Na semana após o assassinato da liderança indígena Paulo Paulinho Guajajara um incêndio de grandes proporções assola a terra indígena de Arariboia. Localizada no Maranhão, a TI já sofre o segundo registro queimada no ano. Além da luta contra o incêndio, na última sexta, dia 1 de novembro aconteceu a emboscada à liderança indígena e seu Laércio Guajajara que sobreviveu.
Os indígenas, sem equipamentos adequados, lutam contra uma barreira de fogo com 50 Km de extensão. Ainda que outras pessoas especializadas e treinadas pelo IBAMA participem do combate à queimada, o efetivo não tem dado conta. Isso porque são apenas 60 pessoas entre índios e não índios que lutam para combater uma grande região de floresta onde várias aldeias estão sob risco.
Nos últimos quatro anos a reserva tem sofrido constantemente com queimadas, sendo que até uma delas já foi declarada oficialmente criminosa pelo IBAMA. Se, inclusive, os organismos governamentais que referendam as opiniões golpistas e burguesas afirmam que um incêndio é criminoso é porque a maioria deles o são. Não afirmam que todos são pois não há provas inegáveis de que são de fato criminosos, nesses casos, colocam a culpa e uma possível bituca de cigarro.
O que não explica, por acaso, quem jogou a bituca em determinado lugar rodeado por floresta por todos os lados. Não que os índios não possam fumar, mas não faz sentido para estes jogar uma bituca acesa e suas próprias fontes de sobrevivência. Aqui é preciso que fique claro: O incêndio é mais um ataque dos latifundiários que assassinaram Guajajara e tem interesses em esvaziar aquela terras para expandir seus currais.
Estes burgueses da terra são, ainda, o tipo mais atrasado de burguês, o mais arcaico e conservador. São representados pela bancada do boi, da bíblia e da bala no congresso federal. Não se importam nem um pouco com uma população explorada há mais de 500 anos como todos os povos indígenas.
O fogo está a 20 km da aldeia Zutiwa, segundo Zezico Guajajara, entretanto, “são várias aldeias. O fogo está mais perto da aldeia Buritiana, bem próximo. Agora lá nós podemos controlar, então preocupa, mas não tanto. Awá é caso mais sério. Outra coisa que a gente tá pensando é na linha dos 50 km, que nos preocupa mais.”
São muitas as aldeias que sofrem o risco de serem queimadas. E, mesmo que o fogo seja controlado, o meio ambiente ao redor – forma de subsistência dos povos locais – estará completamente destruído. Assim, os indígenas são obrigados a se tornarem operários e inchar ainda mais os centros urbanos (não estando adaptados às lógicas do capitalismo) e abrem espaço para a expansão da fronteira agrícola que consolida ainda mais a estrutura fundiária desigual do nosso país, ou seja, a concentração de terras.