O trabalho chamado “home office”, ou “trabalho remoto”, ou ainda “trabalhar em casa”, no bom português, não é uma modalidade nova de trabalho, mas acabou sendo muito difundida desde o início da pandemia. Foi a forma que as empresas encontraram para manter a produtividade, e ainda dizer que estão protegendo seus funcionários do vírus. Brotou nas redes sociais, “lives”, reportagens, orientações de como fazer seu “home office” ser mais produtivo.
Antes da pandemia, podia-se dizer que trabalhar em casa era um privilégio de serviços mais típicos da classe média, hoje em dia, em tempos de pandemia da COVID-19, podemos afirmar que esse privilégio virou uma nova forma de exploração dos trabalhadores. Mas mesmo assim, para um minoria de trabalhadores, como deixa claro um pesquisa divulgada pela imprensa golpista.
Cerca de 86% da classe trabalhadora não tem condições de trabalhar em casa, pois são trabalhos que exigem a presença da pessoa, como é o caso de garçons, vendedores de lojas, manicures, empregadas domésticas, construção civil, Correios, limpeza etc. A lista é enorme. Em suma, a esmagadora maioria do trabalho manual, operário, fabril, não possibilita o trabalho remoto.
Antes do agravamento da crise pela pandemia, os trabalhos formais e informais presenciais somavam 79,7 milhões de trabalhadores no final de 2019, que são os 86% que não conseguem trabalhar em casa e nem se realocar para possibilitar o trabalho remoto. Em contrapartida, apenas 12,9 milhões de pessoas têm o “privilégio” de trabalhar em casa.
Aqui, colocamos o privilégio entre aspas pois desde o início da profusão do trabalho remoto, começaram a surgir as questões de abuso do trabalhador. Não recebem material para trabalhar, no caso o computador e os aparatos que complementam. Não recebem auxílio para os gastos com energia elétrica. Não tem hora de entrada, saída, horário de almoço, ao contrário, os profissionais passaram a trabalhar muito mais horas sem receber extras.
Memo esses dados sobre a possibilidade do trabalho remoto são duvidosos. Vejamos, por exemplo, apenas um caso, o dos bancários. Seria possível para essa categoria, para a esmagadora maioria dela, um sistema de trabalho remoto, com um esquema de rodízio bastante racional e espaçado entre os que terão que estar presentes nas agências. No entanto, os bancários têm sofrido com uma pressão constante para manterem as metas e perderem benefícios do trabalho presencial, o que forma a categoria e “preferir” se arriscar no trabalho presencial.
Concluindo, basta olhar para esses dados, 79,7 milhões de trabalhadores presenciais, contra 12,9 milhões de trabalhadores tem a oportunidade de fazer o trabalho remoto, que fica clara a farsa do isolamento social que a burguesia faz propaganda desde o início da pandemia.
Não há a opção do “fique em casa” para a esmagadora maioria dos trabalhadores brasileiros. E de fato, esses trabalhadores nunca puderam fazer isolamento social, nunca pararam de sair para trabalhar, de pegar transporte lotado etc.
Diante disso, ao invés da farsa do isolamento social e da demagogia do “fique em casa”, que só serve para fazer propaganda para convencer a classe média, é preciso que o governos fornecessem uma contrapartida aos trabalhadores. Garantia de que não haverá demissões, de que não haverá despejos, cortes de luz e água, de que não haverá corte de salários.
Ao invés de demagogia, os governos teriam que organizar os trabalhadores e a economia de modo geral para que funcionasse de modo racional. No entanto, não há nada disso, e os trabalhadores são obrigados a escolher entre o risco de ficar doente e o desmprego e a miséria.
Desde o início da pandemia, o PCO produziu um documento contendo as ações políticas e práticas a serem executadas a fim de proteger o povo brasileiro do genocídio que está acontecendo, já passamos das 301 mil mortes (oficialmente). Algumas das ações necessárias para que houvesse uma verdadeira política de isolamento social são um auxílio emergencial de no mínimo um salário mínimo; salário mínimo de R$ 5.500,00, pois conforme consta na Constituição brasileira, o salário mínimo tem que suprir as necessidades básicas das famílias, a suspensão dos pagamentos de energia elétrica, água, gás, aluguel; suspensão de todas as demissões.
E obviamente, a principal reivindicação nesse momento deve ser a vacinação imediata em massa de toda a população.