Os principais sindicatos italianos começaram, nesta segunda-feira (22), a organizar entre os funcionários da multinacional norte-americana Amazon uma greve de 24 horas em todo o país em busca de melhores condições de emprego.
A paralisação incorpora os empregados dos galpões de logística e os trabalhadores das empresas de transportes terceirizadas. Se trata da primeira greve na Itália que engloba toda a cadeia logística da Amazon e conta, no momento e segundo as organizações sindicais, com cerca de 70% a 75% de adesão. São, aproximadamente, 40,000 (quarenta mil) trabalhadores envolvidos.
São reivindicações dos trabalhadores a abertura de negociações sobre os horários e ritmo de trabalho, estabilização dos que são temporários e o respeito com das normas de segurança e saúde na cadeia trabalhista. Segundo o secretário-geral da União Italiana do Trabalho (UIL), Pierpaolo Bombardieri, “A Amazon e todas as multinacionais devem respeitar os sindicatos e assumir sua responsabilidade social”. A empresa, por outro lado, afirma que “respeita o direito de cada individuo de exprimir a própria opinião”. Sem se manifestar sobre os pedidos dos sindicatos para a abertura das negociações, a empresa alegou o seguinte: “Continuaremos assegurando que nossos funcionários sejam adequadamente protegidos”.
Desde 2010 instalada no país, a Amazon é a maior empresa de comércio eletrônico na Itália, faturando aproximadamente 4,5 bilhões de euros em 2019. Conta com seis centros de distribuição no país – dois deles inaugurados em 2020. A paralisação ocorre em meio ao um novo decreto de lockdown no país, qual seguirá pelo menos até dia 06 de abril. A Itália é, como sabemos, um dos principais pilares do imperialismo mundial e a greve tem potencial para, finalmente, organizar os trabalhadores do país.
Entretanto, é necessário frisar que essa organização está acontecendo de forma orgânica, de forma que a crise sanitária e econômica empurrou os trabalhadores em direção à auto-organização. Semelhante fenômeno ocorre também no Vale do Silício, reduto das maiores empresas de tecnologia do mundo. Objetivando mudar as políticas da empresa sobre remuneração, assédio e conflitos éticos os funcionários da Google, em janeiro deste ano, se auto compuseram e fundaram o primeiro sindicato na região.
A greve e os sindicatos são, de fato, fundamentais ferramentas de luta por parte da classe trabalhadora. São através delas que empregados buscam, conquistam e garantem seus mais importantes direitos. A crescente onda de organização sindical e trabalhista no mundo traz uma nova perspectiva acerca da balança de poder e da luta de classes, esta última que nunca esteve tão evidente como nos dias de hoje.