Novos atos voltaram a ocorrer em diversas capitais e cidades brasileiras nesse domingo, 21 de junho, contra o regime genocida do fascista Jair Bolsonaro. Manifestantes ligados ao PCO, PT, aos comitês de luta, torcidas e diversas outras organizações, estiveram presentes nos atos, que exigiram o fim do governo golpista de Bolsonaro, eleito mediante uma das mais grotescas fraudes já ocorridas nas campanhas eleitorais do Brasil. Em alguns lugares, contudo, os manifestantes não tiveram de lidar apenas com as manobras dos setores reacionários da esquerda mas também com a repressão, que atingiu características dignas de uma ditadura aberta. Sem nenhuma surpresa, as principais ocorreram justamente em Estados governados pelos “científicos”, o conjunto de políticos direitistas com os quais a esquerda pequeno-burguesa busca formar uma frente ampla.
Em Brasília, os bolsonaristas foram protegidos dos militantes de esquerda pela PM, que os colocou em campos opostos e distantes uns dos outros, na Esplanada dos Ministérios, tendo também confiscado materiais de agitação dos manifestantes de esquerda, como mastros de bandeiras de PVC. A atuação da PM de Ibaneis (MDB) ocorre no mesmo dia em que a Polícia desmontou o acampamento do grupo fascista “300 do Brasil”, o que foi feito com grande alvoroço na imprensa burguesa mas não tem nenhuma consequência minimamente séria para os trabalhadores.
Similar à situação ocorrida na capital federal, no Rio de Janeiro mastros de bandeiras também foram tomados pela PM fluminense, sob a alegação furada de que poderiam constituir armas mas que cumpriram o intento de não deixar as bandeiras serem levantadas. A PM de Wilson Witzel (PSC), porém, foi além na sua atuação repressora.
Pelo crime de portar uma perigosíssima tesoura sem pontas de criança e um pequeno canivete, dois manifestantes do Rio de Janeiro foram presos, entre os quais o companheiro Henrique Simonard. Encaminhados às dependências da Polícia Militar, os manifestantes acabaram sendo soltos após cerca de duas horas, já ao fim do protesto, porém chama atenção o fato de os instrumentos serem razão para o aparelho de repressão prender manifestantes e intimidar os demais, especialmente quando na mesma cidade, em Copacabana e sob forte presença dos policiais militares, os bandos bolsonaristas demonstravam orgulhosamente coisas de potencial bélico muito maior do que instrumentos de cortar barbante para faixas.
Em São Paulo, sob a alegação de uma conciliação de classes entre defensores mais ferrenhos do bolsonarismo e Guilherme Boulos (PSOL), a burocracia judicial determinou uma multa que começava na casa das centenas de milhares de reais, uma medida destinada a proteger os fascistas; e, aqui, é sempre bom frisar, com a conivência de Boulos. Inicialmente marcada para ocorrer nas proximidades da avenida Paulista, o local teve de ser alterado para a praça Roosevelt após nova interferência das instituições burguesas para proteger os bolsonaristas.
Na Paulista, observadores calcularam em aproximadamente 100 manifestantes fascistas com 42 PMs, montados em cavalos e devidamente paramentados para impedir os setores mais decididos da classe trabalhadora de expulsar os fascistas das ruas novamente. Num momento tão conturbado, com a crise explodindo por todos os poros de uma sociedade severamente degradada, animar a população a derrotar a direita por quaisquer meios necessários poderia elevar a crise a temperaturas imprevisíveis.