Na quarta-feira (27/01, foi celebrado o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, para lembrar uma das maiores atrocidades cometidas no mundo que foi o extermínio de milhões de judeus pelos nazistas em diversos países europeus.
Na data, a golpista Folha de S.Paulo aproveitou o momento para defender a censura com o argumento de que não se pode tolerar o “intolerável” e que esse fato levaria ao situações como o holocausto. No artigo publicado na editoria de Tendências e Debates com o título “Tolerar o intolerável produz horrores como o Holocausto” a imprensa golpista defende essa tese para esconder os verdadeiros apoiadores de situações como o Holocausto é a burguesia e os monopólios.
Em vários parágrafos, o autor procura justificar a censura e liberdade de expressão com a para evitar os excessos, os abusos, o discurso de “ódio” e a discriminação. No parágrafo “A morte em escala industrial, no coração da Europa “desenvolvida”, perpetrada contra uma minoria desprotegida e abandonada, vítima de discurso de ódio milenar, não pode ter sido em vão. É preciso lembrar porque é preciso agir”.
Um fato não mencionado pelo artigo é que justamente a censura e o fim da liberdade de expressão que levou os nazistas a atacarem os judeus. Os nazistas realizaram uma enorme perseguição as organizações democráticas e populares com base na violência, através de espancamentos, assassinatos e, em particular, destruições dos órgãos de imprensa dos trabalhadores e progressistas.
Isso para evitar que a política nazista e seus crimes não fossem denunciados e contrapostos pelos trabalhadores, tanto que os nazistas não diziam sobre os assassinatos nos campos de concentração. E há de se lembrar que nesses campos estavam comunistas e setores minoritários que se opunham a política nazista.
Outro parágrafo importante é “O crescimento da intolerância nas democracias contemporâneas é incompatível com o conceito de democracia. Passou da hora de rever o funcionamento das redes sociais. O conceito de liberdade não pode englobar a liberdade de atacar vil e covardemente o outro”. Esse se encaixa perfeitamente na política de censura nas redes sociais realizadas pelos governos imperialistas e os monopólios que controlam as redes sociais, como o Twitter.
É a mesma posição tomada em relação a censura e banimento do ex-presidente dos EUA Donald Trump porque supostamente tinha um discurso de ódio e incitou a invasão da Casa Branca por seus apoiadores.
Mas a pergunta que devemos fazer mas o que é intolerável ou quem vai decidir sobre o que é intolerável. Esse questionamento é importantíssimo porque os nazistas não toleravam judeus, mas existem diversos outros casos de intolerância. O capitalista não tolera a desobediência de seus empregados, como uma greve, por exemplo. Os negros que foram as ruas protestam contra os assassinatos realizados pela polícia e a extrema direita são intoleráveis para a burguesia imperialista. Os comunistas não toleram a propriedade privada. O latifundiário e grileiro de terras não tolera os trabalhadores sem terra e por aí vai.
A questão não é qual discurso é intolerável, mas sim quem vai decidir o que é intolerável. No capitalismo quem decide o que é intolerável é a burguesia e os monopólios. Na Alemanha nazista é público e notório que a burguesia apoiou a escravização e massacre dos judeus nos campos de concentração.
No campo brasileiro, a burguesia nacional apoia o massacre dos trabalhadores sem terra que lutam por um pedaço de terra para trabalhar. Dentro das fábricas, os operários são duramente reprimidos pelos burgueses quando realizam uma greve e são demitidos e sofrem perseguição quando possuem algum trabalho político com uma imprensa dos trabalhadores.
O que podemos ver é que a censura ao discurso intolerante, ao contrário do que é propagado, não evita massacres ou coisa do tipo. Ajuda a censurar quem denuncia o massacre e as organizações dos trabalhadores, pois quem vai decidir é a burguesia sobre o que se pode falar ou não, desde que tenha seus interesses defendidos como foi na Alemanha nazista.
A maneira de evitar novas situações como na Alemanha nazista é a plena liberdade de expressão, pois é a única maneira de evitar que a burguesia seja quem vai escolher o que se pode falar ou não, o que é “discurso de ódio” etc.