Diferentemente do que tem dito a esquerda pequeno-burguesa, Gabriel Boric, presidente recém-eleito no Chile pelo partido Convergencia Social, não tem nada de popular — e isso não é novidade.
Pablo Sepúlveda Allende, o neto do ex-presidente Salvador Allende (morto durante o golpe imperialista que instaurou a ditadura de Pinochet no Chile em 1973), já nos alertava que Boric não estava indo pelos caminhos corretos desde 2018.
“Deputado, ouso responder-lhe porque vejo o perigo de líderes importantes como você, jovens líderes da “nova esquerda” que surgiu na Frente Ampla, fazendo comparações simplistas, absurdas e desinformadas sobre questões tão delicadas como os direitos humanos.”
Em uma carta pública, Allende afirmou que o atual presidente era irresponsável e imaturo, uma vez que atacou os governos da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua, comparando-os com as atrocidades cometidas por Israel na Palestina e com os crimes de Pinochet no Chile, em uma coluna em seu blog na internet que se propunha a discutir os modos que a esquerda tratava a questão dos direitos humanos fora do Chile.
“O fato de você escrever tais disparates não ‘significa se tornar um pseudo agente da CIA’, mas denota uma importante irresponsabilidade e imaturidade política que pode transformá-lo em um elemento útil para a direita, ou pior, acaba sendo aquela “esquerda” que a direita gosta ; uma esquerda monótona e ambígua, uma esquerda inofensiva, que por oportunismo prefere parecer “politicamente correta”, aquela esquerda que não é “nem ‘chicha’ nem limonada”, aquela esquerda que não quer parecer mal para ninguém.”
Allende também comenta que a imaturidade de Boric é expressa pelo fato dele não perceber a manipulação da imprensa sobre esses mesmos assuntos. Boric usou argumentos afirmando o suposto “enfraquecimento das condições básicas da democracia na Venezuela”, a “restrição permanente das liberdades em Cuba” e “a repressão do governo Ortega na Nicarágua”. No texto, Boric também afirma que a China é uma ditadura, embora não se incomode em demonstrar com fatos nenhuma de suas afirmações durante seu texto.
Todos esses argumentos evidenciam que Boric, desde aquela época, já era um pseudo esquerdista do imperialismo. O identitarismo também não estava em falta — o próprio texto de Boric em questão começava com “Estimad@s”, uma espécie de embrião da linguagem neutra na internet.
Hoje vemos o medo de Allende se tornar realidade: “ “Deputado, ouso responder-lhe porque vejo o perigo de líderes importantes como você, jovens líderes da ‘nova esquerda’ que surgiu na Frente Ampla” — Boric, apoiado no identitarismo e a serviço do imperialismo, é mais uma ocorrência da “política do mal menor”, que elegeu demônios do neoliberalismo, a exemplo do próprio presidente dos EUA, Joe Biden.
Gabriel Boric, um Guilherme Boulos chileno, serve apenas aos interesses imperialistas e, com sua política direitista, mas disfarçada aos olhos da esquerda pequeno-burguesa, irá cumprir a política de ataque à população chilena, representando um retrocesso no país.