A Fundação Cultural Palmares que – segundo seu sítio eletrônico, a primeira instituição pública voltada para a promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira – tem por atribuição valorizar a produção de negros brasileiros e combater o racismo, publicou nesta quarta-feira (2/12) uma nota com 27 nomes que foram retirados de uma lista de personalidades homenageadas.
Foram excluídos da lista:
Ádria Santos (atleta)
Alaíde Costa (cantora e compositora)
Benedita da Silva (deputada federal, PT-RJ)
Conceição Evaristo (escritora)
Elza Soares (cantora)
Gilberto Gil (compositor e cantor)
Givânia Maria da Silva (educadora)
Janete Rocha Pietá (arquiteta e política)
Janeth dos Santos Arcain (esportista)
Joaquim Carvalho Cruz (atleta)
Jurema da Silva (política)
Léa Lucas Garcia de Aguiar (atriz)
Leci Brandão (cantora)
Luislinda Valois (jurista e política)
Marina Silva (política)
Martinho da Vila (cantor e compositor)
Milton Nascimento (cantor e compositor)
Paulo Paim (senador, PT-RS)
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (pesquisadora)
Servílio de Oliveira (sindicalista e político)
Sueli Carneiro (filósofa e escritora)
Terezinha Guilhermina (atleta)
Vanderlei Cordeiro de Lima (atleta)
Vovô do Ilê (fundador do Ilê Ayê)
Zezé Motta (atriz e cantora)
Os motivos da retirada alegados por Sérgio Camargo, o bolsonarista que preside a instituição, foram que “é preciso relevância, mérito e caráter. A lista de Personalidades Negras Notáveis passa a prestar homenagens póstumas. Todos os que foram excluídos podem voltar um dia, pelo critério da contribuição histórica. Basta merecer”.
Essa não é a primeira polêmica que a Fundação se envolve desde o início da gestão de Sérgio Camargo. O atual presidente é filho do escritor Oswaldo de Camargo (poeta, ficcionista, crítico, historiador da literatura e um dos mais destacados escritores negros das últimas décadas) e, ao contrário do restante de sua família, ficou conhecido por suas posições conservadoras, por negar a existência do racismo, da escravidão na história do Brasil e defender posições revisionistas da história. Antes de assumir o cargo, Sérgio Camargo atuava como jornalista.
Em sua gestão Camargo promoveu uma série de ações que atacam a cultura afro-brasileira e se alinham com os interesses do governo federal de isolar os movimentos sociais. Entre os atos dele estão: Pedir o fim do movimento do movimento negro, excluir Zumbi dos Palmares da lista de personalidades negras e negar recursos a organizações religiosas de matriz africana.
Sérgio Camargo é a prova de que o fato de ser negro não qualifica ninguém para falar pelo povo negro. Sem alinhamento com os interesses e necessidades da população negra, ele é apenas um fantoche que valida a pantomima que é o governo do fascista Jair Messias Bolsonaro. A medida de retirar essas personalidades da lista de homenagens nada mais é do que uma ação para atender o presidente e seu grupo, provocando a esquerda e atignindo as figuras mais combativas do movimento negro.