Na quinta-feira (18), a Justiça emitiu uma ordem judicial que suspendeu as demissões que estavam previstas para acontecer na sexta-feira (19) na empresa Ford de Camaçari (BA), localizada na região metropolitana de Salvador.
A empresa automotiva havia programado a demissão dos trabalhadores das áreas de liderança e supervisão. A informação é do Ministério Público do Trabalho da Bahia (MTB-BA).
E-mails foram enviados para alguns supervisores da Ford. Estes informavam que na sexta-feira ocorreriam as demissões. Além de suspender as demissões, a decisão judicial estipula uma multa de R$ 5 milhões em caso de descumprimento e mais R$ 250 mil por cada trabalhador demitido, em virtude de existir a disposição em descumpri-la por parte da gerência da multinacional.
Nas mensagens enviadas aos supervisores, fica claro que não há qualquer possibilidade de negociação, nem coletiva e nem individual. A disposição da empresa é lançar milhares de funcionários no olho da rua sem dar satisfação.
No dia 11 de fevereiro de 2021, a Ford anunciou o plano de encerrar a produção de veículos no Brasil. Cerca de 12 mil trabalhadores diretos serão demitidos e outros 70 mil que participam da cadeia produtiva também perderão seus empregos.
É preciso destacar que a decisão judicial só foi emitida devido ao caráter absurdo das decisões da Ford, que geram indignação e abrem a possibilidade de agitação política. Entretanto, o fato é que a Ford vai fechar e todos serão demitidos.
Há a possibilidade de que a empresa sequer pague os direitos trabalhistas. São diversas as manobras que podem ser feitas, como alegação de falência ou falta de recursos em caixa. A Justiça jamais vai tomar qualquer medida para garantir o pagamento dos trabalhadores, como por exemplo, bloquear e expropriar os bens da multinacional.
O sindicato da categoria dos metalúrgicos deve convocar uma mobilização dos trabalhadores e ocupar as unidades da Ford. É preciso garantir os empregos de dezenas de milhares de pessoas e o sustento de suas famílias. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) deve dirigir esse movimento, uma vez que é a maior organização operária da América Latina.
A CUT e os sindicatos não podem permanecer passivos enquanto os patrões atacam as condições de vida dos operários e promovem demissões em massa. Neste momento, não há qualquer possibilidade de conseguir outro emprego. O País bate recordes de desemprego, subemprego e informalidade. Cabe às organizações operárias defender as condições de vida da classe trabalhadora e impedir que setores desta sejam lançados no pauperismo e no desespero.