O artigo Por que o Brasil está queimando?, escrito por Jeferson Choma e publicado no Opinião Socialista, órgão do PSTU, é uma pérola da repetição da propaganda imperialista com um verniz quase esquerdista tratando do aquecimento global, mas expressando uma clara da submissão do partido à política do imperialismo. Ao tratar as alegações sobre o aumento das temperaturas e as emissões de dióxido de carbono como verdades absolutas, o PSTU está, na prática, colaborando para a política imperialista de ataque aos países atrasados por meio da demagogia ambiental. Diz a matéria:
“Essa situação mostra que as mudanças climáticas vieram pra ficar. O ano passado foi o mais quente já registrado em 125 mil anos. A temperatura dos oceanos também não para de subir e já ultrapassa todos os registros anteriores. Além disso, os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, o principal gás do efeito estufa (GEE), são os maiores já registrados em 800 mil anos.
O aquecimento global é causado pela queima dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão), que lançam toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera. Tudo isso é provocado pela indústria capitalista e seu voraz consumo de petróleo. Mais de 75% das emissões globais dos GEEs vêm da indústria, do transporte e das edificações.”
Primeiramente, é necessário questionar a veracidade das afirmações feitas sobre o clima. A ideia de que o ano passado foi o mais quente dos últimos 125 mil anos ou que os níveis de CO2 são os maiores dos últimos 800 mil anos são baseadas em dados fornecidos por instituições ligadas diretamente ao governo dos EUA, como a NASA. Esses dados são usados para promover políticas que frequentemente beneficiam os países imperialistas enquanto impõem restrições aos países oprimidos. Tais números são mais uma ferramenta de propaganda do que uma análise científica crível.
Ao seguir a propaganda imperialista, o PSTU está ignorando a realidade de que o que se diz sobre o aquecimento global é uma propaganda com objetivos claros. A teoria do “aquecimento global” foi elaborada e promovida pelo imperialismo para impedir o avanço econômico dos países em desenvolvimento e justificar a exploração ambiental em nome da proteção climática. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), frequentemente citado pelo PSTU, não é uma entidade científica neutra, mas sim um órgão político criado para servir aos interesses dos países imperialistas e das grandes corporações.
Ao abraçar essas alegações sem questionamento, o PSTU não só adota uma posição anticientífica, como também reforça a propaganda do imperialismo, que usa a questão para atacar e desestabilizar países como o Brasil. O artigo de Opinião Socialista simplesmente ignora o fato de as políticas de restrição ao desenvolvimento industrial e energético dos países oprimidos visam, na verdade, manter o domínio imperialista sobre as economias atrasadas.
Ato contínuo, o artigo de Choma avança com uma verdadeira a proeza ao empreender todo um malabarismo retórico para incluir o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, entre os problemas que o País enfrenta no setor usado pelo imperialismo para atacar a nação. Diz Opinião Socialista:
“O governo Lula também tem sua responsabilidade. Além de investir uma mixaria em prevenção a desastres naturais, também aplica medidas em favor do grande agronegócio, como veremos a seguir.”
Se, por um lado, o autor esquece os nomes dos principais responsáveis reais pelo crime ocorrido no estado sulista, destacadamente o governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo (MDB), Choma não esquece Lula de forma alguma, nomeando-o expressamente. É um exemplo claro de como o partido se desvia da verdadeira responsabilidade.
Enfrentando uma pressão inédita e visível em questões como o cerco a Maduro e o genocídio do povo palestino, Lula foi colocado contra a parede pelos países desenvolvidos, que o pressionam de todos os lados, inclusive dentro do governo e até mesmo de seu próprio partido. Ainda assim, o PSTU consegue empreender um malabarismo retórico que alguns poderiam chamar de cômico pela forma, mas de uma orientação política extremamente reacionária dado a quem serve. É evidente que o partido morenista está seguindo sua tradição em atuar como a mão esquerda do imperialismo, ao invés de desafiar as verdadeiras causas das crises ambientais e sociais.
Em vez de concentrar sua crítica nos piores inimigos da classe trabalhadora, o imperialismo, a agremiação do “fora todos” se alinha com os interesses das potências imperialistas e do grande capital. A verdadeira luta dos trabalhadores e das nações oprimidas é contra o imperialismo, e não contra os governos locais que, mesmo com suas limitações, enfrentam uma pressão severa dos centros imperialistas.
Para um partido que se diz marxista e instrumento da libertação do proletariado, o PSTU conta com estranhas balizas. Mostra que sua política é apoiar-se na NASA e aliviar para os tucanos para atacar um governo de esquerda, como se não fosse o imperialismo o principal obstáculo à emancipação dos trabalhadores, mas o presidente Lula. Ao fazê-lo, contribuem para levar mais confusão às massas operárias e facilitar a tarefa de atacar o governo por quem realmente tem condições de derrubá-lo: os monopólios internacionais.