Leste europeu

Plano secreto para sabotar Rússia é revelado

Documentos obtidos pelo sítio The Grayzone expõem conluio entre acadêmicos e agentes de inteligência norte-americanos e ingleses, logo após a entrada das tropas russas na Ucrânia

Um plano clandestino e extremamente agressivo, elaborado por um grupo de acadêmicos militares a serviço dos interesses imperialistas, foi exposto por uma reportagem do sítio norte-americano The Grayzone, produzida pelo jornalista investigativo Kit Klarenberg, conhecido por suas colaborações com veículos como The Cradle e o libanês Al Mayadeen, entre outros. Klarenberg informa ter recebido os mesmos papéis entregues ao Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, mostrando como a escalada do conflito no Leste Europeu foi planejada com táticas que vão desde ataques terroristas inspirados “no manual do Estado Islâmico (EI)” até operações cibernéticas e sabotagens contra infraestrutura civil russa.

Concebidos sob a tutela da Universidade de St. Andrews, no Reino Unido, os documentos expõem um conluio entre acadêmicos e agentes de inteligência norte-americanos e ingleses, logo após a entrada das tropas russas na Ucrânia em fevereiro de 2022, que na época, arquitetaram um plano para “prolongar” o confronto “por quase todos os meios”, exceto o envio direto de forças americanas ou da OTAN. A ideia era clara: armar a Ucrânia como um peão descartável no tabuleiro político, enquanto se evitava qualquer responsabilidade oficial, utilizando terceiros para garantir o que chamaram de “negabilidade plausível”.

É o típico jogo sujo do imperialismo, que não hesita em sacrificar nações inteiras para manter sua ditadura. Segundo The Grayzone, as propostas incluíam desde o treinamento de expatriados ucranianos para operar mísseis antitanque Javelin e antiaéreos Stinger até o incentivo a ataques cibernéticos por “hackers patrióticos” contra sistemas russos, tudo sob a fachada de ações “voluntárias”.

Outro ponto do plano era inundar Quieve com drones de combate e aviões de caça pilotados por “voluntários não ucranianos”, evocando estratégias como a dos Tigres Voadores, grupo de pilotos americanos que lutou na Segunda Guerra Mundial antes da entrada oficial dos EUA no conflito. Muitas dessas propostas acabariam postas em prática pelo governo Biden, mostram o quanto o governo americano estava disposto a escalar o conflito com os russos.

O grupo por trás do plano era formado por figuras como Andrew Orr, historiador militar do estado norte-americano do Kansas, e Zachary Kallenborn, um autoproclamado “cientista louco” do Exército dos EUA, obcecado por drones e armas de destruição em massa. Liderados por Marc R. DeVore, da Universidade de St. Andrews, esse time apresentado por Klarenberg como “guerreiros de poltrona” entregou suas sugestões diretamente ao coronel Tim Wright, então diretor para assuntos russos no NSC. A troca de e-mails, revelada nos vazamentos, comprova como o imperialismo mobilizou parte da burocracia acadêmica para transformar a Ucrânia em um campo de experimentação de táticas terroristas e da chamada “guerra híbrida”, isto é, o uso combinado das mais variadas opções de ataque a um determinado alvo.

Conforme a reportagem, uma das ideias mais chocantes era modernizar artefatos explosivos improvisados (IEDs, na sigla em inglês), inspirados nos usados por insurgentes iraquianos contra tropas americanas, aqui, orientados para o ataque contra ferrovias, usinas elétricas e outras infraestruturas civis russas. Kallenborn, em especial, detalhou como “IEDs inteligentes” poderiam ser usados por uma força guerrilheira deixada para trás em território russo, maximizando danos com o uso de microcontroladores baratos e abundantes. Não sem razão, Klarenberg considera esse o tipo de método que o imperialismo adora, por ser barato, destrutivo e facilmente atribuída a terceiros, enquanto os mandantes lavam as mãos.

A guerra psicológica também estava no cerne do plano. Os documentos revelados por The Grayzone sugerem inundar a população russa com propaganda ao estilo do Estado Islâmico, usando vídeos de ataques e baixas para desmoralizar civis e soldados. A proposta era explícita: “Precisamos pegar uma página do manual do EI”. Essa tática, combinada com ataques cibernéticos coordenados por “voluntários” – que, na prática, serviam de cortina de fumaça para ações estatais ocidentais –, reflete a falta de escrúpulos de quem planejou essa ofensiva. Não se tratava apenas de apoiar a Ucrânia, mas de transformar o conflito em uma guerra total contra a Rússia.

Segundo The Grayzone, muitas dessas recomendações foram adotadas, como o envio de drones comerciais adaptados para carregar explosivos e a entrega de caças por países do Leste Europeu, negociada com promessas de armamento imperialista. No entanto, nem tudo saiu como planejado: os drones Bayraktar TB2, por exemplo, foram neutralizados pelas defesas russas, e os tão esperados F-16, alardeados como “divisores de águas”, chegaram em número insuficiente e com pilotos despreparados, levando a acidentes e frustrações. Mesmo assim, o impacto dessas ações foi sentido, com ataques profundos em território russo que levantam suspeitas sobre a participação direta de pilotos oriundos de países membros da OTAN, mais habituados à aeronave e operando disfarçados de “voluntários”.

Por fim, o que os documentos revelam é a essência do imperialismo em ação: um plano meticuloso para desestabilizar a Rússia, usando a Ucrânia como bucha de canhão e terceirizando a execução para evitar impressões digitais. A frieza dos acadêmicos, confortavelmente instalados em seus escritórios a milhares de quilômetros da frente de batalha, contrasta com o sofrimento de milhões de ucranianos lançados ao massacre. Três anos após o início do conflito, com uma geração dizimada, fica evidente que o objetivo nunca foi a “independência” da Ucrânia, mas sim o enfraquecimento da Rússia a qualquer preço.

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