Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Coluna

A esquerda se tornou um antro de chatos

Enquanto a esquerda se torna a maior concentração de chatos da sociedade, a nova direita acumula o humor e as comemorações

Esse texto corre o risco de ficar pedante por ser quase um desabafo. Mas sei também que é a sensação de grande parte das pessoas, principalmente as que são de esquerda. Com o avanço do identitarismo e da política pró-imperialista em geral dentro da esquerda, o nosso campo político foi totalmente dominado pela chatice total.

Isso, inclusive, é uma enorme vantagem para a direita. Trump, por exemplo, é um cara com um grande senso de humor e presença de palco. Bolsonaro, em certos momentos, também. No campo da esquerda, até Lula, que era conhecido por seus discursos excelentes, agora se tornou um chato. Maduro, por sua vez, segue sendo o baluarte da esquerda na América Latina, até na luta contra a chatice.

Essa chatice pode ser dividida em dois campos principais. O primeiro, o do policiamento do discurso; o segundo, o do mundo sem vitórias políticas. A relação entre as duas é que ambas são fruto da subserviência ao imperialismo. Em outras palavras, para ser divertido é preciso se chocar com o imperialismo.

Em relação ao discurso, a realidade de chatice extrema é clara. Não se pode fazer piada com nada, hoje em dia dá até pena de prisão. Não se pode ser ofensivo. Não se pode discutir com bolsonaristas, não se pode discutir até mesmo dentro da esquerda. O ideal é que ninguém fale nada, só a Folha de São Paulo. A nós resta o trabalho de reproduzir o que dizem os bem-pensantes extremamente chatos.

Enquanto isso, a direita deita e rola com piadas contra “taxad”, contra “Canja”, contra o “bandido de 9 dedos, o nine”. Os iluministas, que usaram o humor para desmoralizar totalmente o absolutismo, ficariam chocados com o que se tornou a esquerda pequeno-burguesa hoje.

O segundo ponto é ainda pior. Isso porque essa esquerda acabou completamente com a alegria das vitórias políticas reais. Quando o Talibã venceu, ignoraram. Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, foram contra. Quando o Hamas conquistou a maior vitória do século, eles viram uma derrota! Com essa política, quem ficará animado para lutar?

Já os direitistas comemoram qualquer coisa. Eles nem mesmo entendem se estão vencendo ou não e ainda assim comemoram. Milei, por exemplo, não é do mesmo bloco de Bolsonaro. E daí? Soltaram fogos quando ele venceu. Le Pen levou um golpe na eleição da França, ainda assim a acenderam rojões. Trudeau caiu no Canadá, e eles também comemoraram. Eles entendem que de forma geral seu bloco político está avançando.

Cada pequeno avanço da chamada extrema-direita é encarado com uma enorme alegria. Mas e a esquerda? Comemora baboseiras irrelevantes junto à Rede Globo. A Rússia derrotou a OTAN, e daí? O STF, inimigo mortal dos trabalhadores, indiciou Bolsonaro, vamos soltar fogos financiados pelo Itaú!

Esse mundo chato da esquerda, que é, na verdade, uma das expressões de sua falência política total, abre margem para a vitória da nova direita. E nós, militantes da esquerda, ainda precisamos sofrer nesse ambiente de chatice extrema em que nada se pode dizer e nunca há vitórias reais.

Mas a esquerda que de fato luta contra o imperialismo tem o potencial de ser muito mais engraçada e divertida que os direitistas. A luta contra o imperialismo também é uma luta para salvar o humor!

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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