Na manhã de sexta-feira, 3 de janeiro, saíram as notícias sobre mais uma investida criminosa do imperialismo contra um país atrasado que, já faz um tempo, se mostra uma inconveniência para sua hegemonia no Oriente Médio. Trata-se do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã, considerada mais importante do que as próprias forças armadas nacionais iranianas.
O general Soleimani era considerado o principal articulador das forças iranianas nos países vizinhos, tendo atuado em operações no Iraque, na Síria, no Líbano e em diversos outros lugares. O seu assassinato veio sem nenhum motivo real dado pelo governo norte-americano. Portanto, trata-se de um crime político, uma ofensiva gigantesca contra a soberania iraniana.
O ataque se deu no Aeroporto de Bagdá, no Iraque, e assassinou oito pessoas, entre elas o general iraniano e o principal líder das milícias xiitas ligadas ao governo iraquiano, Abu Mehdi al-Muhandis, o que configura um ataque aos dois países ao mesmo tempo. Ainda mais se considerarmos que o ataque se deu em solo iraquiano.
Centenas de milhares de iranianos já saíram às ruas de Teerã e de outras cidades do país para protestar contra o assassinato de seu general. Houve uma marcha até o escritório das Nações Unidas e incêndios de bandeiras americanas. Além disso, em outros países com grande população muçulmana também há vários protestos contra a ação criminosa dos EUA, como Índia, Paquistão e Iraque.
Reação da esquerda
No entanto, não se vê por parte da esquerda norte-americana nenhuma denúncia ao crime cometido por seu país. O candidato presidencial democrata Bernie Sanders deu uma declaração extremamente moderada, em que critica o fato de Trump não ter conseguido apoio do Congresso para o ataque e diz que pode aumentar a instabilidade na região, além de citar os gastos financeiros que os EUA têm com os conflitos que promove pelo mundo. Porém, não diz uma palavra sobre o ataque à soberania iraniana e iraquiana e não denuncia como crime um ataque violentíssimo contra um dos principais líderes de uma nação independente.
A também democrata Alexandria Ocasio-Cortez se coloca contra uma possível guerra contra o Irã em sua conta no twitter, mas coloca como razões principais apenas questões orçamentárias e uma defesa genérica da “paz” e da “vida de pessoas inocentes”. Da forma como ela coloca seu protesto, despolitiza totalmente a questão e traz tudo para o reino da moral.
A esquerda internacional e principalmente a de países atrasados como o Brasil, que também sofre ataques do imperialismo deve se colocar de forma clara contra a ação do imperialismo, contra o assassinato das lideranças do Irã e Iraque, contra o embargo ao Irã, pela saída das tropas norte-americanas do Iraque e de todo o Oriente Médio e contra o fim da destruição dos países da região e a independência de todos os povos.