A jornalista Érika Ortega, correspondente da RT na Venezuela, foi ameaçada de morte por quem gerencia a conta do Twitter da empresa Silvercorp USA, dirigida por Jordan Goudreau, que recentemente confessou sua participação na tentativa fracassada de invasão à Venezuela no último domingo, 3/5. Goudreau também disse que assinou um contrato, por US$212 milhões, com o deputado golpista Juan Guaidó para sua empresa realizar a operação militar. Segundo ele, o pagamento ainda não foi feito.
No Twitter, Érika Ortega se referiu a Jordan Goudreau como mercenário, o que é uma verdade. Na sequência, veio a resposta da Silvercorp: “Mercenários são pagos. Para livrar o mundo dos cúmplices de Maduro como você, terei prazer em fazer esse trabalho de graça”.
Essa ameaça covarde contra a jornalista da RT é mais um elemento que comprova o envolvimento direto dos EUA no ataque terrorista frustrado de 3.5.
A Silvercorp é uma empresa privada norte-americana que usa publicamente o eufemismo de “gestão de risco” para denominar suas atividades. Na verdade, o que ela faz é terceirizar as ações de terrorismo e intervenção do governo estadunidense, de forma a tentar desvincular a imagem do governo dos EUA dessas ações. No caso da tentativa de golpe do domingo, quem teria contratado os serviços da Silvercorp foi o golpista venezuelano Juan Guaidó.
Essas conexões descritas já bastariam para mostrar o envolvimento norte-americano no ataque; mas, nesse caso específico, temos também a prisão de dois ex-militares estadunidenses, Airan Seth Berry e Luke Alexander Denmam, ambos residentes no Estado do Texas e contratados pela Silvercorp.
E não é só isso. Adolfo Baduel – filho de Raúl Isaías Baduel, ex-Ministro de Defesa venezuelano e golpista, que já está detido por conspirar anteriormente -, logo depois de ser preso, afirmou que os dois mercenários estadunidenses fazem parte da guarda presidencial de Donald Trump. A Casa Branca nada disse ainda a respeito.
Por enquanto, estamos falando apenas dos depoimentos dos envolvidos, mas provas materiais não faltam: a embarcação que levava os mercenários para a invasão partiu da Colômbia, e o GPS do barco confirma isso, além de ser essa a nacionalidade de parte dos detidos. Além disso, telefones via satélite, armas, uniformes e detalhes escritos do plano foram confiscados pela Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). Aos mercenários que vinham pelo mar, se somaria um contingente por terra, mas que foi anulado também pela FANB.
Essa invasão criminosa pretendia ter sucesso na deposição do governo bolivariano em 96 horas, usando um contingente de aproximadamente 300 ex-militares venezuelanos.
O bloqueio econômico imposto pelos EUA e a sabotagem e violência da direita venezuelana vinham sendo aplicados há anos para tentar criar um clima favorável para a deposição do governo bolivariano. Nada disso é novidade. No Chile de Salvador Allende foi assim antes do golpe de 1973 e no Brasil antes de 1964. Foram criados “institutos” e organizações que nada mais eram que coberturas para ações de desestabilização. No Brasil, por exemplo, prefeituras e governos estaduais administrados por direitistas recebiam dinheiro diretamente dos EUA, de maneira a elevar a popularidade de quem se opunha a João Goulart. No Chile, o bloqueio econômico foi violento, assim como na Venezuela hoje. O que foi diferente nos dois casos, se compararmos com o que está ocorrendo hoje, é que na Venezuela o povo está armado – coisa que o governo Allende no Chile se recusou a fazer quando ainda havia tempo; e aqui no Brasil nem se cogitou – e principalmente porque as respostas de Nicolás Maduro à crise econômica agravada pela pandemia do Coronavírus tem sido a melhor de toda a região. Não é à toa que os venezuelanos que saíram da Venezuela por conta das consequências do bloqueio econômico estão retornando. A Venezuela testa muito mais o coronavírus que os vizinhos e já aplicou várias medidas efetivas para proteção do povo durante a pandemia, proibindo demissões e congelando os preços dos itens básicos.
Por outro lado, Donald Trump não combate a Covid-19 como deveria, além de levar mais de 30 milhões de trabalhadores ao desemprego, com dificuldades para receber o seguro-desemprego e sem direito algum a atendimento de saúde, justamente por não haver sistema público universal de saúde nos EUA. E isso tudo está ocorrendo em um ano eleitoral, o que mostra a urgência de Trump em agir contra a Venezuela.
A conclusão óbvia é que as tentativas de golpe contra Chavez e principalmente contra Maduro não tiveram êxito porque o apoio que esses governos têm da classe trabalhadora, apesar da asfixia gerada pelo bloqueio econômico, não arrefeceu a ponto de permitir o golpe. E no contexto atual da pandemia esse apoio só tende a subir.