Mais de 250 ex-líderes da UNEF (União Nacional dos Estudantes da França) fizeram um documento denunciando o ministro da Educação Nacional, Jean-Michel Blanquer e a direita francesa.
O ministro Blanquer comentou que “encontros raciais entre pessoas do mesmo sexo”, organizados pela UNEF, poderiam levar “a coisas que se assemelham ao fascismo”. Um total absurdo.
Já o parlamento francês, um verdadeiro circo direitista, está propondo a extinção da UNEF . Esta é uma das atitudes mais agressivas tomadas pela direita até agora na França.
É mais do que sabido, a juventude francesa é uma das mais ativas e agressivas contra o Estado burguês. As insurreições de 1968, que transformaram a França em palco de grandes mobilizações da classe operária começaram nas universidades do país. Portanto, a burguesia e seus serviçais criarão as esfarrapadas desculpas para tentar destruir a organização dos estudantes.
Há um claro temor em toda a direita francesa que a situação de revolta da população exploda em uma onda de protestos revolucionários. Por isso, pensam em parar a parcela mais revolucionária da sociedade, a juventude, ao destruir a sua maior instituição, a UNEF.
Frédérique Vidal, ministra da Educação Superior, Pesquisa e Inovação da França, afirmou recentemente as universidades francesas estariam infestadas por acadêmicos que utilizam suas posições para promover ideias “radicais ou militantes”. O argumento é exatamente o mesmo utilizado pela extrema-direita brasileira para promover o nauseabundo Escola sem Partido.
Pelo que se pode observar, o governo de Emanuel Macron é composto por elementos fascistas, especialmente na área da educação, algo muito parecido com o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro no Brasil.
Macron, que fora eleito por uma frente ampla para derrotar Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, adota métodos tão fascistas quanto Le Pen adotaria.
Desde que assumiu, Macron é alvo de protestos da classe trabalhadora. Inicialmente, a população francesa, revoltada com o aumento de impostos, formou o movimento dos coletes amarelos, que gerou uma crise homérica do governo Macron.
Durante a pandemia, o governo francês utilizou todo tipo de repressão contra a população. Isto alimentou, ainda mais, a revolta do povo com Macron e seu governo direitista. O presidente francês, ao mesmo tempo que castiga o povo francês, abaixa a cabeça para os capitalistas, como faria qualquer fascista.
O fato do regime francês estar pendendo à direita só fortalece Le Pen e os fascistas. A população fica descrente da capacidade do regime em atender suas necessidades e cai nas garras da demagógica extrema-direita.
A extrema-direita cresce com a impopularidade de Macron, ao passo que a esquerda não demonstra reação alguma e não apresenta à população alternativa viável a Macron e Le Pen.
As pesquisas de intenção de votos para a eleição presidencial em 2022, mesmo que pouco confiáveis, colocam Le Pen e pé de igualdade com Macron. Deste modo, tem-se grande risco da vitória dos fascistas em 2022.
Uma vitória de Le Pen pode significar, no curto prazo, o avanço do fascismo na Europa inteira. O que, em uma situação de crise, tornaria ainda mais difícil a organização da classe operária.
O caso da França é um retrato do que pode vir a acontecer com o Brasil caso a esquerda não se una em torno da candidatura de Lula. A frente ampla com os golpistas, como desejam alguns figurões da esquerda nacional, é um projeto que nasce fracassado.
Colocar nomes como Luciano Huck, João Dória Júnior e Ciro Gomes como se fossem “progressistas” e “civilizados” é uma grande armadilha que levará à destruição da própria esquerda. Uma vez no governo, estes “civilizados” utilizarão, desde a primeira crise, todo poder de repressão do estado contra a população, especialmente a mais carente.
Um governo formado a partir de uma frente ampla será tão mal fadado que desmoralizará a esquerda que o apoiar, ao mesmo que fortalecerá a extrema-direita.
Não que a extrema-direita vá fazer alguma oposição real a um governo da direita, entretanto, a fará de maneira demagógica, apenas no discurso.
Portanto, é necessário romper toda e qualquer aliança com a direita golpista e fazer uma unidade de luta em torno das reivindicações imediatas da classe trabalhadora. Para isso, a única alternativa real, no momento, é a candidatura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que é a pessoa ao qual as massas depositam sua confiança e que é capaz de impulsionar com sua candidatura uma da mobilização popular que enfrente a direita golpista e lute pela resolução dos problemas imediatos da classe trabalhadora.