Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Coluna

O Estado deve sim financiar a defesa de líderes do tráfico

A música produzida com fundo eleitoral para a propaganda do MBL é muito mais nociva para o Brasil do que qualquer funk; nenhuma das duas deve ser censurada

Uma grande polêmica que foi levantada na última semana foi a tentativa do MBL de censurar as músicas que fazem “apologia ao tráfico de drogas” e às “facções criminosas”. O fato de Kim Kataguiri ser quem propôs a lei já mostra seu caráter reacionário. O Projeto de Lei se chama “anti-Oruam”, pois Oruam é filho de Marcinho VP, um ex-líder do Comando Vermelho, atualmente preso. É uma política moralista e ditatorial, uma política voltada para recrudescer ainda mais a censura a longo prazo e para aumentar o clima de repressão no Brasil.

Mas sem entrar no mérito dos objetivos políticos do MBL, uma questão deve ser discutida antes: o Estado deve financiar músicas que defendem facções criminosas? A resposta é simples: sim. O Estado não pode ter um código moralista do que pode ou não ser dito pelos artistas. A arte é um terreno onde deve reinar a máxima liberdade de expressão, e a arte deve ser financiada pelo Estado. Se o eu lírico defende o CV, o PCC, ou muito pior, o MBL, a Polícia Militar, o STF, os Estados Unidos, ou o Estado de “Israel”, ele não deve ser censurado.

A política dos marxistas para a arte é simples: toda licença em arte. É dessa liberdade que surgirão as grandes obras do mundo moderno. O Estado deveria investir centenas de bilhões de reais em todo o tipo de cultura em todo o país. Ou seja, financiaria todo o tipo de obra com diferentes conteúdos. Em muitas favelas, o tráfico é algo corriqueiro; obviamente, isso seria um tema frequente em músicas, como já é. Mas com o investimento em massa, isso seria apenas um dos aspectos da cultura, e não teria tanto destaque quanto possui hoje.

Além das pessoas que querem falar sobre o crime, o financiamento em massa do Estado levaria a arte a tratar de todo tipo de assunto. Tanto os tradicionais, como as músicas de amor, até músicas muito políticas, algo extremamente positivo. Ao mesmo tempo, levaria ao financiamento de setores que defendem a política da direita. No quadro atual, por exemplo, a direita é muito forte no mundo da comédia; eles também receberiam financiamento.

Por fim, é preciso deixar claro: o crime organizado é um bicho-papão da extrema direita. Ele passa longe de ser o maior problema do Brasil, não entra nem mesmo na lista dos 10 maiores problemas. Financiar músicas que defendem as facções criminosas, portanto, não é nada demais. O artista que faz o jingle de Kim Kataguiri é muito mais nocivo para a sociedade, por exemplo, e ele é financiado pelo fundo eleitoral.

É óbvio que aqueles que produzem músicas para o MBL, para o Itaú, para a Rede Globo e todos os grandes males do Brasil não devem ser censurados. Da mesma forma, os que defendem problemas muito menores como o PCC e o CV não devem ser vítimas de nenhuma censura. A liberdade de expressão deve ser irrestrita também na arte. Os moralistas e censuradores são os grandes inimigos da cultura. Essa é a política da extrema direita; ela deve ser extirpada da cultura.

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