Palestina

Como o ‘dizimado’ Hamas conseguiu forçar um cessar-fogo?

Esquerdista repercute parte da propaganda sionista, dizendo que 'Israel' teria 'dizimado' o Hamas, sem explicar, no entanto, de onde veio a força para impor o cessar-fogo

Em artigo publicado no sítio Prensa Obrera e intitulado Anuncian un principio de acuerdo de cese al fuego entre Hamas e Israel, Gustavo Montenegro faz umas análise sobre a situação em Gaza que parece favorável à Resistência, porém, ao sugerir que “Israel” conseguiu “dizimar” o Hamas, não apenas derrapa na realidade, mas também termina apoiando a propaganda mentirosa da imprensa imperialista e sionista. Diz Montenegro:

“O pacto também marcaria, caso se concretize, um fracasso de Israel em aniquilar o Hamas e a Resistência Palestina, como era a intenção declarada do primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu. Seria também uma repreensão à ala de seu governo (Smotrich, Ben Gvir) que promove abertamente a recolonização do enclave. Por mais que Israel tenha reduzido Gaza a cinzas e dizimado as organizações armadas, não foi capaz de derrotá-las completamente, o que mostra a extensão da resistência do povo, apesar do apoio ativo da Casa Branca e das potências europeias. Agora será necessário acompanhar o desenvolvimento das negociações e se a retirada total e efetiva de Israel das fronteiras do enclave costeiro será alcançada. De qualquer forma, essa é uma conquista heroica da Resistência Palestina, que estava completamente isolada pelas burguesias árabes.”

Em primeiro lugar, embora tenham lutado sozinhos em Gaza, o Eixo da Resistência organizado pelo Irã jamais deixou de apoiar os companheiros palestinos, com o próprio país intervindo em algumas situações, onde ficou comprovada aos olhos do mundo a superioridade da tecnologia de mísseis do governo islâmico revolucionário. Não apenas o Irã.

Ao longo dos 15 meses de conflito, outras forças da Resistência dedicaram-se a apoiar os revolucionários palestinos, impedindo “Israel” de concentrar suas forças em Gaza. É o caso do partido libanês Hesbolá, que atacou duramente o norte do enclave imperialista, levando a um êxodo de sionistas na região, com cifras variando entre 60 mil a 300 mil residentes da região.

No Mar da Arábia – importante via de comunicação marítima entre a Ásia e a Europa -, o governo iemenita liderado pelo partido revolucionário Ansar Alá simplesmente fechou a navegação para embarcações norte-americanas, britânicas e claro, israelenses, em apoio à Gaza. Os iemenitas obrigaram os EUA a retirarem o super-porta-aviões de propulsão nuclear USS Abraham Lincoln da região, após ataques com drones bem sucedidos contra a caríssima nave militar.

Após o acordo de cessar-fogo entre “Israel” e o Hesbolá, o Iêmen se manteve firme na luta contra a ditadura sionista. O mesmo pode ser dito de outras forças da Resistência, no Iraque e em outros países, que embora em uma escala mais limitada, não deixaram de atuar, demonstrando que o apoio a Gaza contra o enclave imperialista unificava todo o Mundo Árabe e o Oriente Médio, apesar da corrupção de governos submissos aos EUA como o Egito, Jordânia e Arábia Saudita, que se bem ajudaram “Israel”, demonstraram não ter forças para enfrentar a mobilização popular em defesa dos palestinos, especialmente no Egito e na Jordânia.

Ainda, a ideia de que o regime sionista teria conseguido um golpe decisivo contra o Hamas não passa de uma tentativa de encobrir o fracasso do próprio governo de Benjamim Netaniahu. Se, de fato, o Hamas estivesse “dizimado”, o mais lógico seria concluir a ofensiva militar para assassinar os militantes restantes, especialmente após tantos meses de destruição em Gaza. No entanto, o que vimos foi justamente o oposto: “Israel” não só não conseguiu erradicar o Hamas, como foi forçado a aceitar um cessar-fogo.

A propaganda de que “Israel” impôs baixas significativas ao Hamas serve para justificar a continuação do genocídio e as ações de uma política imperialista que, no entanto, falhou em seu propósito estratégico. A verdadeira razão pela qual o pacto foi alcançado é simples: os EUA e a União Europeia perceberam que o custo de uma continuação da guerra seria ainda mais insuportável, não só para “Israel”, mas para todo o equilíbrio político mundial.

O fracasso sionista em derrotar a Resistência Palestina é patente, e a aceitação do cessar-fogo não é um sinal de vitória, mas sim uma clara admissão de que a erradicação do Hamas desejada por “Israel” e amplamente difundida pela ditadura sionista, no final, é impossível. Mais importante ainda é o fato de que a Resistência Palestina, longe de ser destruída, tem se fortalecido ao longo dos últimos meses.

O Hamas não só sobreviveu à brutalidade do ataque israelense, mas também viu sua influência crescer, algo que qualquer análise imparcial dos fatos deve reconhecer. Em nenhum momento o povo palestino esteve completamente isolado. A Resistência, mesmo diante do cerco imposto pelos sionistas, se manteve firme e, ao contrário do que sugerem suas críticas, tem sido uma força crescente contra a opressão.

Portanto, o que estamos testemunhando não é uma vitória de “Israel”, mas um reconhecimento de sua falência estratégica. Se o governo de Benjamim Netaniahu tivesse realmente conseguido derrotar a Resistência Palestina, o cessar-fogo não seria sequer cogitado.

O fato de o enclave imperialista ter sido forçado a aceitar esse acordo é a prova de que, ao contrário do que a propaganda favorável sionista que tenta emplacar, o Hamas continua firme e, com a vitória conquistada, seu crescimento e influência devem se expandir em progressão geométrica. Nas mais conservadoras estimativas, o partido revolucionário teria ganhado cerca de 15 mil novos militantes, estando hoje mais forte do que nunca.

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