Governo Lula

Soberania em frangalhos

Deputado do PT cria um cenário no qual o Brasil estaria tendo uma política externa "ativa e altiva", apesar de barrar Venezuela no BRICS

Lula e Janja

José Guimarães, deputado do PT, em seu artigo A soberania nacional incomoda muita gente, publicada no portal Brasil 247 neste sábado (24), além de funcionar como uma espécie de peça de propaganda do governo, acaba fazendo coro com a campanha imperialista, da grande imprensa, e também de setores da esquerda pequeno-burguesa em favor da censura disfarçada como “combate à violência”.

Guimarães inicia seu texto dizendo que “a viagem do Presidente Lula à Rússia e à China, da qual participei, causou espanto na cobertura de parte da imprensa brasileira, furor em comentaristas, provocou editoriais inconformados com a soberania nacional resgatada, com o reposicionamento do Brasil na geopolítica global, e com nossa política externa ativa e altiva”.

A política externa brasileira anda pouco altiva, apesar de, no início do mandato de Lula, ter sido a melhor face de seu governo, uma vez que vinha sendo emparedado na política doméstica.

Quanto ao furor da imprensa, já era esperado, visto que está em marcha uma nova fase do golpe no Brasil que, desta vez, tem como objetivo tirar Lula e Bolsonaro da próxima eleição. Desgastar o presidente está na ordem do dia.

A reação foi como se o Governo Lula tivesse cometido uma heresia ao tratar de nossos interesses com nações euroasiáticas”, escreveu Guimarães, e é assim porque a grande imprensa brasileira, mal pode ser chama de brasileira, e não responde aos interesses nacionais.

Toda a reação é mesmo uma resposta aos comandos dos Estados Unidos que, como diz o deputado, está com a desmanchando, mas isso não significa que não tenha poderio para produzir muito estrago.

O caso Janja

José Guimarães afirma que “usaram um comentário pertinente da primeira-dama, Janja Lula da Silva, no jantar dos presidentes Lula e Xi Jinping, para desqualificar, tirar o brilho e o sucesso da visita. Mas não conseguiram”. A fala de Janja foi qualquer coisa, menos pertinente. Além de quebrar a etiqueta, pediu que o presidente chinês interviesse em uma empresa chinesa assediada pelo imperialismo.

É difícil dizer que não conseguiram desqualificar o pretenso sucesso da visita, pois as críticas contra a primeira-dama foram generalizadas.

Guimarães tentou justificar apelando para o fato de que a preocupação da primeira-dama com a violência seria “por demais conhecida”.

Não ajuda nada dizer que em um vídeo, “a primeira-dama da França, Brigitte Macron, se solidarizou com a Janja, e se prontificou participar da campanha contra violência a crianças e adolescentes nas redes sociais. Brigite Macron falou sobre medidas adotadas na França no combate ao bullying contra crianças e agradeceu à amizade franco-brasileira”.

Se o governo francês está preocupado com a violência contra as crianças e adolescente, só pode ser mesmo nas redes sociais, pois na vida real, apoia “Israel”, que trucida crianças e adolescentes na Faixa de Gaza. A polícia francesa também não economiza borracha para espancar mulheres que se atrevem a defender a luta do povo palestino.

Censura: política do imperialismo

A resposta para a pergunta “qual o problema de dois países da importância do Brasil, da China, da França, trocarem, soberanamente, experiências de inteligência tecnológica e adoção de medidas para conter a violência nas redes?”, é bastante simples: trata-se de uma política do imperialismo para o mundo todo.

Guimarães também questiona o porquê dessa postura “reacionária” e “antinacional”. Na verdade, postura reacionária é a esquerda entrar no jogo manjado do “combate à violência”. Quantos crimes já foram praticados em nome de “guerra ao terror”, “guerra ao tráfico”, etc.?

O Afeganistão passou 20 anos sob uma brutal ocupação porque, supostamente, ali se abrigavam terroristas. Na Colômbia, a “guerra ao tráfico” tem matado líderes populares como nunca, além de ter conseguido triplicar a produção de cocaína no país.

No Brasil, as polícias promovem um verdadeiro genocídio, que só aumenta, em nome de combater a violência. O curioso, é que só mata gente pobre, trabalhadora e, de preferência, negros.

O deputado reclama que “a regulamentação ainda é vista como ‘censura’ por grande parte do parlamento”. Mas é assim mesmo que dever ser vista, sem maquiagem.

Em seguida, alega que “União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos, China, França, Alemanha, Canadá, Portugal, cada um, conforme suas necessidades e possibilidades, já dispõem de leis reguladoras”. Sim, é isso que há tempos denunciamos, trata-se de uma política global do imperialismo, que precisa da censura para esconder seus crimes e tentar controlar a opinião pública.

Os vídeos sobre o massacre em Gaza, a violência extremamente brutal contra manifestantes pacíficos que apoiam os palestinos, tudo isso tem causado enorme prejuízo para a domínio do imperialismo. Chegando perto do final, Guimarães traz que “na reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), o presidente Lula destacou a importância da cooperação entre a China, América Latina e Caribe na articulação do Sul Global. De que adianta, porém, um discurso se no mundo concreto o Brasil veta a Venezuela no BRICS.

Essa questão da Venezuela é mais um ponto que joga contra a tese da política externa ativa e altiva. O Brasil seguiu ordens estrangeiras, eis a dura realidade.

Apesar do esforço de José Guimarães de trazer cifras dos acordos firmados com a China, é preciso dizer que isso não basta, pois a política econômica do governo uma catástrofe. A política de juros altos corrói metade do orçamento.

O trabalhador não come números, por isso, não adianta ficar fazendo propaganda se a vida está cada vez mais difícil. Continuando com essa política, o governo Lula pavimenta seu caminho para a derrota.

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