Em reunião dos ministros das relações exteriores da União Europeia (UE) realizada na última segunda-feira (22/03) em Bruxelas foi decidida a imposição de sanções à China. As medidas tomadas como resposta às alegações de violações de direitos humanos na região chinesa do Xinjiang consistem em proibição de viagens e congelamento de bens de quatro cidadãos e uma entidade chineses.
As sanções foram tomadas em conjunto com os Estados Unidos, Canadá e o Reino Unido dias após a fracassada reunião realizada no Alaska entre os Estados Unidos e a China. Nesta reunião os Estados Unidos, fugindo ao protocolo anteriormente acertado, abriram a reunião admoestando a China quanto ao seu procedimento nas questões de Hong-Kong, Taiwan e do Xinjiang. Também acusou o país asiático de coerção econômica de aliados dos Estados Unidos e de ameaçar a liberdade de navegação nos Mares do Leste e do Sul da China.
As sanções impostas pela UE são as primeiras ações desse tipo desde 1989 quando a alegada repressão a estudantes chineses serviu de pretexto para uma série de medidas dessa natureza. Junto com as sanções dirigidas contra a China também foram impostas sanções contra a Coreia do Norte, Líbia, Sudão do Sul, Rússia e Myanmar, países onde, segundo Bruxelas, são praticadas torturas, execuções extrajudiciais e desaparecimentos. Contudo, essa onda de sanções encontrou oposição do governo da Hungria cujo ministro das relações exteriores, Peter Szijjarto, declarou à imprensa que “tal decisão de importância estratégica é particularmente sem sentido numa ocasião na qual a importância da cooperação internacional está crescendo de maneira formidável, quando vidas deveriam estar sendo salvas em vez de medidas de austeridade.” O ministro também fez alusão a violações de direitos humanos que ocorrem na Ucrânia contra minoria húngara que vive ali e que são ignoradas pelas autoridades da UE.
Em resposta às sanções impostas, a China elaborou uma lista negra de 10 políticos e acadêmicos europeus. Na segunda-feira (22/03), o Ministério das Relações Exteriores da China declarou que a ação europeia “interfere de maneira grosseira nos assuntos internos da China” e “viola de maneira flagrante a lei internacional.” Qualificando-a de “hipócrita” exortou que a UE encare seus próprios problemas.
As sanções são uma arma a qual os países imperialistas têm recorrido com grande frequência para punir os países que insistem em resistir ao seu domínio total. Trata-se de um recurso cruel que pune as populações dos países alvos o que é reconhecidamente vetado pelas leis internacionais. Ironicamente os países que invocam os direitos humanos para a imposição de sanções contra seus inimigos declarados são historicamente os maiores infringentes desses direitos.
A saraivada de sanções que foram disparadas nos últimos dias e as acusações dirigidas a chefes de estado mereceram algumas observações do Presidente da Federação Russa, Vladmir Putin, que lembrou aos Estados Unidos do seu caráter genocida desde seus primórdios com o genocídio dos povos originários que habitavam seu território.
Por outro lado, os países europeus que prestam vassalagem ao império estadunidense também têm nas costas um passado colonialista de atrocidades cometidas contra os povos que tiveram a infelicidade de se encontrar sob seu jugo. Existe um grande simbolismo no fato de que seja na Bélgica que se acha instalada a burocracia europeia que pretende ensinar ao restante do mundo como ser civilizado. Aquele país enquanto potência colonial foi responsável por barbaridades cometidas contra a população daquele país africano e providenciou para que até hoje ele não goze de um mínimo de estabilidade.
A condução ao cargo de presidente da maior potência do mundo de uma pessoa em avançado estado de direitismo indica que essa potência também se encontra a caminho da falência. A distribuição de sanções a torto e a direito tem o condão de fazer com que o mundo comece a procurar alternativas para o sistema financeiro e comercial dominado pelo imperialismo estadunidense.