As eleições na Catalunha acontecem em meio ao recorde de mortes e contágios de toda a pandemia, o que elevou recentemente a Espanha ao podium dos 3 piores países da Europa no gerenciamento da crise sanitária. O candidato que está à frente das pesquisas eleitorais é justamente o principal responsável por este massacre da classe trabalhadora, o ministro da saúde Salvador Illa que se retirou do suposto combate ao COVID para se candidatar ao governo da Catalunha.
Como dificilmente seria de se esperar em uma situação como esta, o Supremo Tribunal de Justiça determinou que as eleições não podem ser adiadas pela questão sanitária (como queriam as forças políticas locais), e se espera que um grande número de contagiados tenham garantido pelo poder judiciário o seu direito de comparecimento nas urnas. Na Espanha, apesar do toque de recolher durante a noite e das medidas ainda mais duras de restrições de liberdades que se esperam, enquanto o ministro da saúde do governo de coalizão é o favorito nas pesquisas, as eleições continuam.
Com a população abalada pela crise sanitária a questão do independentismo se coloca em segundo plano nas pesquisas eleitorais o que somado ao problema da frente ampla proporciona uma situação extremamente favorável para o candidato governista, por isto a urgência em realizar as eleições neste momento. O governo de Pedro Sánchez que já contava com o apoio de praticamente toda a esquerda conseguiu recentemente incluir na sua base de apoio tanto os nacionalistas bascos como o partido de extrema-direita VOX para a aprovação do multimilionário fundo europeu para a recuperação econômica e social no valor de 150.000 milhões de euros.
Se os resultados do combate ao COVID e a questão do Independentismo não explicam diretamente o favoritismo e o amplo apoio ao ex-ministro da saúde e ao governo de Pedro Sánchez, a distribuição dos fundos europeus e a defesa dos interesses de Bruxelas sim, que o fazem perfeitamente. O difícil é encontrar em meio às forças políticas em disputa alguém que explique as consequências desta política para os trabalhadores.
Os desenvolvimentos da crise de 2008 e mais especificamente a intervenção da UE na Grécia são o exemplo mais claro das consequências de se levar adiante a política ditada pelo mercado financeiro através das diretrizes de Bruxelas. Esta dívida equivalente a uma situação de guerra é dirigida a beneficiar o próprio setor financeiro da economia, quem vai pagar é o trabalhador, em uma situação ainda mais agravada pela ausência de uma organização própria, que realmente defenda os nossos interesses.
Uma possível independência formal da Catalunha em relação a Espanha não tem nenhum significado concreto diante de uma total dependência econômica da União Europeia e do mercado financeiro. É preciso estabelecer um programa próprio da classe trabalhadora.