Uma pesquisa divulgada pelo sítio Poder 360, feita pelo Instituto Locomotiva, mostra que 72% dos brasileiros da Classe C — de famílias com renda de 4 a 10 salários mínimos — decidiram pagar por consultas ou exames (ou conhecem alguém que fez o mesmo) devido à demora no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
O levantamento divulgado nesta sexta-feira (21) revela também que 92% dos 1.500 entrevistados, ouvidos entre 19 e 21 de novembro de 2024 em todo o Brasil, apoiam a criação de um plano de saúde privado apenas para consultas e exames ao preço aproximado de R$ 100 por pessoa. Segundo o Poder 360, o tema está em debate na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Além disso, 94% dos entrevistados dizem que a espera prolongada para consultas e exames no SUS coloca vidas em risco. Entre os entrevistados, 72% já pagaram ou conhecem alguém que pagou por consultas ou exames devido às filas. Outros 64% tiveram piora na saúde ou conhecem alguém que teve, também em razão da espera.
Já 47% afirmam que tiveram ou conhecem alguém que teve uma doença evitável devido às filas. Além disso, 38% desistiram de consulta com generalista ou conhecem alguém que também desistiu por conta da demora. Por fim, 32% desistiram ou conhecem alguém que desistiu de consulta com especialistas e acabaram pagando por elas.
“Esse comportamento não é uma escolha, mas uma necessidade diante da demora no sistema público”, afirmou ao Poder 360 Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. “A defesa do SUS, ainda mais depois da pandemia, é quase uma necessidade civilizatória”, disse Meirelles. “A demora, muitas vezes, faz com que o diagnóstico atrase. Doenças que poderiam ser facilmente tratadas acabam se agravando e gerando um custo muito maior para o sistema”.
Em um País onde a maioria da população recebe em torno de um salário mínimo (pouco mais de R$1.500), o SUS é extremamente necessário. No entanto, há anos esse sistema sofre com defasagem, listas de espera, demora no atendimento, entre outros problemas. Se é essencial para a população que recebe um dos menores salários do mundo, por que a situação é essa, se o Brasil é um dos países mais ricos do mundo?
Uma das respostas mais importantes é dada pela Auditoria Cidadã da Dívida Pública. Todo ano, a ACD divulga um gráfico mostrando claramente como está sendo gasto todo o dinheiro arrecadado pelo governo federal. Em 2024, por exemplo, quase metade desse montante foi destinado a uma pequena casta de banqueiros e especuladores que literalmente roubam o povo brasileiro.
“Em 2024, o governo federal destinou, mais uma vez, a maior fatia de seu orçamento para o pagamento de juros e amortizações da chamada dívida pública. Cerca de R$ 2 trilhões, que representam quase 43% de todos os gastos federais, foram direcionados ao pagamento de uma dívida que não tem servido para investimentos no Brasil, como já afirmou o Tribunal de Contas da União”, informou o sítio Monitor Mercantil, com base nos dados da ACD.
“O gráfico elaborado anualmente pela Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), produzido com dados oficiais divulgados pelo governo federal, aponta que áreas fundamentais para a sociedade brasileira receberam uma parcela ínfima em 2024, destacando-se a Educação (2,95%), a Saúde (4,16%) e a Gestão Ambiental (0,3%)”, afirma o Monitor Mercantil.
Ou seja, o sucateamento e a falta de investimento em setores essenciais para a população ocorrem porque o país segue pagando uma dívida que, em sua essência, é uma farsa completa. Outro ponto importante é que, neste momento, setores ligados diretamente ao Ministério do Meio Ambiente seguem impedindo a exploração do petróleo na Margem Equatorial.
A estimativa é que o volume de petróleo na Margem Equatorial seja superior a 30 bilhões de barris, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Todo esse petróleo, que deveria ser explorado imediatamente, serviria para investimento e desenvolvimento do país, beneficiando diretamente o SUS e toda a população brasileira.
