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Política imperialista

Malala Fund defende dignidade para mulher negra?

Instituição do movimento negro brasileiro anuncia projeto financiado pelo Fundo Malala, um fundo bancado pelos maiores bilionários do mundo, o que ganha a mulher negra brasileira?

malala britain (1)

No último dia 15 o portal Geledés anunciou uma parceria entre a organização Geledes Instituto da Mulher Negra e a Rede de Ativistas pela Educação, uma organização do Fundo Malala. Anunciando que o objetivo seria receber um financiamento para a realização de um projeto intitulado “Defesa do direito à educação de meninas negras” a ser executado entre 2021 e 2023.

Segundo o anuncio a execução do projeto teria como finalidade “realizar um mapeamento das agendas de raça e gênero nas políticas educacionais, com foco nos poderes executivo, legislativo e judiciário em âmbito federal, e com a formação de 5 secretarias municipais de educação para o desenvolvimento de um trabalho intersetorial de enfrentamento às desigualdades e garantia do acesso e permanência de meninas negras às instituições de educação básica.

O que é o Malala Fund

Inicialmente é preciso esclarecer do que se trata o tal Malala Fund, uma ONG (Organização Não Governamental) de atuação internacional que utiliza o nome de Malala Yousafzai, que ficou conhecida internacionalmente através de uma intensa propaganda da imprensa burguesa internacional e de governos de países imperialistas como uma das mais importantes figuras na defesa dos direitos humanos, especialmente no acesso à educação de crianças e mulheres, desde 2009 até os dias atuais.

Relembrando o caso Malala, inicialmente a imprensa monopolista dos países imperialistas começaram a divulgar a história de uma jovem paquistanesa, oriunda da região nordeste do país, do vale do Swat, e sua luta para que ela e outras mulheres jovens da sua região pudessem frequentar escolas, enfrentando a negativa dos Talibãs. Através de uma carta, que depois virou praticamente um diário, sendo publicado regularmente por BBC, The New York Times e Deutsche Welle a partir de 2009. Em 2012, Malala teria sofrido um atentado por um soldado Talibã, tendo a alvejado com três tiros quando se dirigiria a uma escola. O caso ganhou ainda mais projeção internacional, gerando uma campanha internacional em 2013 encabeçada pela ONU e seu encarregado pela educação, o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, com o slogan “Eu sou Malala”, a qual pretendia obrigar a todos os países do mundo a incluir todas as crianças nas escolas até o final de 2015. Desde então Malala recebeu diversos prêmios sendo um deles o de Nobel da Paz em 2014, recebendo apoio de toda a classe política internacional, incluindo nomes como Barack Obama, George Bush, Bill Gates, Maddona, Angelina Jolie, Hillary Clinton, entre outros.

O fundo Malala foi criado em 2013 e desde então recebeu doações de vários destes nomes, acima citados, além de organizações lideradas por estes ou por outros bilionários pelo mundo, como a fundação Bill & Melinda Gates, o maior grupo financeiro do mundo, o grupo Citi, Fundação Starbucks, Fundação Musk (Elon Musk) e Apple. Em seus objetivos o site oficial do fundo diz “O Fundo Malala investe em ativistas e defensores da educação que estão buscando soluções para as barreiras à educação de meninas em suas comunidades.”

Apesar de toda a história triste enfatizada quando a imprensa monopolista tenta relatar a história de Malala e de outras pessoas, ainda que tenhamos várias críticas a fazer sobre como essa história é contada e até onde vai a veracidade de cada ponto, o mais importante aqui é intensa ação de alguns dos maiores capitalistas do mundo na organização. O que logicamente não é por acaso ou por compaixão a história da jovem paquistanesa ou de qualquer jovem pelos países pobres. Trata-se de uma política oficial da burguesia imperialista, a política identitária.

Nesse cenário uma pergunta não pode deixar de ser feita. Como podem os maiores capitalistas do mundo serem ao mesmo tempo algozes dos povos, principalmente, dos países atrasados, responsáveis pela política de destruição das condições de vida da classe trabalhadora, com sua política neoliberal, de violenta especulação e parasitismo financeiro, de golpes de Estado, e por outro lado serem os mesmo a pregarem a bondade, a preocupação com o bem-estar, com o desenvolvimento físico e intelectual de crianças e jovens nos países mais pobres e esmagados do mundo (África, sudeste asiático, América Latina)? Resposta simples, não podem.

E as belas palavras declaradas pelo Fundo Malala simplesmente não tem como fugir desta contradição em termos. O fundo criado e bancado por grandes capitalistas internacionais, por mais dourado e bonito que possa ser apresentado, tem a finalidade de ser um braço da política internacional da burguesia imperialista, neste caso atuando sob a demagogia de “proteção aos direitos humanos”. Um argumento que já foi responsável pelas maiores atrocidades que o mundo já viu, como invasões de países, bombardeios de cidades inteiras, guerras intermináveis com centenas, milhares de mortos. Para citar alguns exemplos: os golpes de Estado seguidos de guerras e invasões no Iraque, Afeganistão, Síria, Iêmen, Líbia, Ruanda, Yugoslávia, Haiti só nestes casos as mortes pelos exércitos imperialistas superam a casa dos 10 milhões de mortes. Podemos considerar ainda, as mortes causadas por governos impostos pelo imperialismo, como a ditadura fascista de Ivan Duque na Colômbia, que sob o mesmo pretexto de defesa da população e dos direitos humanos, mata ativistas políticos diariamente.

Política oficial do imperialismo

O uso de organizações não governamentais, as conhecidas ONGs, para tocar a política dos grandes capitalistas em praticamente qualquer país do mundo, é uma prática antiga e que vem sendo intensificada neste momento em que a crise capitalista se acentua consideravelmente.

O início do governo de Joe Biden nos Estados Unidos deixou completamente claro que o imperialismo não abrirá mão de atuar com quaisquer meios necessários, seja por dentro da política dos países oprimidos ou indiretamente, usando de todos os argumentos sórdidos como o ambientalismo, a sempre usada “defesa da democracia”, da “paz” mundial e, é claro dos “direitos humanos”, para na verdade, como todos sabem, garantir os seus próprios interesses, o que significa, defender o interesse destes grandes capitalistas acima citados, que utilizam o Estado norte-americano, assim como o Estado de outros países, como procurador de sua política de espoliação da classe trabalhadora.

A política defesa dos direitos humanos e bem-estar mundial, cai como uma luva na política identitária que acaba sendo uma decorrência da política externa imperialista de todo o século XX, porém, agora com um verniz que a deixa mais clara. Ou seja, a política de “garantir a expressão da identidade” étnica, cultural de povos oprimidos serve perfeitamente para financiar parcamente algumas sortudas “almas” entre os milhões e milhões de descalços e descamisados. Finalmente, estes projetos não servem de nada para mudar a realidade da população pobre. Mas, servem como uma luva para tanto fazer propaganda da grande burguesia, mas principalmente, para comprar lideranças políticas e conter a formação de organizações verdadeiramente operárias e com caráter combativo.

A esquerda que a direita gosta

A existência de ONGs fortemente financiadas por banqueiros, grandes capitalistas internacionais e que atuam nas áreas mais pobres do planeta tem, na verdade, a finalidade de domesticar a esquerda, comprando lideranças desde quando são crianças, vendendo ilusões de que elas podem ser “empreendedoras”, que podem se esforçar muito estudando e “mudar a sua vida e a da sua família”, com uma polpuda bolsa de ajuda para servir de “exemplo” para os demais “pobres coitados” para eles sonharem que podem também “mudar de vida”.

Entretanto, isso é impossível de acontecer. O dinheiro oferecido pela burguesia neste tipo de ação, nunca chega nem perto de atender as necessidades mais básicas de uma única família, que dirá de bilhões de crianças e jovens famintos pelo mundo.

A riqueza que pode financiar a mudança de vida sonhada pela classe operária existe, mas não virá de nenhuma ação “voluntária” ou “humanitária” da burguesia, mas somente através de uma luta organizada e intensa, que inevitavelmente terá seus episódios de grande violência, contra essa classe dominante para arrancá-la do poder e passar e sociabilizar o produto da produção da classe trabalhadora mundial. Fora isso, o único caminho é de engodo.

O Fundo Malala, assim como outros tantos que circulam pelo mundo, especialmente nos mais países pobres, visam exatamente impedir que esta organização aconteça, visa manter a classe trabalhadora presa a velhos “sonhos” de uma era em que o capitalismo ainda trazia prosperidade ao mundo, coisa que não acontece há mais de cem anos. Com isso, segue comprando e cooptando pessoas e lideranças de movimentos populares, de organizações políticas, em geral da esquerda, para adquirir mais autoridade e inserção no seio dos bairros operários, das periferias. Como dito acima, não há como a população pobre ser beneficiária de qualquer “boa intenção” dos grandes capitalistas internacionais, principalmente, porque são eles os responsáveis por toda a miséria, fome, desemprego e péssimas condições de vida da classe trabalhadora mundial, que no Brasil, é majoritariamente negra.

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