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Sororidade Vazia

Cadê as feministas para denunciarem a prisão na Arábia Saudita?

Sororidade só existe quando convém. No dia a dia, no fazer político, o que mais se vê é um oportunismo desenfreado daqueles que se dizem defensores de direitos.

Uma mulher foi condenada a 45 anos de prisão na Arábia Saudita por utilizar redes sociais. Isso mesmo, não é brincadeira. Certo, vamos ver uma grande campanha pelas redes sociais, a sororidade em seu grau máximo? Não, pois se trata da Arábia Saudita, cujo governo, uma monarquia absolutista, é unha e carne com os EUA.

Nourah bint Saeed al-Qahtani foi acusada tendo como base uma lei que trata do terrorismo. De fato, uma mulher usar o Twitter é um ato extremamente subversivo. É claro que quando os partidos Republicano e Democrata, dos EUA, se referem aos sauditas é nos termos de amizade. Ninguém sai chamando ninguém de ditador, é príncipe pra cá, sua alteza pra lá. Uma festa.

Não é de hoje que a Arábia Saudita faz das suas contra as mulheres. O que é estranho, na verdade não é estranho, é o silêncio das feministas. Quando se trata de um país inimigo do imperialismo é um ‘deus nos acuda’! Agora, quando é um aliado, bem…

Em 2011 uma mulher foi presa por dirigir um automóvel e ficou quase três anos na prisão. Não se viu nenhuma campanha. Os jornais da grande imprensa tratam bem os governantes sauditas, tratamento que não dispensam a Chávez, Maduro etc.

No caso do Afeganistão, por exemplo, o que se vê de matérias, postagens nas redes sociais, acusando o Talibã das piores barbaridades contra as mulheres é uma enormidade. Quando o imperialismo foi finalmente expulso do país, a esquerda chorou, quanta comoção! “E agora, o que será das mulheres?”

O que será, não sabemos, mas podemos fazer um breve balanço do que foram os vinte anos de ocupação das tropas dos países civilizados que foram levar democracia para aqueles bárbaros.Antes da invasão, sob domínio dos terríveis talibãs, 30% da população estava abaixo da linha de pobreza; depois que os salvadores chegaram esse número subiu para 77%.

Os ‘defensores’ das mulheres estão preocupados com essa dura realidade? O número de mulheres pobres aumentou duas vezes e meia. Não é preciso fazer muito esforço para adivinhar o que as mulheres foram obrigadas a fazer para driblar minimamente a miséria.

Aumentou, e muito, a quantidade de mulheres que se prostituíam para conseguir um mínimo de sustento, também aumentou exponencialmente o abuso de crianças. Mas, o problema se chama Talibã.

A coisa não para por aí. Após a derrota fragorosa no Afeganistão, os civilizados ocidentais resolveram promover embargos e bloqueios econômicos ao país, o que piorou ainda mais a situação das mulheres. O único hospital que tratava de covid ameaçou fechar as portas por falta de dinheiro. A ONU estima, por conta dos embargos, nove milhões de pessoas morrerão de fome, sendo um milhão apenas de crianças. No entanto, o ruim mesmo é ter de usar burka.

Há inúmeros processos abertos contra soldados que colecionavam partes, como troféus, de pessoas que assassinavam; fotos de soldados urinando sobre cadáveres. E ainda assim os ‘defensores dos direitos humanos e das mulheres’ lamentaram a saída desses psicopatas do Afeganistão.

Isso mostra que a esquerda não reflete verdadeiramente sobre os fatos, é vítima da propaganda na grande imprensa. Enquanto não houver, se houver, uma campanha imperialista contra o governo saudita, a esquerda pequeno-buguesa não moverá um único dedo.

Quem manda na cabeça do pequeno-burguês é a burguesia. Temos o caso recente do assassinato de um jornalista e de um indigenista na Amazônia. Houve uma enorme repercussão e comoção geral. Não demorou muito e diversos indígenas foram mortos por jagunços do Mato Grosso e não se viu mobilização. Também a grande imprensa não tratou de repercutir mais esse crime a mando do latifúndio contra os nossos indígenas.

Identitarismo

Isso mostra como as tais ‘pautas identitárias’ não passam de uma grande mentira. Se houvesse, de fato, uma campanha em defesa dos direitos das mulheres essas coisas não passariam em branco. Não adianta nada comemorar que uma pessoa ocupa um cargo importante no governo de um país quando este está promovendo guerras e carnificinas. Se um negro, uma pessoa trans etc., consegue uma colocação, isso não representa uma conquista para a classe como um todo.

Se a sororidade fosse levada a sério, a candidata da Terceira via, Simone Tebet, não teria votado pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Não teria apoiado Aécio contra Dilma. Hoje, concorrendo à presidência, vem com a conversa de que mulher vota em mulher, mas ela mesma não segue o exemplo.

Os casos do Afeganistão e da Arábia Saudita servem muito bem para demonstrar o quão superficial e demagógica tem sido a luta pelo direito. A cada dia fica mais claro que apenas a classe trabalhadora pode de fato emancipar a humanidade.

Enquanto isso, vamos ficar assistindo a esse triste espetáculo de falso feminismo e sororidade vazia.

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