De acordo com a Assessoria de Comunicação da Funai, entre os dias 23 e 28 de abril, foi promovida uma ação de fiscalização na reserva indígena Uru-Eu-Wau-Wau, localizada em Rondônia, a aproximadamente 300 km de Porto Velho, com a articulação e o planejamento do ICMBio de Campo Novo de Rondônia, Polícia Militar Ambiental, Ibama, Exército Brasileiro e Funai. Esta ação foi feita após denúncias realizadas pelos indígenas que afirmavam que aproximadamente mil invasores com tratores estavam invadindo as suas terras.
Uma equipe com mais de oitenta pessoas participou da operação. No entanto, os tratores e os latifundiários não foram encontrados. Ao invés disso, a equipe achou apenas trilhas, quatro acampamentos com barracas montadas, pontes em igarapés utilizadas para a passagem de motos, duas balsas utilizadas para atravessar mantimentos e motocicletas pelo Rio Floresta, além de plantações realizadas em áreas que foram desmatadas pelos invasores. Durante a operação, duas pessoas foram para a delegacia. As barracas foram inutilizadas e uma motosserra e uma motocicleta foram apreendidas.
De acordo como general Franklimberg Ribeiro de Freitas, presidente da Funai escolhido pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Damares Alves, “estamos atentos às denúncias. Temos trabalhado energicamente em Brasília e nas unidades regionais para atuarmos de maneira eficaz no combate às invasões, principalmente nas áreas de emergência. Uma operação como essa requer um grande contingente de pessoas, organização, estratégia e muito profissionalismo. Por isso são necessárias articulação e parceria com todas as instituições envolvidas de forma que cada uma possa contribuir dentro de sua atribuição”.
No entanto, na prática, nota-se que a declaração do general bolsonarista é uma falácia. Em abril desta ano, a reserva Uru-Eu-Wau-Wau já havia sido ameaçada por grileiros armados de serras elétricas e facões que afirmavam que se houvesse alguma reação à invasão de terras eles iriam “meter bala”. No início do ano, houve outra tentativa de invasão em que os grileiros, que estavam com cinquenta motos, prometeram voltar com duzentas. Sem contar as ameaças covardes típicas da extrema direita frequentemente recebidas pelos moradores da reserva no dia a dia.
Embora o governo queira falsamente demonstrar que está preocupado com a preservação das terras indígenas, essa megaoperação contra os latifundiários que invadiram a terra indígena em Rondônia é, nitidamente, uma farsa. As denúncias eram de cerca de mil invasores com tratores etc. Na megaoperação, porém, eles não foram encontrados, ficando claro que foram avisados com antecedência para que houvesse tempo hábil para se retirar e “esperar a poeira baixar”para realizar novos ataques contra os indígenas.
Estas agressões e ameaças são constantes e nenhuma providência é tomada, ainda mais agora no contexto de um governo golpista e de extrema direita que tem o objetivo ajudar os latifundiários assassinos e o “agronegócio” a expulsarem os indígenas de suas terras.