O número de mortos de trabalhadores na saúde, proporcionalmente, já ultrapassaram as mortes do ano de 2020 por coronavírus, uma vez que, em apenas três meses já se foram 234, enquanto em 2020 foram 468, considerando-se que não há vacinas e a falta de insumos é constante, desde o início da pandemia e que, ainda temos nove meses à frente para terminar o ano de 2021 e os números de mortos e contaminados vêm crescendo, esses números poderão ser assustadoramente maiores. É preciso levar em conta que a confiabilidade dos números oficiais, em se tratando do Brasil do governo Bolsonaro é mínima, portanto os números já devem ser muito superiores aos apresentados neste momento.
Em artigo veiculado pela reportagem da CUT da última sexta-feira (26) é noticiado que o Brasil, dos profissionais que estão na linha de frente do combate à Covid-19, os profissionais de enfermagem mortos pela doença no Brasil equivalem a 23% dos óbitos na categoria no mundo.
Vários depoimentos dão conta de que a situação nesse setor é catastrófica.
Em pesquisa do Conselho Internacional de Enfermagem (ICN), que analisou 60 dos 130 países, 3 mil profissionais morreram com complicações da Covid-19 em um ano de pandemia no mundo.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), 702 enfermeiros, enfermeiras, auxiliares e técnicos e técnicas de enfermagem morreram no Brasil em 365 dias. Mas a informação mais alarmante da conta de que, apenas no primeiro trimestre, chegou-se à metade dos três trimestres de 2020.
A realidade contada pelos que estão na linha de frente
Uma profissional da saúde de um hospital particular disse que, “Quando não somos uma de nós, alguém da família ou um amigo pode ser contaminado”. O que vejo em meus colegas é muito cansaço e sobrecarga com muito trabalho, poucos insumos para o atendimento aos pacientes e a empresa continua dando cada vez mais serviço e menos amparo para gente.
A enfermeira e conselheira-secretária do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT), Lígia Cristiane Arfeli, afirmou em um artigo que a enfermagem sempre trabalhou acima do limite e do não cumprimento das normas técnicas por parte dos gestores públicos e privados. Segundo ela, com a pandemia do novo coronavírus isso tomou outra dimensão.
O adoecimento precoce e a morte iminente são cada vez mais reais, diz ela. E as causas disso são as condições precárias de trabalho diante da hiperlotação das unidades de saúde, pronto atendimento, enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tanto as públicas quanto as privadas. Sem contar o esforço sobre-humano para proporcionar atendimento aos doentes de Covid-19, muitas vezes em macas, cadeiras e bancos. A profissional conta que tem locais onde deveriam ser atendidos 18 pacientes e que tem hoje estão atendendo cerca de 40. O sentimento dos profissionais é que todo esforço, dedicação e assistência parecem insuficientes, o que causa frustrações significativas e abalo emocional, afirma.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em todo território nacional realiza pesquisas e relata que as condições de trabalho dos profissionais de saúde no contexto da Covid-19, a pandemia alterou de modo significativo da vida de 95% desses trabalhadores e quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo desta crise mundial de saúde, com jornadas para além das 40 horas semanais.
Os participantes da pesquisa também relataram o medo generalizado de se contaminar no trabalho (18%), a ausência de estrutura adequada para realização da atividade (15%), além de fluxos de internação ineficientes (12,3%). Mais de 10% dos profissionais denunciaram a insensibilidade de gestores para suas necessidades profissionais. (CUT – 26/03/2021)
Descaso do governo e empresários
O descaso do governo, tanto do Bolsonaro, dos governos estaduais e municipais, como Doria e Covas, entre outros, que vivem fazendo demagogia, mas conseguem fazer com que milhares de pessoas não tenham leitos de Unidades de Terapia Intensivas (UTIs), vacinas, etc., bem como, com os exploradores do povo e de seus trabalhadores, os hospitais particulares estão fazendo com que os profissionais da saúde acabem abandonando sua profissão, como ocorreu na “Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, no interior de São Paulo, onde 27 profissionais pediram demissão”. “Eles chegaram a uma ‘situação limite’”, de acordo com uma matéria publicada no Jornal O Globo.
Em entrevista ao portal G1, o infectologista e gerente médico da Santa Casa, Roberto Muniz Júnior, disse que aguarda resposta do sistema do governo do estado que gerencia a transferência de pacientes, o Cross. Segundo ele, o hospital não recebeu do Ministério da Saúde os remédios que estavam previstos.
Um capítulo à parte
Os governantes de São Paulo, João Doria Jr., governador do Estado e Bruno Covas, prefeito da capital, “científicos”, ambos do golpista PSDB decidiram que os professores, agora fazem parte das atividades essenciais e, serão obrigados a frequentarem, juntamente com os alunos e funcionários, darem aulas presenciais, mesmo com todo o risco de contaminação, como já ocorreu em mais de mil escolas e com mais de 2 mil profissionais da educação e alunos, além de deixar os profissionais dos transportes, bem como, a população que deles se utilizam para trabalhar, ou seja, os genocidas mostram porque a situação é tão catastrófica, não por acaso, São Paulo é onde há o maior número de mortes e contaminações. São perto de 72 mil mortes e mais de 2,4 milhões de contaminados.
Os números não batem
A hecatombe provocada pelo fascista Bolsonaro, todos os governos e prefeitos do país está nítida nos números que são divulgados todos os dias, como no sábado (27), por exemplo, onde foram contaminados 12,5 milhões e mortos de 311 mil em que foi batido mais um recorde de 2.548 e, apenas na saúde, já são mais de 50 mil contaminados, o número mortos representa perto de um quarto (¼) dos profissionais da enfermagem, de uma lista de 130 países.
Mesmo diante da situação catastrófica, os órgãos do governo, a exemplo do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) os quais apresentaram como mortos de 468 profissionais da enfermagem em 2020, entra em contradição quando, em notícias anteriores, com o artigo de 27 de janeiro de 2021 da Rede Brasil Atual é apresentado como número de mortos em todo o país, foram registrados 47.335 casos de coronavírus entre enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem e obstetrizes. Destas, 525 morreram. Os dados são do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), até 31 de dezembro. “Decorridos 11 meses de pandemia no país, permanecemos ocupando a primeira posição entre os países que mais matam profissionais de enfermagem no mundo, alcançando a triste proporção de um terço dessas mortes”, diz a nota das trabalhadoras.
O artigo da RBA é, na realidade, uma exigência das trabalhadoras da enfermagem da capital paulista querem providências sobre situação dos profissionais do setor – que representam 60% dos profissionais de saúde.
É preciso vacina para todos sem distinção!
Fora Bolsonaro e todos os golpistas. Fora Doria, Covas e demais governos prefeitos golpistas!