Um dos principais nomes da história da esquerda brasileira e renomado mundialmente, o militante e guerrilheiro comunista Carlos Marighella agora tem sua história contada na 9ª arte, na novela gráfica Marighella #LIVRE, de autoria do roteirista Rogério Faria (Corpos-Secos) e dos desenhistas Ricardo Sousa (ZéMurai) e Jefferson Costa (Jeremias – Pele), lançada em junho deste ano pela Editora Draco.
A novela gráfica se concentra em três episódios da vida do guerrilheiro: o primeiro, Marighella #LIVRE, relata sua prisão, durante a juventude, no ano de 1936, pouco tempo antes do golpe de estado dado por Getúlio Vargas para instaurar o Estado Novo, época na qual Marighella era apenas um jovem militante do PCB; a segunda passagem, intitulada Marighella Em Cartaz, se dá no ano de 1964, logo após o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, no qual o comunista é preso dentro de um cinema por agentes do DOPS; Já o terceiro momento da obra, Marighella Vive, se passa em 1969, mostrando seu assassinato pela ditadura militar, numa emboscada organizada pela PM.
A obra é fruto de uma densa pesquisa, na qual os autores cavaram fundo, estudando vários escritos do militante revolucionário, como “Se Fores Preso, Camarada”, “Por Que Resisti à Prisão” e “Minimanual do Guerrilheiro Urbano”. Outras fontes também foram utilizadas, como a biografia Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mário Magalhães, o documentário Marighella, de Isa Grinspum Ferraz, além de jornais da época em que guerrilheiro viveu e outras obras, como filmes e novelas de época, para contextualizar, ambientar e caracterizar a história.
Em entrevista a um podcast da editora da hq, o advogado e filho do guerrilheiro, Carlos Augusto Marighella, afirma: “uma das coisas que eu acho que gera muito interesse, sobretudo no pessoal jovem, em relaçao ao meu pai mais é esse traço de personalidade dele: uma pessoa inteligente, carinhosa e que depois se consagra como politico pela sua coerência em cada momento”. Já em depoimento ao site Brasil de Fato, o roteirista Rogério Faria comenta que “só falar em Marighella já é um ato de resistência, porque ele é uma figura que os poderosos vêm tentando apagar da história do nosso país. Conseguiram incutir na sociedade, em grande parte das pessoas, um medo tão primitivo de Marighella que impede que essas pessoas sequer busquem conhecê-lo […] Marighella durante a vida dele, mesmo após a execução dele, ele representa o ideal de luta por uma sociedade mais justa, uma sociedade sem opressão, cuja essa luta é maior,é mais importante que a própria vida dele. E isso assusta qualquer um que tá no poder.”
A edição possui 64 páginas, nas cores preto e branco, e pode ser adquirida diretamente no site da Editora Draco. A história em quadrinhos é publicada um mês após a data prevista para o lançamento do filme Marighella, dirigido por Wagner Moura, que acabou sendo adiado em decorrência da pandemia do novo coronavírus.