Segundo declaração do secretário estadual da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, a economia paulista não está totalmente paralisada com a quarentena imposta pelo governador João Dória (PSDB), que foi estendida até o dia 31 de maio. Segundo afirmação feita por ele na segunda-feira passada (11), 74% das empresas continuam funcionando normalmente, sem nenhuma restrição, mesmo com a quarentena.
O que isso quer dizer, na prática, é que 74% das empresas continuaram com seus contingentes de trabalhadores sem nenhum isolamento social de fato. Nessas empresas, todos os funcionários estão tendo que trabalhar, sem ter o direito a ficar em casa para se proteger da infecção por coronavírus.
Além disso, a quantidade de empresas que continuam funcionando, mas com alguma restrição, é de 76% do total de empresas do estado. Estas empresas dispensaram alguns de seus funcionários, mas mantiveram a outra parte trabalhando normalmente. É um outro número grande de pessoas que não estão podendo se manter em casa durante a pandemia de coronavírus.
Segundo Dória afirmou em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes na segunda-feira passada (11), o setor da construção civil seria um exemplo de atividade que não foi interrompida em nenhum momento durante o período de quarentena.
Esse é um dos exemplos lembrados pelo governador de extrema-direita, porém pode-se citar outros setores como os Correios, a indústria alimentícia, os supermercados, o setor de transporte público, profissionais informais que não têm condições de se manter sem trabalhar e que não estão recebendo nenhum auxílio financeiro do estado e muitos outros.
Ainda assim, o secretário da Fazenda Henrique Meirelles menciona a queda de 19% no ICMS do estado de São Paulo com relação ao ano passado, porém ele justifica dizendo que a queda se dá não só por efeito da quarentena, mas também da pandemia em si, que tem uma influência grande em vários setores da economia.
O governador ainda procura fazer demagogia com a população pobre, dizendo que 10 mil cestas de alimentos seriam entregues para comunidades de baixa renda em aldeias indígenas. Isso em um estado com a população de mais de 44 milhões de pessoas. É claro que não passa de um jogo de cena.
É preciso denunciar seriamente o fato de que não há quarentena de verdade em nenhum lugar no Brasil. Os números de São Paulo demonstram que, apesar de toda a propaganda da direita feita com apoio da esquerda pequeno-burguesa, a maior parte da classe trabalhadora continua tendo que sair às ruas e correr o risco de se infectar, tanto no seu ambiente de trabalho como no transporte coletivo lotado que toma todos os dias e que é um dos ambientes mais propícios para a propagação do vírus.
É preciso parar todas as empresas que continuam funcionando e deixar que os trabalhadores decidam quais são os serviços essenciais. Além disso, nas empresas que não puderem parar porque geram produtos fundamentais para a sobrevivência da população, é preciso criar um sistema de turnos para os trabalhadores não passarem tempo demais expostos ao vírus. Deve-se, também, proibir a demissão e a suspensão de contratos. Um auxílio que realmente sustente o trabalhador deve ser oferecido pelo governo para que ele possa fazer o isolamento social. A única forma de alcançar essas medidas é pela organização e mobilização popular nos conselhos de bairro, que devem desenvolver seu programa de reivindicações e pedir Fora Bolsonaro e Fora Dória.