Coluna

Esquerda ‘bem-pensante’ agora quer censurar até o ChatGPT

Espantosamente, desenvolvimento das forças produtivas é visto como vilão

Na última semana, tem ocorrido uma polêmica em torno do ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial que vem sendo cada vez mais utilizada. A polêmica foi desencadeada pelo uso da ferramenta para gerar imagens em estilo anime japonês, a partir dos modelos do famoso estúdio Ghibli.

A esquerda “bem-pensante”, mais uma vez, criou uma polêmica. Dessa vez, ela alega que o uso do ChatGPT consome muitos recursos ambientais, como energia elétrica e água. O que tem se alarmado é que, para gerar um texto de 100 palavras, a ferramenta consome em média 519 mililitros de água, a fim de resfriar a parafernália tecnológica e evitar superaquecimento. Consumo similar é verificado na energia elétrica, pois para gerar cada resposta de 100 palavras o ChatGPT consome em média 0,14 quilowatts-hora, o que seria suficiente para alimentar 14 lâmpadas LED durante uma hora. Assim, para essa esquerda, o recente uso intenso da ferramenta para gerar imagens estaria supostamente nos levando a uma catástrofe climática, potencialmente resultando no apocalipse. A conclusão deles é óbvia: não deveríamos usar o ChatGPT.

Nada poderia ser mais reacionário. A inteligência artificial, assim como outros desenvolvimentos tecnológicos, é uma conquista social, um avanço das nossas forças produtivas. Ser contra o seu uso equivale a ser contra o uso de outras tecnologias que revolucionaram nosso dia a dia, como energia elétrica, máquina de lavar, geladeira, computadores, celulares, dentre outros. Por exemplo, 40% do consumo de energia elétrica no Brasil é feito pelas indústrias. Alguém vai propor o fim das indústrias no país por causa desse consumo?

Alguém poderia argumentar que o ChatGPT está ligado a uma grande empresa, então não deveria ser utilizado, pois isso seria uma forma de combater o capitalismo. No entanto, essa lógica levaria a um impasse absurdo, pois praticamente todas as tecnologias modernas são desenvolvidas ou controladas por grandes corporações, desde os computadores e celulares até as plataformas de comunicação e os sistemas de transporte. Essa política pseudoesquerdista de boicote nunca apresentou algum resultado significativo, então é algo que deveria ser totalmente ignorado por pessoas sérias.

De mais a mais, é um cânone na perspectiva marxista que o trabalho braçal no futuro próximo poderá ser totalmente feito por máquinas, deixando o ser humano mais livre para se dedicar a outros tipos de trabalho e a atividades como a cultura e o lazer. Entretanto, para atingirmos esse patamar social é necessário que a tecnologia se desenvolva, e a tal esquerda com essa postura acaba se colocando contra o desenvolvimento das forças produtivas e, em última instância, da libertação do trabalho braçal.

Por fim, vale a pena dizer que a preocupação com o meio ambiente é legítima, mas qualquer tentativa real de frear a destruição ambiental dentro dos marcos do capitalismo está fadada ao fracasso. O próprio sistema depende do crescimento infinito, da exploração descontrolada dos recursos naturais e da maximização do lucro acima de qualquer consideração ecológica. A única forma de efetivamente levar essa luta adiante é derrubando o sistema capitalista e substituindo-o por uma organização social que coloque as necessidades humanas acima do lucro. Isso implica um modelo de produção e consumo planejado onde as decisões sobre o uso dos recursos naturais sejam tomadas pelos trabalhadores com base no bem comum, e não nas demandas do mercado. Apenas com uma ruptura radical, que enfrente de fato as estruturas de poder econômico, será possível reverter o cenário atual de destruição. Isso não será atingido através de posturas reacionárias como negar o uso de tecnologias, mas sim através de mobilização popular.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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