greve geral, que serão iniciados na próxima quinta-feira (15) com marchas na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, para protestar contra salários e condições de trabalho ruins. Caso as reivindicações não sejam atendidas, eles já indicaram também que poderão realizar novos protestos no dia 20 de dezembro.

Sem paralelos

Trata-se de um acontecimento histórico e que expressa claramente a profundidade da crise no Reino Unido. Será a primeira vez em seus 106 anos de história que o  maior sindicato de enfermagem do Reino Unido entra em greve na Inglaterra. É uma resposta da categoria de maioria feminina contra a disparada do custo de vida, com a maior inflação dos últimos 40 anos, depois que as enfermeiras e todos os trabalhadores do setor de Saúde tiveram que enfrentar os anos da pandemia que, no Reino Unido, alcançou os mais altos níveis de mortalidade da Europa e entre maiores do mundo, com mais de 24 milhões de infectados e cerca de 213 mil mortos.

A paralisação ocorre no momento em que greves já mobilizam ferroviários, carteiros e motoristas de ambulância e, ao mesmo tempo, em que os aeroportos, médicos juniores, parteiras e professores se preparam para deliberar sobre paralisações nos próximos dias.

No caso do RCN, como em vários outros, a greve ultrapassa os limites impostos pelas direções sindicais que, diante do tamanho da greve, não conseguem mais conter a tendência à mobilização, que ameaça passar por cima da burocracia sindical.

A inflação britânica, alcançou em outubro a marca de 11,1%, a maior alta em 41 anos. A expropriação dos salários provocada pela onda inflacionária está levando o Reino Unido à  maior onda de agitação industrial desde o “inverno de descontentamento”, que atingiu o país no final dos anos 1970, quando centenas de milhares de trabalhadores, de caminhoneiros a coveiros, entraram em greve.

O governo conservador do primeiro-ministro Rishi Sunak ameaçou com novas leis “duras” contra o direito de greve, o que deve levar a uma radicalização do enfrentamento com a burguesia britânica e com o governo, que enfrenta seguidas crise, diante da incapacidade de deter o avanço da crise econômica, que se vê impulsionada pela política do governo britânico diante da guerra promovida pela OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte), por meio da Ucrânia contra a Rússia. O Reino Unido acompanha os Estados Unidos e a União Europeia nas sanções contra a Rússia e sofre duramente com suas consequências.

O que querem as enfermeiras

Sindicato dos enfermeiros do Reino Unido convoca greve em dezembro pela  primeira vez em 106 anos - Notícias - R7 InternacionalDesde o início do ano o sindicato dos enfermeiros discute com o governo uma proposta de reajuste, tendo rejeitado a proposta de um reajuste médio de 4,3%, bem abaixo da taxa de inflação, que elevaria o piso salarial da categoria para 1.400 libras (mais de R$9.000).

O sindicato reivindica um reajuste salarial de 19%, o que representa um aumento de 5% sobre a inflação acumulada de 14%, medida pelo índice de preços no varejo de outubro. Exige ainda que o governo preencha um número recorde de vagas de funcionários que, segundo ele, está comprometendo a segurança dos pacientes. Só na Inglaterra, estima-se que haja 47 mil vagas não preenchidas.

Entre 2010 e 2017, o salário médio dos quase 320 mil trabalhadores do setor de enfermagem caiu 1,2% a cada ano. mesmo com os reajustes concedidos desde então, estima-se que o salário anual de uma enfermeira típica – cerca de 40.000 libras (mais de R$260 mil)  para enfermeiras com maior tempo de serviço e que trabalham em período integral – caiu quase 6% após a inflação em comparação com uma década atrás.

As greves que se multiplicam neste final de ano na Europa e nos Estados Unidos, são o prenúncio de uma situação que tende a se agravar em todo mundo, diante da crise histórica do capitalismo, das tendências do seu agravamento no próximo período e da crescente revolta da classe trabalhadora contra os capitalistas e seus governos que querem fazer com que os explorados paguem com seus salários, empregos e até com suas vidas pela crise que eles não conseguem conter.

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