O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em operação conjunta com o governador do Estado, o também tucano João Doria, está se utilizando da crise provocada pelo Covid-19 para restringir os direitos democráticos da população e estabelecer uma verdadeira ditadura no Estado. Na próxima segunda-feira Covas, juntamente com Doria, anunciarão medidas para aumentar o isolamento social, essas medidas podem ser desde fechamento de ruas, praças e avenidas até a autorização para a polícia Militar do Estado, uma das mais letais do país, prender cidadãos por saírem as ruas, uma espécie de toque de recolher permanente.
Segundo o prefeito psdbista, em entrevista a golpista GloboNews: “seja intervenção em algumas ruas, da mesma forma que a gente faz na região central e no Braz, seja colocando a Polícia Militar para prender as pessoas que se aglomeram. A gente está aqui com equipes estudando e verificando de que forma, caso necessário a gente pode anunciar medidas”.
Em sintonia, o governador do Estado também se expressou da mesma maneira: “se não houver consciência das pessoas, seja na região de São Paulo ou qualquer outra, neste fim de semana nós estamos monitorando isso pelos celulares, a partir de segunda-feira (13) o Governo de São Paulo tomará medidas mais rigorosas, com a penalização de prisão para as pessoas que desobedecerem essa recomendação”.
A ditadura que se avizinha é justificada pelos psdbistas de extrema-direita como necessária para salvar vidas, e com essa nobre justificativa ganham o apoio da esquerda nacional, que se curvou completamente perante a política da burguesia.
Contudo, trata-se de um engodo, de uma farsa. Essa ditadura não é em absoluto uma medida para salvar vidas. Se esse governos estivessem preocupados em salvar vidas estaria nesse momento investindo em contratação de pessoal médico, em garantir o material de prevenção grátis para toda a população, intervindo em fábricas para controlar a produção deste material, organizando e realizando um plano massivo de testes, ampliando os leitos disponíveis e comprando respiradores e aparelhos necessários, organizando um preciso sistema de informação para ter a real magnitude da doença, realizando ampla campanha didática de esclarecimento sobre a doença e as medidas necessárias para combate-la, criando as condições materiais (principalmente moradia adequada e renda) para que as pessoas pobres possam ficar em isolamento, enfim a muito a ser feito.
Porém, o governo, tanto o municipal, quanto estadual, não fazem nada, mas curiosamente apresentam que a retirada de direitos fundamentais, como o de ir e vir e a repressão violenta, jogando mais pessoas nas funestas cadeias infestadas de todo tipo de vírus e inclusive coronavírus, seriam a solução para conter a crise de saúde pública, mais curioso é que há ainda incautos da esquerda que o creem.
Trate-se, evidentemente, não de um plano de contenção de um vírus perigoso, mas de uma plano preventivo de contenção da explosão social que o impacto da doença somada a crise econômica pode acarretar. Não é para salvar vidas, mas para impedir que a massa popular se revolte de maneira descontrolada e ponha em perigo o regime político, controlando assim a mortandade, transferida quase que exclusivamente para a população mais pobre e impedindo os efeitos danosos de sua revolta sobre a já combalida economia.
Eis aí o plano da direita, dos governadores, que só se diferenciam dos planos de Bolsonaro pelo modo mais sutil de agir para enganar a população: organizar a inevitável crise da maneira mais proveitosa para os grandes capitalistas e o regime político burguês. Quem apoia os governadores, apoiam essa política, estando consciente ou não.