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Contradições

Por que Bolsonaro tem apoio popular na questão do lockdown?

Política nada científica dos governadores e prefeitos faz parcelas da população aderirem ao bolsonarismo.

A pandemia está matando como nunca no Brasil. O país, que já chega às portas de quatro mil mortos por dia e o número tende a se acentuar.

Como medida contra a bárbara matança, os governadores e prefeitos da direita e da esquerda pequeno-burguesa (sempre a reboque da direita) implementam os chamados lockdowns, além dos toques de recolher.

Sua justificativa para tais medidas é a ciência. Entretanto, esta “ciência” dos governadores e prefeitos não tem coisa alguma de científica. Nem próximo disso. Pelo contrário, é a negação da ciência.

Baseados não em fatos reais, mas na esperança de que um dia todos os problemas acabarão, os governadores e prefeitos fazem esforço nenhum para garantir à população condições de ficar em casa. A distribuição de máscaras, álcool em gel e cestas básicas, o cancelamento da cobrança do fornecimento de água e energia, a expansão do transporte público para evitar ônibus lotados, a limitação apenas ao que é essencial e o pagamento de um auxílio financeiro de, pelo menos, um salário mínimo nunca fizeram parte da pauta destes homens da “ciência de botequim”.

Ao invés disso, sua única e exclusiva medida é repressão. Enquanto a população é obrigada a socar-se em ônibus lotados, como navios negreiros, para trabalhar todas as manhãs, a polícia é colocada nas ruas para agredir e multar cidadãos que porventura estejam perambulando pela noite.

Há também, em alguns lugares, o fechamento completo e total do comércio. Em teoria, esta medida serviria para evitar a propagação da doença. Todavia, sem dar condições materiais para que a população fique em casa, os governadores e prefeitos cavam a própria cova.

O povo, já empobrecido pela crise capitalista, que assola o mundo desde 2008, se vê entre a cruz e a espada. É morrer pelo vírus ou morrer de fome.

Do outro lado, há o presidente ilegítimo e fascista, Jair Bolsonaro.

Através de discursos dignos de um 1º de abril, dada a quantidade de mentiras, Bolsonaro arrebata setores da sempre confusa classe média e do proletariado. Ele se coloca contra o lockdown e outras medidas restritivas. Tudo sob a justificativa de que o povo precisa trabalhar para comer.

Esta parcela da população, politicamente confusa e se vendo sobre forte risco de empobrecer ainda mais, se joga nos braços de Bolsonaro. Afinal, os desesperados tendem a agarrar-se a qualquer discurso que lhes dê alguma esperança, mesmo que mentiroso até a raiz.

Deste modo, Bolsonaro acumula forças não por suas ações, mas pela falta de um combate real à pandemia de quem se diz seu opositor.

Os governadores e prefeitos “civilizados” fazem nada e usam o ainda mais inerte Bolsonaro como um espantalho, já pensando em 2022. Eles sabem que se combaterem Bolsonaro ativamente terão de partir para o confronto aberto contra o mesmo. Como Bolsonaro é, de fato, o grande culpado pela desgraça que assola o país, qualquer oposição efetiva e real e ele seria capaz de derrubá-lo. Entretanto, este parece não ser o objetivo dos “científicos” e “civilizados”, que tentam apenas “sangrá-lo”, já pensando em ganhar as eleições de 2022 e administrar a massa falida deixada pelo fascista.

O “plano infalível” dos sabidos governadores e prefeitos acaba contraditoriamente fortalecendo Bolsonaro e os fascistas. E isto é explicado não só pela observação das massas, mas pela própria história do fascismo.

Trostky explica o bolsonarismo

Desde a eleição de 2018, a esquerda pequeno-burguesa tem uma dificuldade, que já se apresenta crônica, em entender o porquê de Bolsonaro ter apoio popular. A resposta está nos fatos. Entretanto, como esta mesma esquerda se recusa em sair às ruas para, ao menos, falar com a população, fica completamente perdida em seus confusos pensamentos.

Até hoje, a esquerda, principalmente o PT, não entende perfeitamente os atos em 2013, o golpe de estado de 2016, a fraude das eleições de 2018 e no fenômeno chamado bolsonarismo. Para muitos, a população é bolsonarista. Isto é um grave engano, muito fruto de uma preguiça mental que assola os “entendidos” da classe média.

Mesmo que apenas em casa, a esquerda tem outras maneiras de entender o bolsonarismo e sua relação com as massas, especialmente a classe média (pequena burguesia). Primeiro, deve-se observar que o bolsonarismo é apenas o fascismo à brasileira do momento. Portanto, para entender o bolsonarismo pode-se partir de todo conhecimento acumulado sobre o fascismo. Neste quesito, destaca-se o revolucionário russo, Leon Trostky.

Trotsky viveu o nascimento e o desenvolvimento do fascismo. Por isso, para compreender o sucesso da demagógica campanha de Bolsonaro contra o lockdown, é preciso estudar os escritos de Trotski.

Em carta para Max Schachtman, que iria, no fim de 1931, realizar uma missão no Reino Unido, Trostsky explicou a base social do fascismo. Diz Trostky:

“O movimento fascista na Itália foi um movimento espontâneo de amplas massas, com novos líderes de base. É um movimento plebeu em sua origem, direcionado e financiado por grandes poderes capitalistas. Ele surge da pequena burguesia, dos setores mais marginais do proletariado e, até certo ponto, da massa proletária…

“A base genuína do fascismo é a pequena burguesia.”

Entretanto, não se pode ser simplório em achar que a pequena burguesia é fascista por si só. É preciso entender o que leva ela e parte do proletariado a cair nas mãos de vigaristas como Bolsonaro.

Em O Giro da Internacional Comunista e a Situação Alemã, de 1930, Trotsky expõe que o fascismo alemão (nazismo) cresceu devido a dois fatos: “da crise social profunda, que lança as massas pequeno-burguesas para fora de seu equilíbrio, e da ausência de um partido revolucionário, que já possa se apresentar, hoje, aos olhos das massas populares, como aquele que deverá ser o seu guia revolucionário.”

Isto pode ser trazido facilmente para o contexto brasileiro. É público e notório que, desde 2013, o Brasil vem passando uma séria crise econômica e política, que destruiu o crescimento econômico, causou um golpe de estado, atacou os direitos políticos da população, congelou investimentos públicos e fez a fome em massa retornar ao país. Essa situação colocou todo o regime “fora de seu equilíbrio”. Com isso, amplos setores da pequena burguesia se viram em sério risco de proletarização.

Como a esquerda pequeno-burguesa dominante, especialmente o PT, se via confuso e desorganizado, não combateu a crise e o golpe. Pelo contrário, aceitou-os até de bom grado. Basta ver os sucessivos e violentos cortes implementados pelo governo Dilma de 2014 até sua queda e a posição de alguns de seus parlamentares que pouco após o golpe já falavam em “virar a página”.

Soma-se a isso, as políticas dos governadores e prefeitos da esquerda, que ao invés de utilizarem sua força para combater o bolsonarismo em uma aliança com as massas, preferiram ficar a reboque da direita golpista. Os casos mais gritantes são dos governadores Flávio Dino (PcdoB-MA) e Rui Costa (PT-BA) e do prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva (PT).

Flávio Dino, o grande capitão da frente ampla, em seu estado, no início da pandemia, decretou a reabertura das indústrias. Isto jogou milhares de operários para morrerem pela doença. Em um dos estados mais pobres da federação, o Maranhão, onde a miséria impera e há pouca ou nenhuma assistência de saúde pública configura-se um ato criminoso.

Já Rui Costa vai mais além, implementando um jocoso toque de recolher na Bahia inteira. Segundo a lógica de Rui Costa, se as pessoas estiverem em casa às 20 horas, a pandemia será contida. Entretanto, não é preciso ser muito esperto para ver que o problema não está nas pessoas que estão a “bater pernas” pela madrugada, mas nos ônibus lotados todos os dias em grandes cidades como Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Alagoinhas, Juazeiro e Vitória da Conquista.

O toque de recolher de Rui Costa serviu até de inspiração para o governador direitista do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Tem-se aí a prova do absurdo que significa a política do governador baiano.

Não bastasse isso, Rui chegou a paralisar o Trem do Subúrbio, em Salvador, jogando mais de 14 mil pessoas por dia nos já lotados ônibus da capital baiana. O Diário da Causa Operária recentemente publicou uma matéria especial denunciando o fato em detalhes.

A cereja do bolo é o farsesco lockdown que é renovado semana-a-semana na Bahia. A população, se vendo sem renda alguma, é obrigada a ignorar o fechamento do comércio e se põe em risco de ser multada ou tomar bordoadas da polícia para poder ganhar a vida.

Edinho Silva, prefeito petista de Araraquara, é ainda mais reacionário e violento com a população do que os dois anteriormente citados. Além de estabelecer um lockdown bastante agressivo, Edinho não poupa esforços em colocar o aparelho de repressão contra a população. Em seu decreto, o prefeito de Araraquara dá poderes à Guarda Civil Municipal para interpelar transeuntes e infligir pesadas multas.

Tanto Rui Costa quanto Edinho colocaram, em seus respectivos decretos, a proibição de manifestações políticas. Isto é um sério ataque aos direitos da população e seria esperado de fascistas como Bolsonaro, Dória e outros, mas nunca da esquerda.

Nas garras da demagogia bolsonarista

A crise econômica e a política repressiva da esquerda só alimentam Bolsonaro e sua corja. O empobrecimento da população e a falta de uma política correta de enfrentamento à pandemia pela esquerda jogam a população nas garras da demagogia bolsonarista.

Bolsonaro é o grande culpado pela pandemia no Brasil. Ele tem todo o orçamento federal à sua disposição. O Brasil, apesar de seus problemas, está longe de ser um país miserável como muitos de seus vizinhos da América Latina e Caribe e de outros continentes como África, Ásia e Oceania.

Ao invés de usar este orçamento para combater a pandemia, Bolsonaro deu mais de R$1,2 trilhão (o correspondente ao orçamento público anual) aos bancos no início da pandemia. Os governadores e prefeitos “científicos” e “civilizados”, ao invés de denunciarem Bolsonaro e combaterem a extrema-direita através de ações minimamente efetivas de combate a COVID-19, usam as armas da direita, a repressão.

Parcelas do povo, que empobrece e está cansado de apanhar da polícia, se revolta e acaba pelas contradições próprias da política, pendendo para Bolsonaro. Isto não é culpa da população, é culpa da esquerda, que não assume seu papel.

Um claro contraexemplo foi o discurso de Lula após a anulação das decisões tomadas pelo juiz bandido, Sérgio Moro. Lula falou à população passando a política correta, mesmo simples, do que deveria ser feito como, por exemplo, um comitê de crise. O resultado foi quase imediato. Bolsonaro e os golpistas da direita sentiram o golpe e logo mudaram o discurso.

Como visto, o único caminho para vencer Bolsonaro e os golpistas é atender às reivindicações imediatas da classe trabalhadora. O único que se mobiliza, ainda que discretamente, neste sentido e tem a confiança das massas é Lula.

Então, é necessário abandonar completamente a política direitista de repressão e violência contra a população e mobilizá-la, não apenas pelo discurso, mas com ações, pelo atendimento das suas necessidade imediatas. Por isso, o caminho é Fora Bolsonaro, eleições gerais já e Lula presidente!

O Partido da Causa Operária lançou recentemente curso Fascismo: o que é e como combatê-lo em duas partes. Você pode assisti-lo através dos seguintes links:

parte 1 – https://youtube.com/playlist?list=PL6exWLai3Il3Px6iH1nJsXYDqLWO2DlWX
parte 2 – https://youtube.com/playlist?list=PL6exWLai3Il3cMB6Bha5EpUfuJjTOrA0q

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