Nacional

Imprensa burguesa pressiona por mais repressão

Imprensa burguesa faz campanha pelo aumento da repressão, justificando a violência

Uma sofisticada ode à barbárie — esse é o conteúdo da orientação política da imprensa burguesa expressa no artigo Atlas da Violência 2025 me trouxe um sentimento perigoso: esperança. Algo entre o culto e o afetado, que, embora não possa ser reconhecido pela sutileza, tem “leveza” ao defender maior repressão social, enquanto critica os extremos.

Preocupação na moda para a classe média

O autor inicia afirmando “que a violência é, hoje, o tema que mais preocupa o brasileiro”. Todavia, não se define quem é esse brasileiro: qual a classe social, faixa etária, região de residência, etc. Tampouco se esclarece qual seria essa “violência”. No máximo, afirma: “o preço do ovo importa, assim como a fila no posto de saúde e a corrupção em Brasília, mas o medo de levar um tiro na cabeça a caminho do trabalho é maior”.

O que não define se estamos lidando com o temor de um morador da periferia de ser abordado pela polícia e alvejado antes mesmo de ser identificado. Esses mesmos membros da classe trabalhadora, em grande parte forçados à margem da sociedade, excluindo-se a violência estatal, costumam se preocupar mais com questões básicas para a sobrevivência, sempre em risco.

Trata-se de uma realidade distinta da dos membros da classe média — que nutre a ilusão de que o Estado burguês também a representa. Estes, que não lutam pela sobrevivência ou o fazem em condições muito superiores às da classe trabalhadora, temem a violência desesperada dos trabalhadores e do lumpesinato que aderiram à criminalidade.

Defesa da repressão

É esse temor — de que os esfomeados lhes tirem algumas esmolas — que a imprensa burguesa propagandeia para justificar o aumento da repressão. Está melhor expresso no parágrafo seguinte, transcrito do artigo em questão:

“A leniência do Brasil com o criminoso violento é notória. Não é verdade que o Brasil prende demais. Prendemos muito pouco. A figura tão comum do criminoso que ‘já tinha passagem pela polícia’ — por tráfico, agressão, homicídio — é o índice do fracasso de nossa segurança. Se não permaneceu preso depois da primeira passagem, é porque o sistema falhou, vitimando a população. O crime organizado domina territórios, negando a prerrogativa básica do Estado, que é o monopólio da violência. Motivos para se indignar não faltam.”

Trata-se de uma política inaceitável por qualquer indivíduo minimamente atento, considerando que o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo: 900 mil pessoas no segundo semestre de 2024. Qualquer interlocutor também questionaria essa posição ao considerar a profunda desigualdade social no País. Mesmo que o Índice de Gini não consiga expressá-la plenamente, é um dos principais indicadores e, no Brasil — mesmo com a leve redução em 2024 para 0,506 —, seguimos entre os países com maior desigualdade do mundo.

Daí a necessidade de evocar a “esperança” atrelada à repressão — o que dá à orientação política seu caráter “sofisticado”. Seguindo a norma das justificativas ditatoriais: endurecer o regime em nome do bem maior.

Combate ao fascismo, com fascismo

É interessante observar o quanto o texto está afinado com a orientação política do imperialismo, pedindo mais poderes ao Estado para atacar a extrema direita. O velho combate do fogo com fogo. Diferente de um incêndio florestal, porém,l esse método apenas endurece o regime e fortalece a própria extrema direita.

Em referência a Bolsonaro, o autor pontua: “São Paulo vai bem na foto, com 6,4. Mesmo somando as ‘mortes violentas sem causa determinada’ — estranhamente altas no estado desde 2018 —, ficamos na segunda posição nacional.” Sem explicar a causalidade da relação, limita-se a condenar o “extremo”.

Realiza o mesmo julgamento ao tratar de Nayib Bukele:

“O que a nova edição do Atlas nos mostra é que, mesmo com o quadro sombrio, há também iniciativas que vêm funcionando. Sendo assim, sonhos de rompantes violentos, de grupos de extermínio, milícias cidadãs armadas ou uma política à la Bukele de prender jovens em massa apenas por denúncias anônimas (o que seria impossível no Judiciário brasileiro), não deveriam nos distrair.”

Com discrição, o autor exerce o mandato imperialista de fortalecer o Estado burguês sob a justificativa de combater o fascismo. Neste caso, acompanhado por uma campanha de terror:

“E, mesmo assim, por onde quer que eu ande, com quem quer que eu fale, uma nova história de roubo. Os vídeos não param de chegar no zap. Roubo de carro no meio da tarde, roubo de celular na rua de casa, sequestro em pet shop, agressão numa padaria, latrocínio no parque.”

Imperialismo quer menos Bukele e mais PSDB

Há uma demagogia evidente em relação à extrema direita — no caso, Bukele — fundamentada no medo do imperialismo de perder o controle sobre a situação política. A burguesia é a matriz e mantenedora da extrema-direita. Se opta por não a utilizar em determinado momento, é por simples conveniência.

A orientação política está bem delimitada: aumentar a repressão ao estilo PSDB para mitigar a crise do regime político. No Brasil, além da ditadura imposta pelo Judiciário, há uma pressão gigantesca para que o governo Lula assuma aspectos dessa política.

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