A moradia da Unesp de Araraquara, local que abriga os estudantes mais carentes da universidade, confirmou os 3 primeiros casos de coronavírus no local. Os estudantes da moradia têm relatado descaso da universidade desde o momento em que a pandemia começou no Brasil, paralisando as aulas.
Um dos exemplos de descaso citados é o fato de que já havia sido pedido pelos alunos que fossem realizados testes nos alunos já no começo da pandemia, o que é a maneira mais óbvia de se controlar o avanço da doença. No entanto, somente após o primeiro caso de Covid-19 ser confirmado é que houve essa preocupação em testar o restante dos moradores.
Os alunos também reclamam do descaso que já vinha sendo feito em relação à permanência estudantil. Não há, por exemplo, na Unesp de Araraquara, um bandejão que alimente os estudantes, pois, desde 2015 o bandejão que se encontrava no campus da Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr), está desativado.
Os auxílios sócio-econômicos também não atendem a todos os estudantes que necessitam e os valores são muito baixos em relação à de alimentação, higiene, materiais e demais necessidades dos alunos que estudam na universidade. Segundo o Comitê Estudantil de Segurança Alimentar (CESA) da Unesp de Araraquara, o valor do auxílio moradia, destinado aos estudantes que vivem na Moradia da Unesp, é de 120,00 reais, sendo que havia sido prometido que esse valor seria de 240,00 reais no começo do ano.
Os auxílios também são suspensos em determinadas épocas do ano e são frequentes os atrasos nos pagamentos, além do fato de que a burocracia para se conseguir o auxílio é enorme e atrasa em alguns meses os primeiros pagamentos dos auxílios no ano.
O CESA também informou em um comunicado em sua página, no dia 22 de maio, que a Unesp havia se negado a tratar do assunto da alimentação dos alunos durante o período da pandemia, ficando a cargo dos próprios alunos se voluntariarem e irem atrás de doações para que a alimentação fosse feita adequadamente, enquanto isso, a diretoria se preocupa em não suspender o semestre e implantar o EAD na universidade durante a pandemia, o que é completamente rechaçado pelos estudantes e pelos professores.
Uma das únicas coisas que foram providências pela direção da universidade foram os equipamentos de proteção, como máscaras e álcool em gel, sendo que esses materiais somente chegaram no começo da pandemia e depois, com os estoques se esgotando, não houve nenhuma preocupação em disponibilizar mais aos alunos, até que houvesse a contaminação dentro da moradia.
O caso da moradia da Unesp de Araraquara demonstra claramente que as instituições da burguesia, e isso inclui as direções e reitorias das universidades, não agirão em favor do povo. Somente a organização dos trabalhadores, dos estudantes e dos demais grupos é que será capaz de lidar com a pandemia e impedir uma catástrofe ainda maior no Brasil.