Coronavírus

Nos EUA, 100 milhões não conseguem pagar exame, que custa R$ 45 mil

Esse é o efeito da saúde privada, no país mais desenvolvido do mundo. A direita quer fazer a mesma coisa no Brasil. Trata-se de um crime hediondo contra a população

Por Charles Nisz, no DCM

David Nemer tem 33 anos e é professor de antropologia da tecnologia na Universidade da Virgínia, nos EUA.

Radicado nos EUA desde 2010, estuda etnografia digital e outros temas do campo da tecnologia.

Por conta da pandemia do Covid-19, Nemer realizou dois exames de sangue – para detectar a presença do coronavírus e um check-up anual. O custo, segundo a conta enviada pelo laboratório, é de US$ 8.352 – cerca de R$ 43.764.

Nemer postou a foto do boleto no Twitter:

“Já reforçou o seu apoio ao SUS hoje? Eu fiz um exame de sangue – check-up & covid19, e ontem chegou a conta: US$8,352 (R$ 44,000). É para agradecer a bater tambor a favor do SUS, que também é um maior player no mercado por manter os preços mais acessíveis no setor privado”, escreveu.

Esse seria o valor a ser pago caso uma pessoa não tivesse um seguro-saúde, o equivalente norte-americano aos nossos planos. Cerca de 45 milhões dos 260 milhões de norte-americanos adultos não têm um seguro-saúde.

De acordo com o pesquisador, 100 milhões de americanos não têm condições de arcar com uma despesa inesperada de saúde cujo valor ultrapasse os US$ 400 – cerca de R$ 2.100.

O professor revelou que gasta US$ 510 (R$ 2600) por mês com seu plano.

Assustado com o valor do exame, Nemer acessou o site do seu seguro-saúde para descobrir se havia alguma cobertura.

Mesmo após a ajuda do seguro, Nemer vai precisar arcar com US$ 720 (R$ 3800) para pagar o exame de sangue do covid e do check-up anual.

Conforme explica o professor, o alto custo dos exames médicos particulares nos EUA é uma das explicações para a disseminação do Covid-19 no país.

“Até 16 de março, o governo não subsidiava e os pacientes suspeitos não tinham dinheiro para pagar um teste cujo valor está na casa dos US$ 1.000”, diz o professor brasileiro.

Um dos casos mais famosos foi o de um paciente em Miami, cuja contaminação aconteceu após viagem para a China. De acordo com o jornal Miami Herald, caso ele realizasse o teste em laboratório particular, teria que pagar US$ 1400 (R$ 7300) e outros US$ 900 seriam cobertos pelo seguro-saúde.

Aqui no Brasil, mesmo os exames particulares saem muito mais em conta.

Para efeito de comparação, o DCM cotou o preço dos mesmos exames realizados por Nemer nos EUA em três laboratórios de São Paulo.

Para detectar o Covid-19 o paciente vai gastar entre R$ 250 e R$ 350.

Já para realizar um check-up, cotamos três opções.

No Labi Exames, esse procedimento custa R$ 145, totalizando R$ 450 para detectar o coronavírus e fazer o hemograma. Quase 10 vezes menos que o montante gasto por Nemer nos EUA.

Se o exame for feito no Doutor Consulta, franquia especializada em oferecer consultas e exames a preço mais baixo para quem não tem plano de saúde, o check-up sai por R$ 417, totalizando R$ 700 quando somamos o exame para detectar o Covid-19.

Para realizar o exame no Fleury, um laboratório de ponta, o exame de sangue similar ao feito por Nemer custa R$ 1.360, fazendo o total Covid-19 mais check-up subir para R$ 1650. Ainda assim, menos da metade do valor que Nemer gastará nos EUA.

No Sistema Único de Saúde, o exame sai de graça – algo inacreditável para os 100 milhões de norte-americanos sem condições de gastar US$ 400 numa emergência.

Basta ter o cartão SUS, agendar uma consulta com um clínico geral e aguardar por volta de 15 dias, diz Handerson Santos, professor do curso de Enfermagem da UFBA.

Depois disso, é feita a coleta do material e os exames ficam prontos em mais ou menos 15 dias. Sem nenhum susto, pelo menos no aspecto financeiro.

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