Na noite deste domingo (18), o jovem Anibal Vilarroel, de 26 anos, foi alvejado por um projétil disparado por um carabinero, membro da polícia militar chilena. Neste dia, aconteciam grandes protestos em homenagem a um ano da explosão social que comoveu a nação sul-americana no final do ano passado. As circunstâncias de sua morte ainda não foram esclarecidas.
Na noite desta segunda-feira (19) e madrugada da terça (20), os vizinhos de Anibal, moradores do bairro La Victoria, subúrbio da capital Santiago do Chile, realizaram uma vigília em homenagem ao jovem assassinado em mãos da polícia herdeira da ditadura. Logo que se confirmou que a morte do jovem se deu em decorrência de um projétil disparado pela polícia, dezenas de pessoas se aproximaram e colocaram velas em sua recordação. Alguns cartazes exigiam “justiça para Aníbal” e “morte aos policiais”.
É digno de nota o fato de que as autoridades policiais e políticas buscaram minimizar o assassinato do jovem. A imprensa capitalista chilena tentou abafar o caso, dando ênfase ao episódio de queima de duas igrejas. Isto é atribuído ao conjunto dos manifestantes, o que configura uma forma de justificar a violência policial contra o jovem.
O Chile vive uma polarização política, que vai se intensificar com o assassinato de Anibal. O governo de extrema-direita de Sebatian Piñera é um fator de agravamento da crise e de intensificação da polarização social. Como forma de manobrar em meio às enormes mobilizações e enfrentamentos nas ruas, o presidente direitista convocou um plebiscito constituinte para o próximo domingo, para decidir se a Constituição da época da ditadura de Augusto Pinochet deve permanecer em vigência.
A direita pinochetista, com o apoio da esquerda pequeno-burguesa, atua para manobrar e dar uma saída institucional para a crise política. É preciso rechaçar essa manobra nas ruas, com mobilizações que coloquem a palavra de ordem de Fora Piñera na ordem do dia.
A polarização política e os enfrentamentos nas ruas são consequências da política neoliberal. No período da ditadura militar de Pinochet, o Chile foi um laboratório da política neoliberal, com participação destacada dos Chicago Boys da Universidade de Chicago, sob supervisão de Milton Friedman. Os serviços públicos foram privatizados e a economia chilena foi inteiramente submetida à tirania dos bancos e instituições financeiras internacionais.
Com a transição ao regime parlamentar, a política neoliberal não foi revertida. E o governo Piñera é expressão concentrada dela. O ódio popular contra Piñera é, no fundo, o ódio contra a política neoliberal, responsável por aprofundar a desigualdade social na nação austral.