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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Identitarismo reacionário

A violência de Tabata Amaral contra as mulheres brasileiras

Caso envolvendo José de Abreu e Tabata Amaral é exemplo cabal de identitarismo reacionário, voltado para interesses individuais e contra a população brasileira.

familia

O caso recente envolvendo o ator José de Abreu e a deputada federal de direita Tabata Amaral é apenas mais um triste episódio de um folhetim vazio e superficial que tem como cenário as redes sociais.

É neste folhetim que a pequena burguesia, à direita e à esquerda, constrói, diariamente, castelos no ar disfarçados de realidade.

Imagem de matéria do Uol mostra mulher pedindo esmolas: violência causada pela política econômica endossada por deputados como Tábata Amaral.
Ao reivindicar para si a pecha de mulher vítima de discurso violento, Tabata apropriou-se e usou um argumento “feminista” para satisfazer seus interesses pessoais de reeleição em 2022. Sua reação midiática é propaganda e só.

Ficamos sem saber, no entanto, onde estava com a cabeça o ator da Globo, queridinho dos canais de esquerda no YouTube, ao passar uma bola com tanto mel para a ofendida.

Como acontece nesses casos, o castelo de ar da deputada privativa ganhou ainda a defesa incondicional da turba de espertos, uma reação com cara de torcida organizada para garantir o máximo de impacto na forma de likes e de compartilhamentos.

De concreto, ou seja, de realidade visível e palpável, está o fato de que a deputada privatizada não fica ofendida e nem passa vergonha quando condena as mulheres trabalhadoras brasileiras a uma pobreza terrível e desumana ao votar a favor das pautas econômicas que favorecem um parcela mínima e rica da população, o que lhe garante em troca, entre outros benefícios, espaços generosos na imprensa hegemônica.

Capa do jornal Extra de 21/09/2021: violência é resultado do endosso de deputados como Tabata Amaral às políticas econômicas do governo, em nome de homens ricos. Foto: Jornal Extra/Twitter.
Atualmente, as mulheres trabalhadoras brasileiras não conseguem ter acesso ao mínimo de proteção social, como direitos trabalhistas, renda para comprar itens básicos de subsistência para si e seus filhos e sistemas de saúde, de apoio à moradia e de aposentadoria que possam evitar uma vida e uma velhice livres de desespero.
Uma das responsáveis por essa lamentável, porém totalmente evitável situação é a deputada privada. A violência de Tabata Amaral contra as mulheres brasileiras é consciente e comprometida com os interesses econômicos da classe dos abastados. No geral, homens brancos e velhos a quem ela se deixa servir e usar de joelhos.

Os interesses são satisfeitos quando legislações, aprovadas por ela e demais colegas de clube privé, autorizam a transferência inesgotável, para esses ricos, da renda produzida por milhões de mulheres trabalhadoras brasileiras, eliminando por completo condições mínimas de sobrevivência e condenando-as e a seus filhos a sofrimentos horríveis.

Tabata e seus colegas privatizados legalizam a exploração. O uso apático de argumentos feministas ajuda a deslegitimar possíveis críticas à sua atuação. O feminismo se torna apenas cortina de fumaça usada para encobrir atitudes concretas que espalham o horror e o desespero.

Isso não é feminismo.

“O feminismo pequeno-burguês é insuficiente para proceder à desmistificação completa da consciência feminina, uma vez que, (…), está compromissado com a ordem social das sociedades de classes (…)”.

A frase acima foi escrita pela pesquisadora Heleieth Saffioti em seu livro A Mulher na Sociedade de Classes, que teve sua primeira edição em 1969.

Florestan Fernandes foi o orientador da pesquisadora, falecida em 2010, que consolidou sua carreira como professora de sociologia na UNESP e dedicou sua vida a pesquisas ligadas à violência contra a mulher brasileira.

No entanto, não surpreende constatar que, passados mais de 50 anos desde a primeira edição do livro, o horizonte político limitado e individualista das Tabatas seja a única alternativa no mercado privativo de deputados personalité.

Mais triste ainda é perceber que estamos no meio de uma guerra de classes que ainda parece fantasia para muitos que se dizem de esquerda.

Nota-se que muitas mulheres, figuras públicas na política, estão em cima do muro. Elas se dizem de esquerda, mas vivem neste castelo pequeno-burguês feito de ar, aproveitando as hashtags em destaque tanto quanto Tabata.

Condenam o governo, é claro.

Criança ianomami com quadro de subnutrição avançada e malária. Violência é endossada pelo Congresso Nacional, em nome do governo, ao legalizar o usufruto da terra no Brasil como privilégio de poucos homens ricos. Foto: divulgação/twitter.
Contudo, é pouco: não manifestam posturas consistentes, conscientes e concretas contra o desastre social e não colocam a guerra de classes no centro do debate político. No fundo, são cúmplices da violência perpetrada por agentes da direita.

Não há nada mais confortável do que ficar divulgando #forabolsonaro. Essa hashtag afasta o holofote crítico sobre suas atitudes conformistas e coloca na sombra a bolha institucional à qual pertencem e fazem questão de manter intacta. E, mais importante, garante os votos em 2022.

A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste diário.

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