Na semana passada, em apenas um dia, morreram dois trabalhadores dos Correios vítimas do coronavírus. Um companheiro de Manaus e outro de São Paulo, trabalhador do Complexo Operacional do Jaguaré, o maior do País. Claramente, esses trabalhadores morreram seja pelas condições de trabalho impostas à categoria, que não pode parar em meio à pandemia, seja pela péssima estrutura de saúde do País, que resultará em milhares de mortes de trabalhadores.
Está claro que os que mais vão sofrer – e já estão sofrendo – com a epidemia serão os trabalhadores. Muitos deles, como é o caso dos Correios, não terão direito nem mesmo de ficar em casa se protegendo como podem da doença e estão sendo obrigados a trabalhar. Os Correios são apenas um caso, mas há um sem número de categorias que estão trabalhando. Isso sem contar que aqueles que conseguiram se afastar também não conseguirão ficar parados por muito tempo.
Enquanto esse cenário desastroso para a população se desenha, os sindicatos, que deveriam defender os trabalhadores, desapareceram. Para ser mais preciso, quem desapareceu foram os dirigentes sindicais e os sindicalistas, a maioria deles.
No dia da morte dos dois companheiros dos Correios, nem mesmo os sítios e páginas dos sindicatos e federações da categoria davam a notícia da morte. Era como se não fosse com eles.
O mesmo acontece com outras categorias. Os sindicalistas aproveitaram seu “status” de dirigente para tomar uma posição individual diante da crise. Foram para casa fazer quarentena enquanto a base que deveria ser defendida por eles está trabalhando e, podemos afirmar agora, está morrendo.
Isso acontece porque esses sindicalistas são parte da esquerda pequeno-burguesa que adotou a política do “fique em casa” como única política diante da crise. A mesma política da direita como João Doria, Wilson Witzel e Ibaneis. A diferença é que, enquanto sindicalistas e a esquerda pequeno-burguesa só conseguem “ficar em casa”, a direita e a burguesia cinicamente continua submetendo os trabalhadores aos maiores riscos nas fábricas, no transporte público, nos setores de trabalho.
O papel número 1 dos sindicatos é defender os trabalhadores. Enquanto houver um trabalhador sob risco, é preciso que os sindiclaistas estejam lá para defende-lo, organizar uma greve coletiva e obrigar o patrão a fornecer a segurança da categoria que eventualmente não possa parar durante a crise..
No entanto, o que têm feito os sindicalistas é criminoso. Primeiro, houve uma onda de conselhos aos trabalhadores para que tomassem ações individuais diante de condições de trabalho sem segurança. O sindicato, que existe para que o trabalhador possa agir de maneira coletiva, dá orientações para que ele aja individualmente, deixando a categoria vulnerável e completamente nas mãos dos patrões.
Agora, a nova moda dos sindicalistas é fazer demagogia. Alguns sindicatos, como o dos professores do Distrito Federal e dos químicos de São Paulo decidiram ceder suas sedes para a criação de leitos do governo. Deram a estrutura do sindicato para a direita golpista ao invés de usar essa estrutura para defender os trabalhadores que estão sendo atacados. Uma política demagógica e criminosa.
O sindicato serve para lutar, mobilizar e defender os trabalhadores dos patrões e dos governos de direita e não para servir de colaborador com esses governos no genecídio que preparam contra o povo. Pois é disso que se trata. Os poucos leitos que serão feitos nesses sindicatos não vão nem de longe resolver o problema da falta completa de estrutura de saúde fruto da política da burguesia e de seus governos que querem matar o povo.
Mas com certeza a estrutura do sindicato será muito importante para defender os trabalhadores que estão e ficarão doentes por culpa da ação dessa mesma burguesia e desses mesmos governos.
É preciso que os sindicatos comecem a se mobilizar e mobilizar as categorias.