Nesta última quarta-feira, 27 de outubro, o jogador de vôlei Maurício Souza foi demitido do time Minas após postar em sua conta no Instagram uma imagem do anúncio da DC Comics que o novo superman, personagem de quadrinhos, será bissexual. Diz na legenda “Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”.
A postagem resultou numa polêmica que atiçou os identitários que iniciaram rapidamente os ataques contra o jogador. Pressionaram os patrocinadores do time que decidiram pedir para o time a demissão de Maurício. Os principais patrocinadores são a FIAT e a Gerdau.
Foi demitido.
Não contentes, decidiram nova investida. Um grupo de 20 parlamentares do PSOL, PCdoB e Rede de 13 estados diferentes entrou com uma representação no Ministério Público de Minas Gerais solicitando a abertura de uma ação civil pública contra o atleta por “incitação do preconceito e discriminação homofóbica”; a peça pede R$50 mil em dano moral coletivo.
Evidentemente o cidadão possui uma moralidade tradicional, conservadora. Para ele, ser bissexual ou homossexual não é uma coisa boa e ter um personagem que retrate isso em quadrinhos não é uma boa influência.
Esse simples comentário não apenas gerou uma polêmica, mas já resultou em punições. Podemos, naturalmente, discordar do que ele está dizendo, mas puniremos a pessoa por simplesmente falar?
Sei que o jogador tem simpatia por Bolsonaro, mas nesse caso isso não significa nada, o grave da situação não é o conteúdo da coisa, mas sim da ação absurdamente autoritária contra ele.
Não se tratou de uma ação violenta contra um cidadão que é homossexual, que ele saiu por aí espancando pessoas apenas por serem homossexuais. Foi apenas um comentário.
Esse caso demonstra que no Brasil não há o direito de ter opinião. Qualquer que seja. Evidentemente o PCO defende os direitos democráticos da população LGBT e justamente por isso defende o direito de ser dito o que se quiser.
Não é uma política séria. É uma espécie de histeria coletiva, não é uma discussão, não há uma tentativa de convencer a pessoa do contrário que pensa, é uma atitude de força para obrigar a pessoa a não pensar o que pensa. Mudar pela violência.
A época da inquisição da igreja era da mesma forma. A igreja definia o que podia ou não ser opinião. Quem não concordasse, ia para a fogueira. No Brasil de 2021, pode ir para a cadeia.
A histeria dos identitários é uma espécie de loucura religiosa.
E, ainda por cima, não se trata de uma defesa dos oprimidos. É uma política diretamente formulada e orientada pelo imperialismo. Como fizeram, por exemplo, na política de apoiar Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, em nome da defesa da mulher. A mulher, que foi eleita, agora será responsável pela enorme opressão de milhões de mulheres em todo o mundo.
Essa política identitária vem das universidades norte-americanas, que estão abarrotadas de identitarismo. A prova de que essa política vem do imperialismo foi a sua defesa por parte da FIAT, da Gerdau, da Rede Globo.
A esquerda que diz defender o socialismo, aqueles que defendem os direitos do povo, não podem cair nessa política barbara.
O problema não é mudar como as pessoas pensam. O papel da esquerda é promover a tolerância. Pode se achar ruim ou bom ser homossexual, mas deve-se promover a tolerância.
Evitar que determinado tipo de concepção se torne obstáculo ação comum dos trabalhadores. Sair com código penal na mão vai forçar a mudança de mentalidade.
Essa política gerá, no final das contas, uma resistência maior contra a população LGBT. Resultado em uma reação contra a população LGBT que pode ficar identificada como autoritária, contra o direito democrático de liberdade de expressão.
As pessoas podem ver que como a Globo, a FIAT, etc estão supostamente apoiando e defendendo setor social, pode associa-los como parte da camada privilegiada da sociedade, identificada com o poder estabelecido.
Essa situação pode, inclusive, acontecer com os negros, apesar do tamanho da população negra no Brasil.
Vejamos dois exemplos:
No Haiti, há uma luta dos negros contra os mulatos. Os que tem a pele mais clara ou feição mais caucasiana, é mal visto pelos negros mais retintos. Ambos setores sociais já governaram o país e com o poder estabelecido perseguiram o outro setor social.
Em Ruanda, na África, os belgas ocuparam o país e o dividiram em duas etnias, os tutsi e hutus. Definiram que os que possuíam uma característica mais ocidental seriam transformados na camada privilegiada e a maioria do povo seria origem mais africana.
Quando os franceses decidiram dar um golpe de Estado no país, se apoiaram na parcela oprimida, manipulando seus interesses e estimulando o ódio contra a minoria privilegiada. O resultado foi um completo genocídio. Não mataram apenas os pertencentes da classe dominando, como toda população identificada com ela.
A conclusão mais lógica é que quem pagará o pato, no Brasil atual, é a população LGBT mais pobre. O homossexual que pertence à classe dominante fugirá, mas o pobre sofrerá.
Hoje a Rede Globo está apoiando a política identitária. Amanhã, pode não estar mais de acordo com seu interesse. A burguesia, por sua vez, pode soltar os cachorros da extrema-direita, que estará bem preparada para esmagar.