O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) veio a público informar que alguns radiofármacos fundamentais para o diagnóstico e tratamento do câncer deixaram de ser produzidos nesta segunda-feira (20) por falta de insumos, constituindo apenas mais um episódio da história deprimente que vive o sistema de saúde do Brasil após o golpe de 2016. Com a paralisação, há risco de desabastecimento por algumas semanas.
O último carregamento de iodo, muito usado no tratamento do câncer da tireoide, foi entregue hoje, e o fornecimento de Lutécio 177, usado no tratamento de tumor neuroendócrino foi suspenso. O Ipen importa radioisótopos da África do Sul, Holanda e Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no tratamento do câncer. O material também é usado na radioterapia e exames de diagnóstico por imagem, entre outros.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), todos os ministérios foram procurados para tentar resolver o problema, mas não houve respostas até o momento. O Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) disse que continua aguardando a votação do PLN 16/2021, que amplia o orçamento do Ipen, ou seja, é preciso esperar o tempo incerto do trâmite de um projeto no Congresso para dar continuidade aos tratamentos de câncer no País. O Ipen fabrica 25 diferentes radiofármacos ou 85% do fornecimento nacional, para manter a produção, o órgão aguarda a aprovação desse Projeto de Lei.
Isso é devido à política neoliberal de privatização gradual da saúde, fechamento de instalações públicas e o congelamento de verbas para a saúde durante 20 anos, que foi aplicada desde o governo Temer e continua com o governo Bolsonaro e que será continuada caso Bolsonaro se reeleja ou caso a burguesia consiga colocar a terceira via no seu lugar.
O atual governo golpista teria conhecimento dessa situação desde o início do ano, pois no momento em que aprovaram o orçamento, o Ipen informou que só teria recursos até agosto. Porém como um típico governo fascista que atende apenas as posições burguesas, ignorou completamente esta informação, incentivando o desabastecimento de hospitais e clínicas nas próximas semanas e impulsionando maior desamparo de pacientes, além daqueles que já vem sofrendo com o Coronavírus.