12 de fevereiro de 1809: nasce Abraham Lincoln, líder da burguesia contra os confederados escravocatas

Abraham Lincoln nasceu dia 12 de fevereiro de 1809, em Hodgenville, Kentucky (EUA) e faleceu no dia 15 de abril de 1865. Filho dos camponeses Thomas Lincoln e Nancy Lincoln, viveu sua infância numa típica casa de madeira da época, na beira da floresta. Conseguiu frequentar a escola apenas um ano, sendo obrigado a se mudar em 1816 com sua família toda para Indiana, em busca de melhor condições de trabalho, tendo trabalhado no campo desde os sete anos de idade.

Lincoln trabalhou de lenhador, em uma serraria, foi barqueiro, balconista, Chefe dos Correios da Aldeia de Salem em Illinois e praticou outros diversos ofícios. Sabe-se que nas horas vagas de seu trabalho, dedicava-se à leitura de livros, principalmente, quando trabalhou de barqueiro. E por último vale lembrar que trabalhou para o governo na demarcação de terras.

Na política, Lincoln iniciou seus passos com a filiação no partido conservador (Whig), entre 1834 e 1840, onde foi eleito quatro vezes para a assembleia estadual. Em 1836, foi aprovado no exame para o curso de direito e depois de formado, se transformou em um advogado muito popular, defendendo causas ligadas aos mais pobres e humildes.

Por volta de 1942, após casar-se e mudar de cidade, Lincoln começou a considerar posições contra a escravidão, além das posições contra diversas injustiças sociais que via a sua volta. Porém, temia que a abolição completa dificultasse a administração do país, uma posição capituladora típica de políticos burgueses tradicionais.

Em 1846, foi eleito Deputado Federal por Illinois, propondo pela primeira vez a emancipação gradativa para os escravos, o que abriu uma grande crise dentro da burguesia, gerando uma movimentação abolicionista em torno de suas posições e um conflito cada vez maior contra os escravocratas do sul. Fez, ao mesmo tempo, grande campanha para que as novas terras ficassem livres da escravidão, sendo contra a ocupação de terras no México. Percebe-se então que Lincoln era um representante de um setor mais progressista da burguesia norte-americana, que justamente por conta da classe social era muito moderado em suas ações.

Os discursos e debates de Lincoln sobre a escravidão se tornaram conhecidos e muito populares, como no caso de 1854 onde o político participou da fundação do Partido Republicano e se tornou o primeiro presidente.

Saindo um pouco da vida de Lincoln e partindo para a luta de classes mais ampla, precisamos pontuar aqui, certa relação que houve entre Karl Marx e o presidente dos EUA. Na Mensagem da Associação Internacional dos Trabalhadores, quando reeleito, Marx redige uma resolução que é aprovada pelo Conselho Geral.

O momento histórico se encontrava no auge da Guerra Civil dos Estados Unidos, assim sendo, os comunistas decidiram por pressionar o presidente com o envio da mensagem que acabou por ter bastante efeito. Como não poderia deixar de ser, Marx pontuou a enorme importância da guerra contra a escravatura na América para os destinos de todo o proletariado internacional e podendo ser um suporte para todos os movimentos progressistas e democráticos.

Engels e Marx trabalhavam muito para educar politicamente o proletariado, buscando influenciar o máximo de trabalhadores e colocando peso sobre a importância dos elementos de vanguarda, sobretudo dentro da Internacional, mas para impulsionar uma atitude verdadeiramente internacionalista em relação à luta dos povos oprimidos pela sua libertação.

As considerações da mensagem dos revolucionárias internacionalistas, tinham como efeito, demonstrar ao presidente reeleito o erro de relutar em conduzir uma guerra verdadeiramente revolucionária contra os escravistas. Marx buscou tecer constantemente críticas sobre Lincoln, acompanhando a política dos EUA, enquanto país capitalista, demonstrando sempre as raízes da luta de classes e o embuste da democracia “burguesa”, principalmente nos momentos onde o republicano capitulou na defesa correta dos oprimidos.

 

Leia a Mensagem na íntegra:

“22-29 de novembro de 1864.

Senhor, felicitamos o povo americano pela sua reeleição por uma larga maioria. Se a palavra de ordem reservada da sua primeira eleição foi resistência ao Poder dos Escravistas [Slave Power], o grito de guerra triunfante da sua reeleição é Morte à Escravatura.

Desde o começo da titânica contenda americana, os operários da Europa sentiram instintivamente que a bandeira das estrelas carregava o destino da sua classe. A luta por territórios que desencadeou a dura epopeia não foi para decidir se o solo virgem de regiões imensas seria desposado pelo trabalho do emigrante ou prostituído pelo passo do capataz de escravos?

Quando uma oligarquia de 300 000 proprietários de escravos ousou inscrever, pela primeira vez nos anais do mundo, “escravatura” na bandeira da Revolta Armada, quando nos precisos lugares onde há quase um século pela primeira vez tinha brotado a ideia de uma grande República Democrática, de onde saiu a primeira Declaração dos Direitos do Homem e de onde foi dado o primeiro impulso para a revolução Europeia do século XVIII; quando, nesses precisos lugares, a contrarrevolução, com sistemática pertinácia, se gloriou de prescindir das “ideias vigentes ao tempo da formação da velha constituição” e sustentou que “a escravatura é uma instituição beneficente”, [que], na verdade, [é] a única solução para o grande problema da «relação do capital com o trabalho” e cinicamente proclamou a propriedade sobre o homem como “a pedra angular do novo edifício” — então, as classes operárias da Europa compreenderam imediatamente, mesmo antes da fanática tomada de partido das classes superiores pela fidalguia [gentry] Confederada ter dado o seu funesto aviso, que a rebelião dos proprietários de escravos havia de tocar a rebate para uma santa cruzada geral da propriedade contra o trabalho e que, para os homens de trabalho, [juntamente] com as suas esperanças para o futuro, mesmo as suas conquistas passadas estavam em causa nesse tremendo conflito do outro lado do Atlântico. Por conseguinte, suportaram pacientemente, por toda a parte, as privações que lhes eram impostas pela crise do algodão, opuseram-se entusiasticamente à intervenção pró-escravatura — importuna exigência dos seus superiores — e, na maior parte das regiões da Europa, contribuíram com a sua quota de sangue para a boa causa.

Enquanto os operários, as verdadeiras forças [powers] políticas do Norte, permitiram que a escravatura corrompesse a sua própria república, enquanto perante o Negro — dominado e vendido sem o seu consentimento — se gabaram da elevada prerrogativa do trabalhador de pele branca de se vender a si próprio e de escolher o seu próprio amo, foram incapazes de atingir a verdadeira liberdade do trabalho ou de apoiar os seus irmãos Europeus na sua luta pela emancipação; mas esta barreira ao progresso foi varrida pelo mar vermelho da guerra civil.

Os operários da Europa sentem-se seguros de que, assim como a Guerra da Independência Americana iniciou uma nova era de ascendência para a classe média, também a Guerra Americana Contra a Escravatura o fará para as classes operárias.

Consideram uma garantia da época que está para vir que tenha caído em sorte a Abraham Lincoln, filho honesto da classe operária, guiar o seu país na luta incomparável pela salvação de uma raça agrilhoada e pela reconstrução de um mundo social.

Karl Marx”

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