A deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP) e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) deram a largada oficial para a corrida da esquerda antipetista para os atos de 12 de setembro. Protagonizados pelo Partido Novo, pelo MBL e, sobretudo, pelo PSDB, as manifestações têm como lema “Nem Lula, nem Bolsonaro”.
A desculpa esfarrapada dos setores da esquerda nacional que querem se confraternizar com o MBL no dia 12 é a da “unidade” para lutar contra o governo Bolsonaro. Uma verdadeira piada, uma vez que o lema do próprio ato já deixa claro que não há espaço para a “unidade” com Lula.
PSOL e PCdoB querem lutar contra o governo Bolsonaro? Muito que bem, não seria mais do que a obrigação de um partido de esquerda. Querem sair às ruas? Muito que bem, também não seria de esperar outra coisa para quem diz se diz progressista. Mas o ato da esquerda contra o governo Bolsonaro já passou, aconteceu há 3 dias: foi o ato de sete de setembro, que contou com uma sabotagem visível do PCdoB e do PSOL. Se agora estão tão afoitos por um ato público, por que não começam uma campanha para que a coordenação do Fora Bolsonaro se reúna imediatamente e já chame o novo ato? Ora, porque o frenesi não é com a campanha Fora Bolsonaro, mas sim com o ato do dia 12. E qual o conteúdo desse ato?
Se o ato é “nem Lula, nem Bolsonaro”, e ainda mais sendo um ato que ocorrerá a pouco mais de seis meses do início da campanha eleitoral, trata-se de um ato em defesa de alguma outra candidatura. A não ser que, para o PSOL e o PCdoB, quem será o próximo presidente do Brasil seja indiferente, o que seria uma posição política absurda e extremamente conveniente para a burguesia. Quem seria então o homem por trás do “nem nem”?
Seria esse homem o deputado federal Glauber Braga, pré-candidato do PSOL à presidência da República? Será que é para ele que o Partido Novo, o MBL e o PSDB estão chamando as manifestações? Seria o youtuber Jones Manoel a jovem aposta da direita? Seria ainda Guilherme Boulos? É óbvio que não. O único partido com condições suficientes para estabelecer uma candidatura independente do bolsonarismo e do lulismo é o PSDB, o partido que controla o estado mais importante do País há duas décadas e que é formado por representantes diretos do imperialismo norte-americano. Como nesse momento o homem mais poderoso do PSDB é João Doria, pode-se concluir que o candidato do “nem Lula, nem Bolsonaro” é ninguém menos que o senhor João Doria.
E não é de causar espanto. O próprio Doria tentou impedir que a esquerda organizasse os atos de 7 de setembro em São Paulo e tentou constrangê-la a participar dos atos do dia 12. Vale ainda lembrar que os atos do dia 12 foram marcados depois que os militantes do PCO botaram os cabos eleitorais do PSDB para correr do ato Fora Bolsonaro na Avenida Paulista. Ou seja: serão atos criados em laboratório para garantir que o PSDB possa sair na rua sem levar uma cotovelada (o que nunca pode ser de fato garantido).
Os setores da esquerda que embarcam tão facilmente nesta manobra são os mesmos setores que vergonhosamente apoiaram o golpe de 2016. São os setores que compõem a esquerda antipetista e antilulista, que se alimentam da esperança de ver o PT destruído para disputar os seus espólios.
O que tem ficado claro desde o golpe, no entanto, é que a destruição do PT não favorecerá o PSOL ou o PCdoB, mas sim o bolsonarismo. A esquerda que quer se promover no regime através da destruição do PT nem mesmo quer ficar no lugar do PT: quer colocar a direita no poder, castigando assim todo o povo brasileiro, e abocanhar algum carguinho se assim o PSDB permitir.