'Ainda estou aqui'

Nem Oscar, nem STF, nem Globo podem ‘incomodar o fascismo’

Vitória do filme brasileiro no Oscar aprofundou a crença da esquerda brasileira na farsa da 'luta pela democracia' propagada pelo imperialismo

O colunista do portal Brasil 247, Moisés Mendes, publicou uma coluna chamada O Oscar tem que incomodar o fascismo, sobre a vitória do filme Ainda estou aqui no Oscar.

O autor é mais um dos que acreditam que um filme pode mudar a situação política do país, mas essa não é a única ingenuidade.

“A conquista do Oscar de melhor filme estrangeiro será um desperdício político se for exaltada apenas como um feito do cinema e uma afirmação da arte nacional para as vitrines mundiais.”

Antes pudéssemos usar nosso tempo para discutir apenas os efeitos da conquista do Oscar apenas para a arte nacional. Seria uma discussão mais verdadeira. O filme mereceu ou não? O filme enquanto filme é bom ou não? Quem gostou? Quem não gostou? Pontos positivos e pontos negativos? Tudo isso seria uma discussão que talvez tivesse alguma relevância. Mas não é isso o que está sendo discutido nem pela burguesia que aplaude o filme, nem por setores da esquerda que estão repetindo aquilo que vêm falando os principais órgãos da imprensa burguesa no Brasil e, por que não, no mundo.

Os debates em torno do filme tornaram-se quase que exclusivamente políticos. E nesse ponto, prevalece uma confusão, como a expressa por Moisés Mendes.

“O Brasil antifascista precisa dar a essa vitória o alcance de um troféu que se transforma em arma em defesa da democracia. (…) O Oscar deve não só nos fortalecer para o resgate permanente de memórias do período da ditadura que o fascismo tenta esconder.”

A posição do colunista é exatamente, sem tirar nem por, a posição oficial que os capitalistas estão apresentando no mundo todo ao divulgar o filme. Seria um filme “a favor da democracia contra o fascismo”. Essa é a divisão do mundo que o imperialismo quer impor: “democracia versus fascismo”. Acontece que a “democracia” nesse caso é mais fascista do que os nomeadamente fascistas, no caso, estamos falando dos grandes capitalistas imperialistas, que é quem financia o Oscar e grandes produções cinematográficas. No caso, entre os “fascistas” não estão apenas os representantes da extrema direita, como Bolsonaro e Trump, mas também os governos da Rússia, da China, do Irã, da Venezuela etc.

Esse é o conteúdo da pseudo luta “democracia x ditadura”.

E não é difícil de entender isso. A enorme repercussão do filme de Walter Salles vem acompanhada justamente dessa propaganda. Mas não é apenas isso, o filme parece ter sido feito sob medida para defender essa política pró-imperialista, por isso foi financiado pela Rede Globo e pelo banco Itaú, representantes no Brasil do grande capital imperialista.

“O Oscar fortalece a luta que só começou no Supremo pela condenação dos torturadores que mataram e sumiram com os corpos dos que enfrentaram os ditadores, mesmo que a maioria dos assassinos já tenha morrido. 

“Esse Oscar tem que acossar ainda mais o bolsonarismo e pautar os confrontos com a extrema direita. Para que o golpismo deixe de ser tão ativo e seja abalado pelo incômodo das atrocidades cometidas pelos militares.”

O colunista não só acredita que o Oscar, esse enorme empreendimento da indústria capitalista, poderá resolver o problema da luta contra a extrema direita. Ele acredita que o STF, um dos órgãos mais reacionários do regime político, irá resolver o problema. Sua ilusão logo se desfaz no mesmo parágrafo: a maioria dos assassinos já tenha morrido. Tudo não passa de jogo de cena, os que mandam hoje no país são os mesmos que mandavam na ditadura. E não estamos, obviamente, falando dos bolsonaristas, que nesse sentido não passam de propagandistas da ditadura. Estamos falando do próprio STF, da Rede Globo, do banco Itaú etc.

O que o colunista não percebe é que sua política, ao tomar posição pela “democracia”, está alimentando os principais responsáveis pela ditadura militar, portanto, não por um fascismo que até agora foi mais da boca para fora do que real, mas pelo período de fato fascista da história recente do Brasil, a ditadura militar, apoiada e financiada pelos que agora cinicamente falam em democracia.

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