Polêmica

Super Xandão, o herói da esquerda bajuladora

Chega a ser inacreditável o quanto deteminados setores da esquerda conseguem bajular Alexandre de Moraes, um golpista ligado ao PSDB e a Michel Temer

Super Xandão

A sabujice de alguns esquerdistas a Alexandre de Moraes chega a ser vexatória, como se pode constatar no artigo de Moisés Mendes, Alexandre de Moraes chegou ao cenário da matança, publicado pelo Brasil247 nesta segunda-feira (3).

O juiz que trabalhou no governo do golpista Michel Temer e que votou pela prisão ilegal de Lula, fundamental para a eleição de Jair Bolsonaro, é apresentado como o herói da democracia, o caçador de fascistas. No olho da matéria, por exemplo, está escrito que “O ministro sabe, como fez com o golpismo, como cercar os mandantes de crimes”.

Logo no primeiro parágrafo, lê-se que “perdedores de facções da extrema direita, abandonados e desprezados pelas chefias, transformam-se em bocas grandes, traidores e delatores. O bolsonarismo está lotado de desprezados, arrependidos e ressentidos. A investigação e o julgamento dos golpistas expuseram muitos deles”. O que é uma falsificação do que de fato ocorreu.

De início, é preciso dizer que a delação premiada é uma excrescência, jamais deveria ser utilizada. Não em julgamento que se pretenda democrático. Depois, veio a público, por meio de vídeo divulgado nas redes sociais, que Mauro Cid foi ameaçado, que teria membros de sua família investigados, caso não dançasse a música do Supremo.

A investigação e o julgamento expuseram, na verdade, o próprio STF, mas isso a “esquerda” se nega, por interesse ou despolitização, a enxergar.

Super ‘Xandão’

Mendes diz que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, “pode não temer as investigações intermináveis que podem ser acionadas em torno dos personagens e do cenário da matança, as câmeras corporais desligadas, o abandono dos corpos na mata, a perícia do IML”. E completa em tom ameaçador: “Mas deve se preocupar com a presença de Alexandre de Moraes no cenário pós-chacina, não para ouvir soldados, mas comandantes. Castro é o chefe de todos os que se envolveram no acontecido no Complexo do Alemão e na Penha”.

A menos que Castro esteja atrapalhando algum plano da burguesia, não há o que temer. Moraes não será um empecilho. Ainda que tenha ido ao Rio de Janeiro “para ouvir o governador e sua polícia sobre o que aconteceu, na condição de relator da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) das Favelas”.

Segundo Mendes, Alexandre de Moraes “já sabe o que aconteceu. Foi um cerco para a produção do espetáculo da matança”. Mas isso não é nenhuma novidade. A polícia tem perpetrado massacres sistematicamente nas favelas.

A visão do raios-X

Moisés Mendes, não se cansando de elogiar Moraes, diz que o ministro “sabe que foi uma chacina, como já sabia, na condução das investigações dos golpistas, que aquilo havia sido um golpe. Sabia e foi fechando o cerco, pelas bordas, até chegar ao núcleo e alcançar civis e fardados que tentaram derrubar Lula”. Um verdadeiro super-herói que, como se sabe, não pensou duas vezes em botar Lula na cadeia.

Na sequência, Mendes fala novamente do golpe, pois interessa ligar Bolsonaro ao que ocorreu no Rio. Como se chacina fosse coisa apenas de bolsonaristas. Ao mesmo tempo, sugere que Moraes utilize os mesmos métodos que utilizou contra Mauro Cid.

Alega que “os golpistas não teriam sido alcançados por Polícia Federal, Ministério Público e Supremo sem a ajuda dos que deixaram rastros do plano e também dos que levaram a Justiça, por confissão, aos que tramaram e tentaram executá-lo”. E que “a condenação de Bolsonaro teria sido mais difícil sem as informações” de seu ajudante de ordens.

Comparando mais uma vez, o articulista diz que “Cláudio Castro deve estar se dedicando, desde a execução da chacina, a apagar as pegadas dele e dos seus comandados. Foi o que Bolsonaro e os comparsas tentaram fazer. O próprio Braga Netto foi encarcerado, antes de julgado, por tentar desfazer rastros”. Na verdade, o resultado do “julgamento” já era sabido por todos antes mesmo de iniciar.

“Dificuldades”

Como todo super-herói precisa passar por provações para demonstrar seu valor, Mendes diz que a missão de Super Xandão não será nada fácil, pois “Castro é governador, tem imunidades, dispõe de forte base religiosa e apresenta-se desde a semana passada como líder da direita, e não só do fascismo. Uma dezena de governadores exalta o colega como o exemplo a ser seguido”. Quem disse que imunidade é problema para o super-ministro? Basta ver que ele manda e desmanda nos mandatos dos deputados federais.

Mendes acrescenta que “a antiga direita e a nova extrema direita fortaleceram Castro com manifestações das suas lideranças com mandato. Os governadores foram os primeiros a dizer que estavam juntos”. E que esse é o suporte político a ser enfrentado pelos que desejam investigá-lo e enquadrá-lo como criminoso por ter sido o mandante de uma ação arbitrária”.

No entanto, quanto maior for o desafio, maior o heroísmo. Moisés Mendes alerta que “o desvendamento da matança é de outro departamento e passa por enfrentamentos políticos, em todas as frentes, dos governos às redes sociais, e por investigações que geralmente frustram quem muito espera de sindicâncias sobre casos semelhantes”.

O bem sempre vence no final

Apesar de todos os percalços, para Mendes a população não deve temer. O Super Xandão “com a sua expertise, como diria o estagiário de uma fintech do PCC na Faria Lima, está na parada e pode cercar os chefes da matança a partir das bordas. Que os informantes tragam seus rastros e se apresentem na hora certa”.

É isso, chega a ser inacreditável que um ministro ligado ao PSDB, a Michel Temer, e que faz tudo o que faz, seja exaltado por determinados setores da esquerda.

Não é por menos que a classe trabalhadora, que detesta o STF, seja atraída pelo discurso demagógico antissistema do bolsonarismo. É a própria “esquerda” que joga o trabalhador no colo da extrema direita. Pois se alia aos seus principais inimigos.

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