Nesse ano de 2020 estão marcadas, até então, as eleições para prefeituras municipais em todo país. E a norma imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral é que essas eleições aconteçam em descompasso de dois anos com as eleições para governadores, senadores e a presidência da república. Dois anos se vão de governo Bolsonaro, com uma destruição avassaladora do País, e o foco da esquerda se vira novamente para as eleições. Dessa vez, o PSOL aparece como partido abre-alas para a direita.
No Rio de Janeiro, o parlamentar do PSOL Marcelo Freixo saiu destacado como uma das figuras da ala mais direitista de toda esquerda. Em todas as eleições anteriores o candidato se apresentava como o esquerdista mais popular do pleito, e por isso era dever de toda esquerda e todo setor democrático votar e fazer campanha para ele. Isto é, se unir em torno da sua candidatura.
Recentemente, renunciou a sua candidatura. A atitude aparentemente incoerente, e até certo ponto o é, como qualquer política pequeno-burguesa, oscila e vacila. Mas por que essa atitude agora? Para colocar em marcha uma política de aliança com o setor mais direitista do regime político. O que Freixo apresenta, e isto toda a ala majoritária do PSOL, como a “necessidade de união”, é unir-se com os setores golpistas.
O PSOL-RJ não vai apoiar a candidata da esquerda, que seria Benedita da Silva (PT), que seria de longe a candidatura mais popular, mas irá lançar uma figura secundária. O plano é simples, e inclusive destacado na boca do próprio parlamentar: apoiar o “fulano” do PSOL para se colocar a serviço do senhor Eduardo Paes (DEM) no segundo turno. Uma manobra antidemocrática e uma traição ao povo.
Uma manobra inclusive já bem revisitada na história recente, que diz respeito as manobras da burguesia para permanecer com seus políticos de preferência, a direita do regime político, sobre o controle do aparato do Estado burguês. É nesse sentido que o PSOL entra com tudo nas eleições de 2020 para ser uma cara mais “esquerdista” das manobras dos exploradores da população.
A tática seguiu o mesmo a mesma forma anterior, em diversas oportunidades. Foi o que fez Marina Silva em 2010 e, principalmente, em 2014, quando assumiu a candidatura de Eduardo Campos. A estratégia quase deu certo e por pouco Aécio, o candidato agitador do golpe de Estado, não ganhou. Ciro Gomes fez algo semelhante nas eleições fraudulentas de 2018.
Em São Paulo, a orientação é a mesma. Lançar Guilherme Boulos para levar um verdadeiro bandido político ao segundo turno. Como Russomano, uma figura golpista e totalmente alinhado com o bolsonarismo, para apoiá-lo e fazer campanha para ele contra João Doria (PSDB). É uma política catastrófica e deve ser denunciada e combatida como uma manobra golpista.